27 de jan. de 2005

Forum Social Petista

A marcha de quase duzentas mil pessoas mostrou que os jovens enchergam longe, mas têm dificuldades para ver ao redor. Enquanto atacavam Bush e suas aventuras militaristas, os petistas empregados do Planalto aplaudiam o mesmo Lula que declarou preferir Bush a John Kerry. Ficam brandindo bandeiras contra a Coca-cola mas aplaudem um presidente que fez uma opção preferencial pelos bancos. Declaram que um "outro mundo é possível", mas aplaudem o presidente que pretendeu mudar e só mudou o avião e a si mesmo.
A ironia do destino. Enquanto no ClicRBS as vaias teriam sido um fato secundário, n'O GLOBO a informação foi contundente até na manchete: "Lula é vaiado no Fórum Social", complementado com a declaração do companheiro democrata: 'Esse ruído sai da boca dos que não têm paciência para ouvir a verdade'.
O Forum virou um evento oficial de petistas porque os petistas com os cargos à mão abdicaram de sonhar. Cegos como eu não haviam notado que a new classe petista do estilo Tarso Genro sonha a "utopia do possível", com um olho fechado para os estelionatários e outro aberto para o oPorTunistas.

Sejamos práticos

O filme Mediterrâneo, de Giuseppe Tornatore, mostra um aviador italiano, no final da guerra, falando aos seus colegas isolados numa ilha grega:
- Voltemos à Itália. Há uma grande confusão por lá. É um momento de grandes oportunidades...
O engenheiro brasileiro sumido no Iraque (João José Vasconcellos) não deve ter visto o filme. Os EUA invadiram o Iraque sem qualquer motivo, pelo menos confe$$ável. Como engenheiro, não entendeu a arquitetura do plano. A subsidiária americana da Oldebrech, contratada pelo Exército Ianque, viu lá "grandes oportunidades", só que ao invés de americanos jogou às feras um brasileiro. Na verdade, os soldados americanos ou são negros ou imigrantes... Bem, para o brasileiro, com ele sumiram as grandes oportunidades.
Não custa nada perguntar o que este cara estava fazendo lá? Agora meio mundo está preocupado com o que pode ter acontecido ao aventureiro. O engenheiro agiu com a mentalidade da propriedade privada brasileira, sem pensar nos riscos. Em havendo, o problema é do Itamarati. Vai para um país invadido, hostil aos invasores e "con$trutore$", e agora a família vem com esse papo malemolente. Eu sei que no Morro da Cruz é perigoso, não subo lá... Todos os dias, milhares de brasileiros são mortos seja pela violência cotidiana, seja nas estradas abandonadas pelo poder público. Explica-se, rico não viaja de carro, viaja de avião... Um Brasil desmantelado é um lugar de "grandes oportunidades" para estelionatários e petistas. Lula já provou que são é a mesma coisa.
No Natal de 1944, no auge do bombardeio de Berlim, a recomendação era: "seja prático, dê um caixão". Sejamos práticos, mandemos caixão aos invasores do Iraque.

18 de jan. de 2005

Sou insensato

Cristóvão Buarque *
No regime militar, muitos acusados respondiam que, "se ser comunista é acreditar em um Brasil sem exploração, soberano, com igualdade, sou comunista, graças a Deus". No regime soviético, a situação foi simplificada: os suspeitos passaram a ser acusados de loucos e presos em hospitais psiquiátricos. A democracia do Brasil, neste começo de 2005, está caminhando mais para a estratégia soviética do que para a militar brasileira. O ministro da Educação, discordando de uma proposta chamada de "federalização da educação básica", em vez de argumentar contra, simplesmente chamou-me de insensato. O que, segundo o "Aurélio", quer dizer "demente; louco; que não revela bom senso".
Como os judeus, que, na Espanha de Isabel e Fernando ou na Alemanha de Hitler, afirmavam -"sou judeu"-, ou como os brasileiros no regime militar diziam "sou comunista", eu digo: sou insensato.
Sou insensato porque acredito que o berço da desigualdade na idade adulta está na desigualdade no berço da criança. Sei que é insensato ir contra a corrente economicista ao defender que a porta da igualdade é a educação que complementa o berço, e não a fábrica que complementa a renda.
Sou insensato porque acredito ser possível dar a cada criança brasileira uma escola com o mesmo padrão de qualidade, independentemente da cidade onde nasceu. Sei que é uma insensatez querer que uma criança nascida no município de Centro do Guilherme, no Maranhão, onde a renda média per capita é de R$ 28 mensais, tenha direito a uma escola com o mesmo padrão de uma criança nascida em Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo, cuja renda média per capita é de R$ 955 mensais. Sei que é insensato achar que, em um país tão desigual, as crianças deveriam ser tratadas como brasileiras, com direitos iguais, e não como municipais, com direitos diferenciados.
Sou insensato porque, considerando a realidade da desigualdade nas rendas de nossas cidades e o desinteresse pela educação por parte de vários dos nossos prefeitos, essa igualdade de oportunidade educacional só será possível se a educação básica for uma preocupação federal, não apenas municipal ou estadual. Sei que é insensato imaginar que o governo federal, que financia totalmente as universidades e as escolas técnicas federais e, com isenções fiscais federais, parte das universidades e escolas privadas, vá assumir responsabilidade pela educação básica dos filhos dos pobres.
Sou insensato porque acredito que o Brasil deva definir três pisos obrigatórios para todas as escolas brasileiras: um piso de salário e formação do professor, um piso de instalações e equipamentos pedagógicos e um piso de conteúdo para cada disciplina em cada série.
Sei que é insensato acreditar que toda escola deve ter banheiro e luz elétrica, chão de cimento, paredes de tijolo, teto de telha e contar com um mínimo dos modernos equipamentos disponíveis no Brasil. Sei que é insensata a idéia de estabelecer um piso salarial mínimo para todos professores, vinculado a exigências mínimas de conhecimento, e querer que uma criança pobre tenha conhecimento básico da língua portuguesa equivalente aos filhos da elite.
Sou insensato, pois defendo que, para a execução dos três pisos da educação básica brasileira, assegure-se vaga na escola a partir dos quatro anos de idade até o final do ensino médio, e que haja uma lei de responsabilidade educacional que obrigue cada prefeito a cumprir as metas traçadas para a educação das crianças que vivem em sua cidade. Sei que é insensatez querer tratar com o mesmo rigor a responsabilidade educacional e a responsabilidade fiscal.
Sou insensato também porque defendo que, para isso, o governo federal precisaria ter aumentado em R$7 bilhões os seus gastos com educação básica em 2005. Sei que é uma insensatez defender que é possível reduzir as despesas do governo federal em 1%, mantendo intactos os pilares da política econômica; sei que é insensatez acreditar ser possível combinar a responsabilidade federal com a manutenção da descentralização gerencial das escolas, a cargo dos municípios e até mesmo dos pais e da sociedade, e prever que assim o Brasil poderia chegar ao nível de países como Costa Rica, Argentina, Chile e Coréia do Sul não em cem ou 50 anos, mas em apenas 15. Comemoraríamos o segundo centenário da Independência com uma educação igual à desses países.
Sou insensato porque continuo defendendo hoje o que comecei a implantar já em 2003, com os programas de Formação Continuada e Certificação Federal de Professores e o de Implantação de Cidades Ideais na Educação Básica - Escola Ideal, tendo deixado, para o ano de 2004, R$ 360,4 milhões no Orçamento para esses dois programas. Era o começo de uma federalização que estaria completa em 2015. Mas só R$89,2 milhões, ou 24%, foram gastos. E o insensato sou eu.
Talvez esta seja a maior prova de minha insensatez: não mudar o discurso antes, durante nem depois do exercício do poder. Mesmo sabendo que o título deste artigo será usado contra mim, por qualquer marqueteiro, em futura eleição. Definitivamente sou um insensato, graças a Deus e à minha consciência.



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Cristovam Buarque, 60, doutor em economia, é senador pelo PT-DF. Foi reitor da UnB (1985-89), governador do Distrito Federal (1995-98) e ministro da Educação (2003-04).

13 de jan. de 2005

Tornado

O o escorpião Tarso Genro já liberou seus amestrados para iniciar campanha para o Governo do RS. Coitado, com a gestão privatizante da educação, um governo Tarso seria pior que tornado para o Rio Grande.
Os tornados causam desastres pela sua "natureza", TARSO, também! Contra a natureza não há remédio. Contra a burrice, só educação. Quem destrói a educação pode ser considerado um fenômeno natural, nada humano.