30 de dez. de 2005

Bush dá razão a Fidel, infelizmente!


Depois de um ano guardado em segredo pela "imprensa livre e independente" do país "mais democrático e liberal" do mundo, veio enfim a público a informação de que o Governo dos EUA, diga-se Bush, em conluio com as empresas de telecomunicações, espionou e prendeu cidadãos sem o devido processo legal. O grande chefe branco diz que os fins justificam os meios, já que o combate ao "terrorismo dos outros" legitima qualquer ato seu. Até aqui, tudo muito parecido com as justificativas de Fidel Castro para se perpetuar ao poder, com pelo menos três diferenças: 1ª) o Furacão Katrina mostrou que nos EUA há cidadãos e cidadãos; 2ª) Guantánamo fica em Cuba, mas a tortura que lá se comete é americana; 3ª) o terrorista Luis Posada Carriles, que derrubou um avião cubano lotado de passageiros de outras nacionalidades, recebeu abrigo e proteção do governo Bush.
O conluio das empresas telefônicas com o terrorista Bush indica que a EMBRATEL, que o professor Cardoso doou aos americanos sem mesmo a necessidade de trocar de nome, pode estar fazendo o mesmo aqui. Aliás, se lá onde as instituições públicas ainda tem um relativo grau de funcionamento, imagina o que não estão fazendo por aqui.
A desfaçatez americana nunca teve limites, basta ver o histórico de participação da CIA nos golpes militares nas várias partes do mundo e na América Latina em particular. Dois exemplos recentes: o apoio aos golpistas venezuelanos de Pedro Carmona, para derrubar o governo eleito democraticamente de Hugo Cháves, e as ameaças contra o recém-eleito Ivo Morales, da Bolívia.
Então, de que democracia americana estamos falando?

22 de dez. de 2005

De tanto bater, meu coração parou

Um belo filme francês (De battre mon coeur s'est arrêté), mas não é este o tema. Diz o ditado que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, mas meu coração é mole, muito mole. E bate desavergonhadamente. Pra que tanto sacrifício se minha cara impede de vê-lo. Fantasia, mais vale batidas a mais que emoção de menos. Vida curta, alegria eterna. Ou, é melhor um dia de leão que a eternidade de cordeiro. As diamantes são para sempre, e daí. Eles não têm emoção, não amam, não choram, não desviam o olhar.
A emoção ainda é a melhor lembrança. Parada obrigatória, só a do coração. O resto é seguir em frente, com serenidade. E, como Quintana, não perder as estribeiras:

"Se as coisas são
inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença distante das estrelas!"

 



Bom final de ano e que venha 2006!

20 de dez. de 2005

Sugestão de Pauta

O Céu é o limite!
Estou esperando para qualquer momento uma nota conjunta do PFL & PSDB, nos seguintes termos: Hugo Chaves financiou campanha de Evo Morales". Afinal, o novo Presidente da Bolívia é um Hugo Chavez, um Lula pré-assassinato da esperança.
Mais tardar a edição de fim de semana da revista dos boçais, a VEJA, deve trazer reportagem apontado aviões, pessoas e contas. Ela, com CIA nas coxas, sabe de tudo, inclusive o que não é mais gostaria que fosse.
Arthur Virgílio e Jorge Bornhausen andaram nervosos, ao celular. Ouvi um nome, parecia Pedro Carmona. E coisa e tal sobre essa raça. Sei lá, será que eu também ando vendo coisas... Para os sonhadores o céu é o limite. Para golpistas, também.
Mistura fina: VEJA, BORNHAUSEN, RAÇA.

19 de dez. de 2005

"Essa eleição não é para aventureiros."

O atual governador do Rio Grande do Sul, até que enfim, tomou uma decisão sábia, se excluiu do processo eleitoral para a Presidência. A declaração em entrevista para a Folha de São Paulo, em 19/12/2005, de que "essa eleição não é para aventureiros" comporta, além da própria exclusão, de que as outras eleições eram para aventureiros. Bem. Nesta o aventureiro foi e é Lula, o que, convenhamos, acertou na mosca, ou no moscão. Antes o aventureiro foi o professor Cardoso, de quem "seu" Rigotto foi legítimo líder no Congresso.
Como se pode ver, ele entende do riscado. E aventureiro por aventureiro, por que não um que trouxe o descalabro para o Rio Grande. De aumento, só a violência.
O que Rigotto não disse mas quem tem dois neurônios sabe, é que está se lançando para a Presidência para melhor se cacifar para a reeleição no Estado. Nesse tranco, pode acabar onde começou, em Caxia do Sul. Oxalá!

18 de dez. de 2005

Musse de xuxu

"Arranje um trabalho para o meu filho, para a minha irmã, para a minha mãe". Esse é o nosso desafio. Geraldo Alckmin, na Folha de São Paulo, 18/12/2005.

Vem aí o pai do emprego... para a família. Não vai sobrar Alckmin desempregado. Lula criou os cargos, Alckmin distribuirá... entre os seus...
E assim se constrói a história do patrimonialismo brasileiro. Nada demais. Já existe no judiciário, em boa parte dos órgãos públicos. Se faltava apenas como política de governo, agora já está na baco de um dos principais representantes da apropriação do Estado pelo poder privado, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. E não poderia vir de outro partido. O professor Cardoso foi pródigo com familiares. (Filha bastardo não conta. Para estes, desde os tempos do império, só o degredo). Uma filha foi secretária particular, a outra ganhou empresas privatizadas. Aliás, há algum ex-Ministro de FHC que não tenha conseguido emprego nas empresas doadas às privadas?!

13 de dez. de 2005

GESTAPO AMERICANA

13/12/2005
A guerra secreta dos EUA: no rastro da CIA
Desde o 11 de Setembro a CIA exerceu um papel vital na guerra contra o terror. Mas que papel é esse? Operando nas sombras, o serviço secreto americano recebeu amplos poderes do governo Bush, que incluem assassinato, seqüestro e tortura - parte 1

Manfred Ertel, Erich Follath, Hans Hoyng,
Marion Kraske, Georg Mascolo e Jan Puhl



Leia também:


Parte 2 - Cheney fica no lado negro


Parte 3 - Torturados até a morte pela CIA


Parte 4 - Vôos obscuros pela Europa


Parte 5 - Sem mortes nem processos


NYT - Bush mantém oposição a lei antitortura

Sábado, 15 de setembro de 2001, quatro dias depois dos ataques terroristas a Nova York e Washington. O presidente George W. Bush se retira com os assessores mais próximos para Camp David, para escapar do caos da semana e desenvolver os primeiros planos para enfrentar o novo e inédito desafio dos EUA.

À tarde, o então chefe da CIA, George Tenet, distribui uma pasta a todos os participantes da cúpula de crise. Chama-se "Indo à guerra". Dentro estão os primeiros esboços da próxima guerra ao terrorismo. No canto superior esquerdo da pasta há um círculo vermelho dentro do qual está um retrato de Osama bin Laden cortado por uma linha preta.

Tenet quer partir para a ofensiva. E sua lista de prioridades é ambiciosa. Objetivo número 1: destruir a Al Qaeda e fechar as zonas de segurança do grupo terrorista, onde quer que estejam.

Segundo Bob Woodward, em seu livro "Bush at War", essa é uma lista com poderes muito amplos garantidos às autoridades que combatem o terror mundial. Tenet não recua. Ele pede que seus agentes recebam autorização para eliminar a Al Qaeda sempre que a CIA localizar seus membros. Ele quer carta branca para operações clandestinas sem ter de passar pelo longo processo de autorização.

Além disso, os agentes da CIA deveriam voltar a ter autoridade para matar --um poder que foi retirado dos agentes da inteligência americana em 1976 pelo presidente Gerald Ford.

Também está na lista de Tenet um pedido de milhões de dólares para comprar agentes secretos estrangeiros. Especificamente, Tenet achava que agentes do Egito, Jordânia e Argélia poderiam ajudar a CIA a localizar e eliminar a Al Qaeda.

Três dias depois, Bush assina uma diretriz presidencial cujo texto exato só alguns americanos conhecem até hoje. Ponto a ponto, os pedidos feitos pela CIA foram concedidos, e com isso o documento tornou-se o primeiro tiro disparado na guerra mundial ao terrorismo. Bush ordenou que a CIA fosse a primeira no novo front. As agências secretas americanas estavam liberadas.

Quatro anos depois, os serviços de inteligência americanos --e especialmente a CIA (o "carro-chefe do negócio ... aonde você vai se quiser o padrão de ouro", segundo o novo diretor do órgão, Peter Goss)-- tornaram-se uma das armas mais polêmicas no combate ao terror.

O exército mais poderoso da história do mundo tornou-se uma força de ocupação no Iraque, e por sua mera presença atraiu toda uma nova geração de mujahedin; mas a comunidade de inteligência de Bush lutou sua parte da batalha sob o aparente lema: "O fim justifica todos os meios".

Os agentes secretos de Washington, cujo desdém pelas normas legais internacionais até os anos 70 lhes granjeou a reputação de americanos feios, estão de volta ao palco político internacional. Nem todo mundo está feliz em vê-los.

E Bush está usando todas as ferramentas de que dispõe. Avaliado por números e capacidade, o gigantesco aparato do serviço secreto americano parece tão onipotente quanto o dos militares: 15 agências com 200 mil empregados e um orçamento anual de cerca de US$ 40 bilhões. A soma representa mais que o gasto total da maioria dos países com os militares.

Os satélites dessas agências podem ler placas de automóveis do espaço --e a mais nova geração desses satélites espiões avançados é tão sofisticada quanto o Telescópio Espacial Hubble. Mas, em vez de bisbilhotar as profundezas do universo, eles olham para o que acontece aqui na terra.

Todos os dias, analistas desse exército secreto entregam suas descobertas a superiores e, na forma do Briefing Diário Presidencial, ao próprio presidente Bush. É uma espécie de jornal diário supersecreto --com circulação severamente limitada--, com 12 a 30 páginas. É a coisa mais importante que você tem de ler todo dia, disse Bush pai --que foi chefe da CIA por um ano-- a seu filho Bush Jr. quando assumiu o cargo.

Mas a guerra secreta não termina com as agências de espionagem americanas. Da mesma forma, nas sombras --às vezes operando dentro da lei internacional, às vezes fora dela-- estão as forças especiais militares americanas. O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, as envia em missões ao redor do mundo; elas talvez já estejam, como dizem alguns, operando no interior do Irã, que continua sua busca por armas nucleares.

Ashton Carter, que foi secretário-assistente de Defesa de Bill Clinton, diz que ficaria "surpreso e desapontado" se medidas secretas ainda não tiverem sido tomadas contra o programa de armamentos do Irã.

E, onde o pessoal americano não pode ir, a rede mundial da Agência de Segurança Nacional (NSA) pode bisbilhotar. A NSA habitualmente escuta a ONU em Nova York --o secretário geral da ONU, Kofi Annan, pelo menos por algum tempo, foi um dos alvos principais da agência, segundo James Bamford, um especialista em NSA.

Uma das mais novas armas do arsenal do serviço secreto chama-se "geolocalização". Quando satélites localizam um suspeito através de um sinal de telefone celular, por exemplo, forças especiais ou aviões de guerra podem atacar rapidamente. A tecnologia tornou-se tão precisa que celulares podem ser localizados num raio de um metro.

De fato, a capacidade de localizar um alvo precisamente foi instrumental para se matar o chefe militar da Al Qaeda Mohammed Atif, em sua casa perto de Cabul em novembro de 2001, ou se prender o assessor de bin Laden Abu Subeida no Paquistão. Mas o sistema também comete graves erros. Em 2002 no Afeganistão, por exemplo, bombardeiros mobilizados às pressas despejaram sua carga sobre uma festa de casamento em vez de uma reunião de terroristas.

O chefe da CIA, Goss, que foi agente da CIA durante dez anos antes de entrar na política, incentiva seus agentes a assumir riscos. "E quando der errado eu os apoiarei", ele disse. Goss mandou seus agentes com poderes mortíferos e sacolas cheias de dólares para operações em todo o mundo, nas quais eles também têm autoridade para chamar poder aéreo. Ou podem chamar um Predator --aviões teleguiados armados de foguetes Hellfire controlados a laser.

Gestapo americana

Nas décadas de 80 e 90, as operações secretas em países estrangeiros tornaram-se mais raras, e a análise ganhou ênfase. Mas essa era a velha CIA --uma organização de que a ex-oficial Melissa Boyle zombou dizendo que os tempos de James Bond acabaram. O presidente Bush advertiu diversas vezes os americanos de que o novo inimigo dos EUA é totalmente diferente de todos os anteriores.

Essa advertência representa o nascimento da nova CIA --uma agência que deve causar medo no coração de seus inimigos.

Então, a CIA está a caminho de restabelecer a notoriedade que teve por tanto tempo no Terceiro Mundo? Aquela de um poder secreto e assustador que seqüestrava políticos, comprava tropas mercenárias e derrubava governos à vontade, simplesmente porque Washington não os aprovava?

Pouco depois da fundação do órgão, em 26 de julho de 1947, pelo presidente Harry Truman, a CIA já tinha feito do mundo seu playground. Começou decidindo quem eram os mocinhos e quem eram os bandidos e a punir os maus sob ordens da Casa Branca.

A "firma" tinha licença para matar e a usou durante a guerra fria contra um inimigo soviético que era pelo menos igualmente brutal. Nos anos 60, a CIA desenvolveu uma flecha altamente venenosa que não deveria deixar vestígios durante uma autópsia. Ela também experimentou treinar golfinhos para levar explosivos até um alvo.

Mas essas foram vitórias ocas. Misturados aos sucessos estiveram missões desastrosas no exterior e erros embaraçosos em casa. A combinação levou a CIA a tornar-se mais um peso que uma ajuda. O país ficou horrorizado ao saber que o presidente Richard Nixon usou ex-agentes para a invasão de Watergate; os americanos ficaram decepcionados pelo fato de o governo espionar dezenas de milhares de cidadãos que o criticavam; o termo "Gestapo americana" começou a circular. [Gestapo era a temida polícia da Alemanha de Hitler, que torturou e matou adversários do regime, que durou de 1933 a 1945, e participou do Holocausto, o extermínio de aproximadamente 6 milhões de judeus na Europa.]

O resultado foi uma contenção do Big Brother. Em 1974, entrou em vigor uma lei que exigia que todas as operações clandestinas no exterior fossem aprovadas pelo Congresso. Os serviços de inteligência começaram a se concentrar quase exclusivamente na coleta de dados tecnológicos --e assim ficaram amplamente fora da revolução iraniana.

Num combate do Afeganistão contra a União Soviética, a CIA deixou de avaliar que os mujahedin --generosamente abastecidos com armas e dinheiro americanos-- não apenas eram oponentes fanáticos dos serviços, mas também contrários aos "cruzados" americanos.

11 de dez. de 2005

"Stano tutto bene"

Marcelo Mastroiani estrelou um filme italiano centrado na figura de um pai que percorre a Itália visitando os filhos. Estes escondem do pai os verdadeiros problemas, seja familiares ou econômicos, para livrá-lo de aborecimentos. A mídia em geral, e os jornais em particular, tem sido como os filhos para com os pais da corrupção. O PT se revelou igual aos demais, só que a mídia, dá como corrupto apenas o PT, escondendo todas falcatruas perpetradas pelos demais, em particular protege os corruptos do PSDB e do PFL, que, por coincidência, são também detém concessão de rádios, jornais e tevês.

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PUBLICITÁRIO

Bebidas, roupas, jóias e brindes foram distribuídos para políticos e instituições com as quais as agências SMPB e DNA tinham contrato
PT e políticos ganharam presentes de Valério

RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA , FOLHA DE SÃO PAULO, 11/12/2005.

O publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza deu um presente de R$ 17,2 mil para o departamento financeiro do PT no primeiro Natal após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002, dois presentes de R$ 4.700 ao todo para o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), além de bebidas, roupas, jóias e brindes para políticos, empresários e funcionários públicos que ocupavam cargos-chave em órgãos com os quais mantinha contratos.
Os registros dos presentes dados pelas empresas de Valério entre 2001 e 2004 estão na contabilidade oficial da SMPB Comunicação e da DNA Propaganda. O CD com as informações, pesquisado pela Folha, foi entregue à CPI dos Correios e à Receita Federal pelo próprio Valério.
A pesquisa revela que as empresas desembolsaram pelo menos R$ 100 mil para presentear 23 políticos e executivos em Minas Gerais e Brasília, além de servidores de primeiro e segundo escalões geralmente vinculados às áreas de propaganda e marketing de órgãos públicos.
O presente para o "Financeiro PT", não especificado, foi comprado na joalheria mineira Manoel Bernardes Comércio e Indústria Ltda. Na época do presente, o publicitário já tinha sido apresentado ao tesoureiro nacional do PT Delúbio Soares pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), outro presenteado, segundo os documentos de Valério.
Ontem o publicitário, por meio de sua assessoria, disse não se lembrar do presente ao partido nem se o presenteado era o ex-tesoureiro Delúbio Soares, mas alegou que o PT era "um cliente" - uma de suas empresas havia atuado para a campanha do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) à presidência da Câmara - e seria "uma prática normal" a distribuição de presentes a clientes.
A contabilidade indica a compra de presente de aniversário de R$ 237,40 para o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz (PC do B-DF), em novembro de 2004 - a SMPB tem contrato de R$ 10 milhões com o ministério. Pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, o servidor público não pode receber presentes de valor superior a R$ 100.
Um registro de fevereiro de 2002 aponta presente de R$ 509,40 para o então secretário secretário Nacional de Esportes, Lars Grael, hoje secretário da Juventude, Esporte e Lazer do Estado de São Paulo. Grael nega ter recebido o presente.
O aniversário do governador do DF, Joaquim Roriz, foi lembrado no agosto de dois anos: 2003 e 2004. Um dos presentes, de R$ 1.000, foi uma sela para montaria. Sobre a natureza do outro, de R$ 3.700, não há pistas.
O secretário de Articulação Institucional do governo do DF, Hélio Doyle, recebeu 12 CDs do cantor e compositor Chico Buarque, mas achou que era um presente pessoal de Eliane Lopes, então a representante em Brasília mais influente do grupo de Valério.
Só na última sexta-feira, após consulta da reportagem, disse saber que se tratava de um mimo da SMPB Comunicação. A empresa mantém contrato com o governo do DF.
Um alto executivo da siderúrgica Usiminas recebeu entre outros mimos, "presente de Natal" de R$ 15,5 mil da mesma joalheira Manoel Bernardes e produtos de até R$ 3.000 comprados da grife Hugo Boss.
A Usiminas aparece no noticiário do escândalo do mensalão quando a CPI revelou que dinheiro destinado por Valério à campanha do deputado Roberto Brant (PFL-MG) teve como origem o caixa da siderúrgica.

Tucano na lista
O Banco Rural, um dos bancos que teriam alimentado o caixa dois do PT com supostos empréstimos, também aparece com destaque na lista dos presenteados. A presidente do banco, Kátia Rabelo, que reconheceu em Valério um "facilitador" nos negócios com o governo, recebeu presente de R$ 2.900 no Natal de 2002, seis meses depois de a SMPB ter pago R$ 1.400 por outro presente comprado para ela em loja da grife Louis Vuitton.
Rabelo negou que o banco soubesse das triangulações envolvendo a instituição, as empresas de Valério e o PT. "O banco foi usado", disse a presidente.
Outro personagem que freqüentou o noticiário, por empréstimos tomados no Banco Rural com aval de Valério, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga (PSDB-MG) aparece na contabilidade recebendo casaco de couro adquirido por R$ 2.680.
De acordo com a contabilidade, Andréa Neves, irmã do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), que na prática comanda a comunicação social do governo, recebeu dois "brindes" faturados por R$ 800.
A lista de Valério atesta que as empresas do publicitário não economizavam em presentes. Há o registro da compra, por R$ 520, de um abridor de garrafas de vinho para presentear o executivo de um shopping localizado em Belo Horizonte, sede das empresas do grupo.