15 de dez. de 2004

Feliz Natal






12 de dez. de 2004

A lanterna do Goya

ZH - 12/10/2004

Goya diz que o único engajamento político que deve se pedir de um artista é o de retratar a estupidez humana e usar sua criação como um testemunho

Uma vez escrevi isto sobre uma visita a Madri em que convoquei o fantasma de Don Francisco de Goya e Lucientes para nos acompanhar. Queria, entre outras coisas, ter Goya ao meu lado quando revisse o Guernica, que eu conhecia do Museu de Arte Moderna de Nova York. O grande quadro, que só pode entrar na Espanha depois da morte de Franco, está numa sala especial do Centro de Arte Reina Sofia. Foi pintado por Picasso em reação ao ataque à cidade basca de Guernica por aviões alemães da Legião Condor durante a Guerra Civil Espanhola, na primeira vez na história em que uma população civil foi metralhada e bombardeada do ar. Guernica não tinha nenhuma importância estratégica, o único objetivo do ataque era espalhar o terror e testar a técnica que os alemães usariam depois, na Segunda Guerra Mundial.


* * *

"E então?" pergunto a Goya. "Bueno, bueno" diz ele, como que fazendo uma concessão. Comento que o engajamento político de Picasso sempre foi muito discutido. Ele foi um comunista notório que depois da Segunda Guerra ajudou a causa de muitas maneiras, e não apenas desenhando a célebre pomba da paz. Mas viveu e trabalhou sem aparentes problemas na Paris ocupada pelos nazistas. Onde um dia, segundo uma história que se não é verdadeira é bem bolada, seu ateliê foi visitado por um oficial alemão que viu uma reprodução do Guernica na parede e comentou "Ah, você fez isso, não é mesmo?" Ao que Picasso teria respondido: "Não, vocês fizeram isso".

* * *

Goya diz que o único engajamento político que se deve pedir de um artista é o de retratar a estupidez humana e usar sua criação como um testemunho, mas respeitando os códigos da arte. Pode-se tomar uma posição clara sem ser convencionalmente óbvio. Durante a ocupação da Espanha pelos franceses a partir de 1808, Goya também foi acusado de colaboracionismo ou de revolta insuficiente. Tinha sido um entusiasta da Revolução Francesa e um admirador de Napoleão. Mas retratou a ocupação francesa como uma manifestação de bestialidade nos seus Desastres da Guerra, gravuras inigualadas na sua pungência - até surgir o Guernica. E nos dois quadros que pintou depois da retirada de Napoleão, El Dos de Mayo, sobre o levante popular contra os invasores na Puerta del Sol, e El Tres de Mayo, sobre a execução de madrileños rebeldes por tropas francesas, não apenas homenageou a coragem e o martírio dos seus concidadãos como mudou a arte da pintura.

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Não existiam cenas de batalha na história da arte como a que Goya pintou em El Dos de Mayo. Não é um quadro épico nem celebratório, nem transmite o objetivismo, que equivale à neutralidade moral, de uma composição bem feita, como nos quadros de guerra pintados até então. É confuso e mal composto, sem um centro ou uma visão abrangente que nos situe na batalha e no seu sentido maior. Pela primeira vez a arte nos diz que nossa percepção histórica é limitada ao cadáver mais próximo, ao horror do detalhe. Estamos na origem da sensibilidade moderna, da fragmentação da experiência, da busca do universal no pessoal e particular. Com suas gravuras, Goya se juntou a Daumier e Hogarth como predecessor do cartum, da charge e da arte jornalística. Com El Dos de Mayo, se juntou a Stendhal, que transformou literatura em reportagem e subjetividade e asco em critérios para olhar a História.

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O quadro El Tres de Mayo é ainda mais extraordinário. Mostra um grupo de guerrilheiros madrileños sendo fuzilados por soldados franceses. Os soldados estão todos de costas, formam uma parede de autônomos sem cara. A principal figura entre as vítimas está com os braços abertos, esperando desafiadoramente as balas, e a evocação do Cristo crucificado é clara, tanto que ele tem o estigma do prego na palma direita. Uma lanterna posta no chão ilumina a cena terrível. Há uma longa tradição de cenas de martírio na arte ocidental e em todas elas a luz de Deus está presente, não importa que sua origem seja o Sol ou uma vela. É uma luz que banha o mártir e lhe garante a benevolência divina e a redenção depois do tormento. A lanterna no quadro de Goya não tem qualquer valor simbólico. Há um mártir e o seu tormento, mas a luz está no chão e sua função é iluminar as vítimas para que as balas não errem o alvo. Nenhuma redenção se seguirá a este martírio, o mundo está dividido apenas entre a sombra, onde outras vítimas esperam a sua vez, e a luz, que serve aos carrascos. A ausência de Deus significa a ausência de qualquer relevância nas mortes retratadas. Nenhuma alegoria redime sua crueza. Milhões morrerão assim, nos anos que virão, na Espanha e no mundo.

* * *

Goya me cutuca com o cotovelo e aponta a lâmpada acesa no topo da composição de Guernica. Picasso pintou a lâmpada como uma representação do pânico, do terror vindo do alto a que todos estavam expostos. Também não é a luz de Deus. "Olha a minha lanterna", diz Goya. Só que agora ela está a serviço da Legião Condor.

Goya diz que o único engajamento político que se deve pedir de um artista é o de retratar a estupidez humana e usar sua criação como um testemunho.

Luis Fernando Verissimo

22 de nov. de 2004

Furtado

Nada como a morte para revelar o mundo dos vivos. Foi-se Brizola, e lá foram os urubus pousar de papagaios, como se absorvessem parte de seu prestígio pela simples presença. Morreu Celso Furtado, e lá aparece o PT desbotado, querendo furtar a cena. Marta Suplicy quer transformá-lo em viaduto... Como no samba do Nelson Cavaquinho, o PT deveria ter feito enquanto vivo, não depois que se transformou em saudade. Se quiser fazer por mim, que faça agora!
O homem sobrevive nas idéias, querer preservar o nome sem abraçar elas, é furto.
Com o PT no governo, Celso foi Furtado!

21 de nov. de 2004

Politiburros

O petismo federal tem feito um esforço enorme para mostrar-se a cada dia mais rastaquera. O Lula, coitado, é um Lech Walesa com um dedo a menos de cérebro, e dois mais de servilismo. Repudiado pela esquerda, é todo elogia da velharquia. Basta dizer que os veículos da Rede Globo, todos, incluindo filiais como a RBS, estão ao lado de Lula. Em contrapartida, um a um os políticos mais honestos do PT estão abandonando as fileiras. Sintomaticamente, os primeiros foram expulsos.
Menosprezando nossa capacidade de entender, o PT agora se dispõe a baixar um pacote para recomprar a classe média. As medidas não visam por em prática sua visão de governo, mas evitar uma nova derrota, como o foi a municipal. Faz por necessidade eleitoral, não por convicção ideológica. Nada mais elucidativo que o embarque do PMDB no lugar dos petistas que estão saindo. O PMDB apresentou a fatura, o governo pegou dinheiro público e os comprou.
É de negociata em negociata que faz um partido de bravatas!

11 de nov. de 2004

Camelô

Ao taxar o Fórum Social Mundial de "feira de produtos ideológicos", Lula sabia do que estava falando. O que é raro, pois não é de seu costume pensar. No caso do Fórum, a deixa foi dada por Tarso Genro, o "utopista do possível", ou a utopia que o dinheiro pode comprar...
Lula tem se dedicado ao mercado de secos e molhados, vendendo gato por lebre, esperança por decepção. Pelas leis do mercado, Lula sai-se bem no âmbito financeiro. Fez dos aposentados bois de piranha na tentativa de se entronizar no mercado previdenciário. Nesta semana saiu a pesquisa: o segmento previdenciário cresceu 33,54% neste ano de 2004.
Nenhum outro segmento lucrou tanto quanto os banqueiros. E a prova dos trinta dinheiros de seu mercadinho ideológico, resulta do tratamento que os bancos oficiais (BB e CEF) deram aos seus funcionários em greve. Exatamente o segmento mais lucrativo do desvario petista sonega tratamento decente a quem as duas instituições merecedoras de crédito. Lula passa como passou FHC, mas BB e CEF e funcionários permanecem.
O PT, se Deus quiser, também passará!

10 de nov. de 2004

O PT Vencedor

O PT foi varrido do centro para a periferia. Perdeu nos grandes centros e foi se alojar nas grotas. Quando disse que o PT se hospedou nos grotões da Arena, fui duramente contestado. Que não era verdade, pois havia ganho em grandes capitais do Norte e Nordeste. Pois repito o que disse então: lá o PT que ganhou é PT da véspera. Muitos deles antes pertenciam à velharquia (Vide Flamarion Portela, governador do new PT cassado), e bandearam-se de mala e cuia para o oportunismo. Não têm tradição ideológica nem prática democrática.
O PT do Sul que sobrou atende por Tarso Genro, um Quinta Coluna de primeira!
Até agora, Tarso fez mais contra do que a favor do PT (Comprou a pesquisa que o colocava como único petista em condições de derrotar Antonio Britto. Acabou derrotado por um poste). Seu comportamento aético, sinuoso como enquia ensaboada, torpedeia quem se atravessa no caminho sem dó nem piedade. Armado dem um pragmatismo tosco e usando de meia dúzia de conceitos abstratos, enrola um sociologês de centro acadêmico de escola pilatrópica. Mas dispõe do suficiente para alçá-lo a Ministro da Educação. Até aí, nada demais, Delfim Neto e Carlos Alberto Chiarelli também foram...
Agora vem a notícia que o prefeito de Macapá, João Henrique Pimentel (PT), foi preso apontado como integrante de uma quadrilha que desviou cerca de R$ 103 milhões em recursos federais.
Como diria minha avó, o exemplo vem de cima. Se o fisiologismo campeia solto no Planalto e no Congresso, comandados pelos deslumbrados petistas, na planície a boiada vai pastando no mesmo rumo.
Este é o New PT, aquele que saiu vencedor nas urnas!

4 de nov. de 2004

Com postura

Quem não se compõe, não se recompõe! A entrevista da lulista-tarsista Maria do Rosário, enfeite kolynos na chapa petista, isentando Lula da sua derrota para José Fogaça mostra que, mesmo apanhando, a menina não se recompõe. Parece uma dálmata, com marcas roxas em tudo que é lado, após a surra na eleição municipal, do Rosário enfia a cara no buraco e mostra a bunda aos eleitores. Será que ela não sabe que os eleitores do Fogaça são classe média, portanto não só com melhor nível econômico, mas também com mais acesso à informação. Na outra ponta, Eduardo Suplucy põe o dedo onde do rosário deixa destapado.
O PT perdeu onde sempre foi campeão, na classes com mais formação e informação. Perdeu ali, quando optou pela ignorância, tapando olhos com peneira, sentado no trono dos "novos ricos". Quem não sabe comer mel se lambuza, dizia minha avó. Velha e eterna sabedoria.
Nesse andar, o santo de barro não chega à fonte. Lula, como do Rosário, poderá perder para um poste. Nada mal para quem só sabe iluminar o caminho dos banqueiros, ignorando os bancários. Quem come soja transgênica com gula, absorve e absolve Maluf, digere Waldomiro Diniz e José Genuíno, ou é lelé da cuca ou age de má-fé.
O T de trabalhador virou T de trambiqueiro, por acharem que eleitor é paspalho.

3 de nov. de 2004

Sexta-feira 13

Tanto fez que a galera medonha voltou. Não há como negar, Lula, dia após dia, incessantemente, incansavelmente, trabalhou para ressuscitar a velharquia gaúcha. Os transgênicos ressuscitaram Fogaça e o homem do tiquet leite do Sarney, Nelson Proença. O resultado eleitoral no Rio Grande do Sul não podia ser diferente, foi uma surra com vara de guanxuma. O PT foi ser gauche onde antes puLulava a ARENA. Não por acaso abraçado a Maluf... Foi nos grotões, nos currais da troca de votos por comida, onde a ideologia é lombriga, que o PT venceu.
O new PT trocou cabeças por bolsos. Vendeu a ideologia, a decência e a boa índole no mercado mundano do deslumbramento. Foi usar calça comprida vestida de pompa e circunstância, renegando a ética, e metade de sua sigla. Nunca os trabalhadores se viram tão desprotegidos quanto neste período de governo Lula. Que o digam os bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal! Antes pelo menos tínhamos o PT que não transigia, que comprava briga, que lutava pela decência na política, no serviço público. Ao se entronizar, o Napoleão de Guaranhuns, foi logo pensando em ser imperador.
Agora, nestas eleições, nós eleitores estamos dizendo: Lula está nu!

20 de out. de 2004

Sucesso do PesTismo

Quais os três maiores sucessos da política econômica neoliberal de Lula? Sem dúvida, o controle da inflação, o aumento do superávit primário e o religioso pagamento dos juros de nossas dívidas externa e pública.
Quais os três maiores fracassos? O café da manhã, o almoço e o jantar...

Carlos Chagas, Tribuna da Imprensa, 20/10/2004.

19 de out. de 2004

Honra ao demérito

Ex-prefeito bem apreciado no exercício do cargo, Raul Pont abre o jogo: é a decepção com o governo Lula, por parte do eleitorado, que explica a sua dificuldade de confirmar, agora, o favoritismo lógico e demonstrado no primeiro turno pela Prefeitura de Porto Alegre. Algum petista chegaria, inevitavelmente, à sinceridade de expor em público o ponto de vista de muitos, inclusive ou sobretudo em São Paulo.
Os nove pontos de vantagem com que Raul Pont bateu José Fogaça, ex-PMDB e neófito do PPS, transformam-se em 12 pontos de desvantagem. Justifica-se a estranheza de Pont com a surpreendente (segundo Fogaça, também) rapidez de virada tão grande, na pesquisa Ibope. Pont observa, porém, que aparece com percentual que corresponde à sua votação no primeiro turno. Assim sendo, os números de Pont e suas observações se confirmam e completam:
"Não dá para negar que havia expectativa e esperança de soluções mais rápidas do governo para os problemas do país. Isso é o que as ruas estão dizendo." Ou seja, a decepção com o governo Lula reduz o eleitorado de Pont ao petismo incondicionalmente fiel, e lhe nega as condições, nem se diga para colheitas invasoras, mas para preservar o seu apoio eleitoral passado.
Se estudados com menos superficialidade do que até agora, os resultados eleitorais ainda acabam levando ao reconhecimento de que Antonio Palocci foi a grande figura nas eleições pelo país afora. A surra levada pelo PT no Rio -na cidade e no Estado- a ele é devida em grande parte: quando menos, por ser surra, e que surra, onde Lula obteve igualados 80% dos votos. É provável que em pouco se declarem muitos outros candidatos e lugares que justificam um busto de Palocci erguido pela oposição.

Jânio de Freitas, Folha de São Paulo, 19/10/2004

O comportamento de avestruz não é exclusividade petista. Os crentes de todas as religiões usam tapa-olho. Alguém já viu alguém da Igreja Universal deixar de ser crente por que seu pastor mostrou-se pedófilo?!

O justo-meio no meio injusto

O grego Eubulo (375 a.C.) estabeleceu algumas regras, etiqueta, a respeito do vinho.
"Três taças preparo para os comedidos: uma para a saúde, a segunda para o amor e o prazer, a terceira para o sono. Depois de tomar a última taça, os convidados prudentes vão para casa. A quarta taça não é nossa, pertence à violência; a quinta ao tumulto; a sexta, à folia; a sétima, aos olhos roxos; a oitava, ao policial; a nona, à bilis; a décima, à loucura."
Também na política os gregos buscaram a moderação, pois os deuses puniam a desmedida. Os romanos também procuraram não concentrar poderes. E quem ousou, como Júlio César, foi punido.
Observando os governantes da américa latina eleitos nas últimas duas décadas, também pode-se afirmar:
O primeiro mandato pertence ao povo, o segundo, aos usurpadores.
A reeleição é recurso espúrio. Os resultados têm mostrado isso. A moderação é a razão de ser das democracias.

17 de out. de 2004

Uma Pont longe da capital

1) Por que o PT mente, como fez Lula na escala Federal, que é demente. Deixou de ser um partido confiável ao povo, para se tornar capacho do polvo... ou Lula. Não conseguem dar segurança aos brasileiros mas se arvoram dfensores do povo do Haiti. O Haiti é aqui, já dizia Caetano Veloso. Mas Lula só ouve Zezé di Camargo e Luciano...
2) Por que somente pessoas modificadas eticamente poderiam liberar o plantio de soja geneticamente modificada.
3) Por que Raul Pont desconhece que José Fogaça é da base aliada de seu partido, tendo Ciro Gomes como representante na ante-sala do PesTismo federal.
4) Por que José Fogaça nos fez nada no Senado. Se tivesse feito tanta bobabem quanto Lula et caeterva, ainda assim se igualaria ao PT.
5) O resultado da greve dos bancários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil são um retrado pronto e acabado do "new PT". A classe mais explorada pelo setor mais lucrativo foi jogada aos leões pelo partido que se diz dos trabalhadores.Os oPorTunistas preferiram os banqueiros aos bancários. E a Reforma da CLT ao estilo petista, que prevê a livre negociação, já vem com a experiência da "livre negociação" dos bancários com os banqueiros... Se uma categoria forte e organizada como a dos bancários não levaram nada, imagine-se outras menos estruturadas.
6) Por que, em termos de ética, depois do jantar de Lula com Roberto Jefferson (o verdadeiro FOME ZERO), presidente do PTB, e mascote da "tropa de choque" do Governo Collor, o PT está desautorizado a criticar o comportamento de quem quer que seja. Não bastasse isso, Marta Suplicy e José Genoíno se lançaram nos braços de Paulo Salim Maluf, que dispensa apresentações. Ah! O PTB também está no governo Lula, no Ministério do Turismo...
7) Quem perseguiu aposentado e servidor público como fez o Governo Lula, igual ao caçador de marajás das Alagoas, não pode cobrar honestidade de quem quer que seja para ser um bom prefeito. O PT na oposição não permitiu tamanha desfaçatez.
8) Lula, tal qual Fogaça, também nunca havia ocupado um cargo no Executivo antes. Aliás, sequer trabalhava.
9) Por que o PT faz a crítica fácil, apontando no adversário os mesmos males de que padece, abusando da capacidade dos eleitores de perceberem o engôdo.
10) Por que a alternância no poder é da essência da democracia. E a derrota do PT será uma vitória contra o político vira-casaca, deslumbrado com a transitoriedade do poder, o messianismo inconseqüente, que renega as bandeiras e os que as desfrandavam, tentando nos convencer com discurso boçal.

15 de out. de 2004

O combustível do Pont

Marilena Chaui, na revista CULT, falando da Rede Globo: "Essa eu não vejo porque me encergonho. Nem o Diário Oficial da União nem os jornais do PT são tão governistas quanto a Globo."
Nos tempos de Delfim Neto, sempre que acontecia alguma notícia para os militares, lá vinha o indefectível, na Rede Globo, anunciar a descoberta de mais um lençol de petróleo na Bacia de Campos. A hipocrisia era tanta que o Millôr se perguntava pelas conseqüências. Afinal, o problema já não era mais petróleo mas quem fabricaria tantos barris para armazenar tanto petróleo?
Como no soneto do Camões, mudam os tempos, mudam-se as vontades, mas já não se muda com soía. A Petrobras continua aumentando a produção, a ponto de o governo declarar que até o final do ano seríamos auto suficientes. Vejo, inclusive, que o dólar caiu. Isto é, o real valorizou-se frente ao dólar.
Mas eis senão quando vem o governo e anuncia aumento dos combustíveis! Teria ele intenção de usar este dinheiro para financiar o segundo turno da banda petista?
Sei não, mas desse jeito nem a Globo salva o Raul. Até um poste ganha do Pont.

13 de out. de 2004

No acostamento

O PT sempre lutou para chegar lá. Desde sua origem montou uma estratégia, e nisso ele não está sozinho, visando chegar ao poder central. Todos os passos eram dados no sentido de aplainar o caminho para o Planalto. Este mesmo caminho trilhou o PSDB.
Lula, obcecado pela idéia de ser chefe supremo do executivo, menosprezou qualquer outro degrau na hierarquia política. Pelo menos FHC galgou degrau a degrau. Ambos chegaram lá, e, uma vez lá, ambos passaram a sonhar com a visibilidade externa. O que prova que a ambição pessoal não tem limites. É da nossa natureza queremos ascender sempre e cada vez mais alto, não é mesmo?! Que o diga Ícaro!
Ambos, Lula e FHC, têm em comum um alheamento da realidade, uma espécie de autismo político que afeta principalmente os deslumbrados com a transitoriedade do poder. FHC foi-se, Lula irá!
Preocupados em mostrarem boa educação, pensando serem bem aceitos no banquete dos grandes mandatários, dão prioridade ao bom-mocismo externo. Dívida é dívida, diz o banqueiro, tem de pagar! E assim vem sendo feito. E por isso, para figurarem entre as "nações civilizadas", é que a dívida externa vem sendo a única a merecer a atenção.
E como fica a dívida social? Veja-se o caso das estradas brasileiras. O máximo que merecemos é uma operação tapa buraco! Só no RS foram 26 mortes neste feriadão. E aí os juízos apressados correm a culparem os motoristas. Poucas e péssimas estradas, com tráfego intenso e mal sinalizadas as causas das mortes são. Ora, basta ultrapassar a fronteira para se ter certeza que a grande causa das mortes não é a velocidade. Na Argentina, por exemplo, o limite de velocidade é bem superior ao nosso. Mas as estradas são mais largas e melhor conservadas. No Brasil, a insensibilidade deste e dos governos anteriores manda jogar a culpa da tragédia às próprias vítimas.
"Campanha de conscientização" é desvio, atalho para jogar dinheiro no caminho da mídia!
E por esse caminho de insensibilidade que Lula está pondo o PT no acostamento. Marta Suplicy em São Paulo e Raul Pont em Porto Alegre tiveram suas administrações bem avaliadas pela população. No entanto, estão sendo rejeitados nas urnas. A população, nestes dois casos, mesmo sem saber, está seguindo uma velha máxima marxista: "Pensar globalmente e agir localmente." Pensam no governo Lula e agem no município. O desastre federal é vivenciado no município! Assim como se reclama ao bancário, e não ao banqueiro, a conta do petismo federal está sendo espetada nas costas dos candidatos a prefeito.
Subalternos obedientes, Marta Suplicy e Raul Pont têm se prostrado em direção a Lula, virando a bunda para o povo. Agora, na corrida municipal, o pontapé virá!

11 de out. de 2004

Excelentíssimo Crustáceo

Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil.

Venho por meio desta comunicação manifestar meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.

Vou explicar: Na atual legislação, pago na fonte 27,5% do meu salário. Como pode ver, sou um brasileiro afortunado. Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral. Mesmo juntando ao valor pago por dezenas de milhões de assalariados! Minha sugestão, é invertermos os percentuais.

A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 72,5% do meu salário. Portanto, eu receberia mensalmente apenas 27,5% do resultado do meu trabalho mensal.

Funcionaria assim: Eu fico com 27,5%
limpinhos, sem qualquer ônus. O Governo fica com 72,5% e leva as contas de:

Escola,
Convênio médico,
Despesas com dentista,
Remédios,
Materiais escolares,
Condomínio,
Impostos municipais, estaduais e federais,
Água, luz, telefone e energia,
Supermercado,
Gasolina,
Vestuário,
Lazer,
Pedágios,
Cultura,
CPMF,
IPVA,
IPTU,
ISS,
ICMS,
Segurança,
Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Um abraço Sr. Presidente e muito boa sorte, do fundo do meu coração!


PS: Podemos até negociar o percentual !!!

Agora vejam só o FOME ZERO do Congresso Nacional presidido pelo Petista João Paulo:
Salário:.......................................R$ 12mil;
Auxílio-moradia.........................................R$ 3 mil;
Verba para despesas "comprovadas"..........R$ 7mil;
Verba para assessores..........................R$ 3,8 mil;
Para 'trabalharem' no recesso.................R$ 25,4 mil;
Verba de gabinete mensal......................R$ 35 mil;
Transporte: Passagens aéreas de ida e volta a Brasília/mês;
Direito a "contratar" 20 servidores para seu gabinete;
13º e 14º salários, no fim e no início de cada ano legislativo;
E 90 dias de férias anuais e folga remunerada de 30 dias.

ISSO PARA CADA UM DOS 503 DEPUTADOS!!!

Vale a pena ver de novo

Alguns filmes deixam cenas que se perpetuam na mente. São como flash intermitentes. Girassóis da Rússia, Salvatore Giuliano de Francesco Rossi são dois filmes que freqüentam minha memória. Agora um outro fantasma tem me acompanhado. Trata-se de um filme de Elia Kazan, recentemente falecido: Terra de um sonho distante. Enquanto à vida política se esvai pelo esgoto da mercancia, nada melhor que viajar pela memória. Alimentar o espírito ou desviar o foco é a dica da sobrevivência. Esperança há, o difícil é se livrar dos fantasmas.

10 de out. de 2004

ProcusTe

Para entender o "new PT" só recorrendo a lendas. Diz-se que Procuste era um bandido que tinha na cama a medida para todas as coisas. Assim, se a vítima era menor, espichava. Quando maior, cortava deixando-a do tamanho da cama.
O PT acusa José Fogaça de se apropriar das boas idéias da administração popular, sem se dar conta que Lula faz o mesmo com as "boas idéias" dos tucanos. Até aí, cara de pau por cara de pau, todos são devotos de Lalau! Agora recebo montagem de Fogaça com Zambiasi, secundados pela elegante legenda: Falcatroika. Não seriam eles, da Falcatróika, os principais aliados de Lula?
Quando estourou o esquemão Waldomiro Diniz x José Dirceu, fui a Brasília a trabalho. No mesmo avião estava o presidente estadual do PT, David Stival. Ia se reunir com o partido para debater o afaire Waldomiro mas também "conversar" com Zambiasi para tratar da coligação com Raul Pont. Afinal, o PTB de Roberto Jefferson (o mesmo da tropa do "cheque" de Collor, é fiel aliado de Lula. E Fogaça? É correligionário do Ciro Gomes, Ministro e escudeiro de Lula. Enquanto o PT de Lula ostenta um "T" de traidor, o PPS de Fogaça tem um S de sacana. Mas estão no mesmo barco!
O PT ironiza Fogaça com a alcunha de Conselheiro Acácio, aquele personagem criado por Eça de Queiróz que só dizia o óbvio, por dizer que vai manter as boas obras do administração popular, como o Orçamento Participativo e o Fórum Social Mundial. E quem pode duvidar que manterá? Não esqueçam! Lula se elegeu prometendo mudança mas manteve tudo o que existia de pior de seu antecessor, inclusive aprofundando as desigualdades. Com exceções, claro, dos banqueiros e fazendeiros dos transgênicos, sempre e cada vez mais felizes.
A boçalidade das lideranças petistas, montadas na transitoriedade do governo Lula, abusam da liberdade de ofender nossa inteligência. Que o diga a liberação dos transgênicos ou a perseguição dos aposentados. Tudo feito na maior arrogância do senso de impunidade. Lula não roubou somente as bandeiras do governo Éfe Agá. Padecendo da Síndrome de Estocolmo, também adotou as idéias de seu carrasco Fernando Collor de Mello. Agora caça marajás e transforma o Palácio na sua "Casa da Dinda" (Levando a cadela Michelle em carro oficial, fazendo churrasqueiras e jardins em formato de estrela no Planalto, sem contar o novo avião).
A derrota do Raul Pont é uma punição aos ProcusTes do PT!
Ninguém engana todo mundo todo o tempo. O "new PT" deveria saber.

26 de set. de 2004

PesTismo na Berlinda

Normalmente, tiro férias nesta época do ano. É baixa temporada turística e coincide também com a baixa temporada dos meus afazeres. Se viajo, tudo fica mais barato. E, para meu gosto, menos cheio, sem filas. Essas coisas. Quando coincidia com eleições, reservava parte das férias para atuar politicamente, ajudando endeusar o PT.
Neste ano, graças ao desbunde do Governo Lula, que transformou os petistas em boçais por este país afora, também tirei férias da política.
Depois de 20 dias fora, retorno com a informação que o PT comprou, no atacado, todo o PTB. Pelo tamanho da empreitada, o Waldomiro Diniz e o Danúbio Gonçalves devem ter enchido as burras. O PT pensa grande. Enquanto o PSDB comprava a granel, o PesTismo Federal vai às mancheias. E agora que o deus Lula não existe, então tudo é permitido. Vamos nos locupletar.
O PONT talvez não mereça, mas, nas atuais circunstâncias que o PT nos embretou, sinto certa simpatia pela fisionomia siciliana do Onyx Lorenzoni...
PT NUNCA MAIS!

24 de set. de 2004

Quem dá mais?

FÁBIO KONDER COMPARATO - Folha de São Paulo, 24/09/2004

São conhecidos os casos, felizmente raros, de casais sem filhos nos quais o marido complacente aceita que a mulher tenha relações sexuais com outro homem a fim de gerar uma criança, que é registrada em nome do casal como se seu filho fosse.Apesar de ser este, como diz José Simão, o país da piada pronta, e ainda que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados tenha acabado de aprovar a descriminalização do adultério, certamente não ocorreria a ninguém propor a legalização desse tipo de relação sexual, para dispor, ainda por cima, que o filho assim eventualmente gerado seja entregue de direito ao genitor masculino. Algo de análogo, porém, tem ocorrido neste país desde 1997, num campo certamente muito menos nobre do que a geração de um ser humano, mas nem por isso menos vital para o país: a exploração do petróleo.A Constituição da República, em seu art. 177, determina que constituem monopólio da União: "I . a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II . a refinação do petróleo nacional e estrangeiro; III . a importação e a exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades nos incisos anteriores". Mas a lei nº 9.478, de 1997, promulgada no quadro da privataria desencadeada pelo governo Fernando Henrique, veio permitir que a União leiloe entre empresas privadas, até mesmo estrangeiras, áreas de pesquisa e lavra de petróleo, determinando que a vencedora da licitação torna-se proprietária do produto assim extraído, podendo inclusive exportá-lo.
Poder não se abandona nem se vende. O petróleo, na verdade, não pertence à União. Pertence à nação brasileira
Está em curso no Supremo Tribunal Federal uma ação direta de inconstitucionalidade desse aleijão legal, proposta pelo governador Roberto Requião, do Paraná. Na primeira sessão de julgamento, o procurador-geral da República levantou, para reflexão dos julgadores, a hipótese de que o legislador, sem ferir a Constituição, teria querido limitar os efeitos do monopólio estatal à atividade de pesquisa e lavra do petróleo, sem estendê-lo ao produto resultante dessa atividade.A cogitação de Sua Excelência, lamento dizê-lo, é inteiramente descabida.Em primeiro lugar, como é óbvio, o que se espera e o que se exige do mais alto tribunal da República, no caso, é que ele julgue a lei à luz da Constituição, e não em função do que os parlamentares teriam pensado ou imaginado no momento em que a votaram.Em segundo lugar, não se cuida, no caso, de uma atividade de serviço, mas sim de uma indústria extrativa. Nesta, excluir o produto final do monopólio é esvaziá-lo totalmente de sentido.Em terceiro lugar, monopólio não se confunde com autorização administrativa para exercício de atividade econômica. À União Federal, por exemplo, compete autorizar o funcionamento de instituições financeiras no país. Mas nunca, que se saiba, para alívio da Febraban, nem mesmo no meio mais furiosamente estatizante do país, ninguém ousou interpretar essa competência federal como modalidade de exercício de um monopólio.É exatamente por isso que o parágrafo 1º do art. 177 da Constituição, introduzido pela emenda constitucional nº 9, de 1995, determina que a União "poderá contratar" a realização das atividades de pesquisa e lavra de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. As empresas contratadas devem agir em nome e por conta da União, sendo pagas pelos serviços prestados. Mais nada. Elas não podem assumir o risco do negócio, que definitivamente não é delas. Introduzir o contrato de risco num regime de monopólio representa uma contradição insolúvel. Se se tratasse, ao contrário, de simples autorização administrativa de exercício de atividades, a União não contrataria empresa nenhuma para fazer o serviço: cada qual, de acordo com o princípio da livre iniciativa, atuaria por conta própria, quando muito sob a fiscalização do poder autorizador.Mas não é só isso. Uma Constituição não é reunião desordenada de normas, mas um todo orgânico, que obedece a um "espírito", como disse Montesquieu. Esse "espírito" do sistema é dado pelos seus princípios fundamentais. Dentre estes, deve-se ressaltar o da soberania nacional, enunciado logo no art. 1º e repetido no art. 178, no título consagrado à ordem econômica e financeira.Ora, a disponibilidade de petróleo é hoje, como ninguém ignora, questão altamente estratégica, pois a disputa pelo acesso a essa fonte de energia, cuja escassez começará a se fazer sentir dentro de poucas décadas, acha-se no centro de uma verdadeira conflagração mundial, gerando guerras e golpes de Estado em várias partes do globo. Ao disputarem o acesso a essa fonte de poder, quando localizada em território estrangeiro, as grandes potências não hesitam em lançar mão de todos os meios, do suborno de chefes de Estado à invasão armada.É nessa perspectiva global que deve ser interpretado o monopólio instituído pela Constituição nessa matéria. Soberania é poder. E poder não se abandona nem se vende. O petróleo, na verdade, não pertence à União. Pertence à nação brasileira. Seria um escárnio que as autoridades federais, a quem compete primariamente a defesa da nossa soberania, tivessem, por razões rasteiramente financeiras, a licença de leiloar o patrimônio da nação.
Fábio Konder Comparato, 67, advogado, doutor pela Universidade de Paris, é professor titular da Faculdade de Direito da USP e doutor honoris causa da Universidade de Coimbra.

23 de set. de 2004

Disfunção social

Um dos engodos mais responsáveis pela gravidade dos problemas sociais brasileiros tem o nome de "função social da empresa" ou, na variante que enche igualmente as falas de certo tipo de empresário, "função social do capital".Nas suas boas intenções, que não enchem o inferno mas enchem o Brasil de engodos, diz a Constituição no capítulo quase humorístico dos "Princípios Gerais da Atividade Econômica": "Art.170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na iniciativa privada, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) II-propriedade privada; III-função social da propriedade", e assim vai.Ou antes, não vai. A função social da empresa ou do capital só pode começar pela remuneração posta e mantida no limite do econômica e financeiramente possível. É o primeiro passo para a "valorização do trabalho humano", único modo de, como resultado final, "assegurar a todos existência digna", também chamada de "justiça social".Os bancários estão fazendo, em 24 Estados, a maior greve dos últimos 15 anos. Nestes 15 anos, os lucros dos bancos fizeram o mesmo que já faziam por décadas: tornaram-se escandalosamente maiores ano a ano. Os lucros de bancos no Brasil não têm nada parecido no mundo todo. Por várias vezes, grandes bancos dos Estados Unidos, como o Citicorp e o Boston, têm feito a expressividade dos seus lucros finais com o lucro que realizam no Brasil. (Foi por esse caminho que Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, colheu o prêmio de presidir o Boston nos Estados Unidos, até receber o prêmio dado por Lula para vir cuidar, aqui, dos juros que garantem altos lucros aos bancos em atividade no Brasil).Os bancos brasileiros fazem os maiores lucros bancários do planeta, mas não têm competidor também em outro aspecto: pagam aqui os piores salários relativamente aos lucros. Não lhes basta a usura: praticam também a avareza.Afora os bancos e similares, a Petrobras lidera as 500 empresas mais lucrativas: seu lucro representa quase um terço dos lucros de todas as 500. É um caso eloqüente: o bom resultado repassa-se aos acionistas, enche a caixa de impostos do governo, mas quem o produz não recebe a compensação proporcional. Os funcionários da Petrobras estão na iminência de outra greve daquelas, para reposição e algum aumento real. Mais do que direito, têm razão de fazê-la. O seu trabalho é valiosíssimo para o Brasil. Porque não é o petróleo que está fazendo a quase auto-suficiência petrolífera brasileira, nem o lucro da Petrobras: é quem faz o petróleo vir das profundezas até transformar-se em riqueza nacional e em lucro empresarial.De repente, o leitor/espectador teve conhecimento de que o funcionalismo do Judiciário paulista está em greve há três meses. Com o acúmulo de 12 milhões de ações paralisadas, o presidente do Superior Tribunal de Justiça ameaçou intervenção em São Paulo. Mas ninguém permanece em greve por três meses se essa greve não provier de necessidade real e de forte sentimento de injustiça. O polêmico fundamento legal da intervenção, mesmo que dissolvido na teoria, não seria solução.Nos bancos, na Petrobras, no Judiciário paulista, nas demais áreas atingidas por greves ou sob risco de sê-lo, a solução é o honesto reconhecimento de perdas impostas aos salários e vencimentos nos últimos dez anos. As que não podem ser repostas de uma vez, por certo podem ser remediadas (o governador Alckmim não lançou nesta semana um pacotaço de redução de impostos, em evidente demonstração das boas condições do Tesouro paulista?).Nestes dez anos de plano real e doutrina econômica ditada pelo FMI, a parcela correspondente à remuneração do trabalho decresceu, na renda nacional, quase dez pontos percentuais, como disse ontem o competente Márcio Pochmann. Não se trata, portanto, de pretender a "função social da empresa ou do capital". No Brasil, coisas assim sempre foram dados como subservidas. E aqui o seriam, mesmo. Trata-se de algo modesto que o governo de um ex-operário pode estimular sem problema - isso, é claro, com a ressalva de que tudo depende de até onde foi ou vai sua conversão.

Janio de Freitas - Folha de São Paulo, 23/09/2004

2 de set. de 2004

Deu buzuqui

Na onda das Olimpíadas, os lulistas vão receber os atletas como faziam seus antecessores, de Geisel a FHC. Portanto, nada de novo, tudo de velho. A inovação fica por conta dos talheres. A Revista VEJA deu o cardápio: "Segundo o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), estão sendo comprados pela Presidência 1.016 (mil e dezesseis) xícaras de café, 200 taças para vinho, 100 copos para uísque, 100 para champanhe, 960 pratos de sobremesa, entre muitos itens de mesa."
Faz sentido. Afinal, quem não sabe que nas festas gregas eles terminam quebrando os pratos. Como Lula e seus petistas desvairados já haviam quebraram os pratos com o povo, tiveram de refazer o estoque. Enquanto eles fazem bacanais ao som do Buzuqui, o povo anda só de Zorba, vivendo com um salário platônico.
Por isso que nestas eleições, eles precisarão de $oma$ hercúleas. E, se vencerem, nos darão presente de grego!

28 de ago. de 2004

Mussolini começou assim

Com ele, foi tudo também muito rápido. Em 1910, era líder operário, secretário do Partido Socialista Italiano no interior, em Forli, e fundou o jornal "La Lotta di Classe" (A Luta de Classe). Em 1911, assumiu a direção do "Ávanti!", órgão oficial do partido.
Em 1915, expulso do PSI, fundou o jornal "Il Popolo d'Italia" (O Povo da Itália) e organizou os "Fasci d`Azione Rivoluzionaria" (Grupos de Ação Revolucionária) e, em 1919, criou os "Fasci di Combatimento" (Grupos de Combate) e as "Squadre d'Azione" (Milícias de Ação).
Em 1920, passou a ser financiado pelos banqueiros e grandes empresários, assustados com a dissidência comunista dentro do Partido Socialista, que levou à criação do Partido Comunista Italiano.
Em 1921, chegou com seu partido ao Parlamento: 37 deputados entre 500. Não era muito, mas lá fora já eram milhões. E abriu o jogo:
"Não seremos um grupo parlamentar, mas um pelotão de ação e de execução. Declaro logo que o meu será um discurso de direita, um discurso reacionário, porque sou antiparlamentar e antidemocrático".
No dia 28 de outubro de 1922, Mussolini marcha sobre Roma e o rei Vittorio Emmanuele o chama para formar o governo. E só sai em 43, morto.
PT e o fascismo
Há um livro histórico, que contou tudo : "Marcia su Roma" (Marcha sobre Roma), de um grande homem, Emilio Lussu, que chegou ao Parlamento em 21, quando Mussolini também chegou, combateu-o de peito aberto, pegou anos de cadeia, fugiu, lutou contra o fascismo, voltou em 45 como ministro de Gasperi, várias vezes senador, e que morreu em 75 em Roma.
A escalada de Mussolini no governo é muito parecida com a de tantos outros: formou o primeiro governo com liberais e democratas-cristãos e o Congresso logo lhe deu plenos poderes e legalizou e oficializou as "Squadre d'Azione", com o nome de "Milizia Volontaria pela la Securezza Nazionale" (Milícia Voluntária para a Segurança Nacional).
E foi pouco a pouco instaurando a ditadura fascista: "Os códigos judiciários são revistos (olha aí o Nelson Jobim!), a polícia tem plenos poderes (olha aí a mordaça do Ministério Público e sua proibição de investigar!), as corporações profissionais, diretamente controladas pelo governo, substituem os sindicatos (olha aí o Conselho Federal de Jornalismo!) e os candidatos a postos passam a ser indicados pelo partido (olha aí o Genoino e o Delubio nomeando seus exércitos de "aspones"!).
A receita do PT não é stalinista, maoísta, trotskista. É fascista.
O "IGP-VI"
A Justiça (cada dia mais injusta) oficializou de vez: há duas inflações no País, a do governo e dos bancos e grandes empresas, e a da população. Para o povo, o INPC. Para o governo e os poderosos, o IGP-DI.
De 1994 para cá, a inflação medida pelo IPCA, que serve de base para o governo pagar suas dívidas e atualizar salários e aposentadorias, foi de 165%. Mas a inflação medida pelo IGP-DI, pelo qual são aumentadas contas do governo, planos de saúde e todas as tarifas dos serviços públicos que Fernando Henrique entregou aos grupos internacionais, foi de 715%.
Façam o cálculo, mês a mês, e verão o assassinato coletivo que isso representa. Nos tribunais de Brasília, o IGP-DI é chamado de "IGP-VI" em homenagem a Edson Vidigal, o deputado de Sarney que virou juiz, preside o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e é o excitado advogado do "IGP-VI".
Blindados
Depois que inventou blindar o Meirelles do Banco Central com o título fraudulento de ministro, para impedir que o Ministério Público e algum juiz o obrigasse a prestar contas das maracutais externas e internas com os doleiros piratas de seus R$ 100 milhões, Lula não teve mais sossego.
Agora, Delubio Soares, o decúbito dorsal do PT, e o novo amigo de infância de Lula, Ricardo Teixeira, da CBF, também querem. Os romanos sabiam das coisas: "Asinus asinum fricat" (um asno coça o outro).
Cinema negro
Continua rendendo o escândalo racista no festival de cinema de Gramado. O presidente do júri, Rubens Ewald Filho, disse ao "Jornal do Brasil" que o diretor, atores e atrizes do filme "Filhas do vento" só receberam os prêmios (Kikitos) porque são negros:
"Ou alguém acha que foi à toa que demos prêmios para seis atores negros, em um estado como o Rio Grande do Sul, que sempre foi acusado de desprestigiar o negro? Eles agradecem a todos e não se lembram de nós".
É a cota para negros em prêmios. Diretor e atores ficaram justamente indignados. Mas são também culpados. Não podiam aceitar como presidente do júri um americanóide alienóide e debilóide. Esse Ewald, que pensa que nasceu em Nova York só porque tem um "W" no nome, todo ano é tradutor, no SBT, da cerimônia de entrega do Oscar. Em vez de traduzir, como manda sua função, ele diz todos os nomes em inglês. Por exemplo:
Em vez de "Titanic", como é no Brasil, ele diz "Taitânic". Ridículo.
Ombudsman
Em Santiago, no Chile, Lula foi com o presidente Lagos visitar uma obra social no bairro João Goulart. Logo o "Jornal nacional", da TV Globo, inventou que a homenagem ao ex-presidente brasileiro era "porque ele viveu lá como exilado político". Jango nunca se exilou no Chile. sebastiaonery@ig.com.br Sebastião Nery - Tribuna da Imprensa, 27/08/2004

24 de ago. de 2004

Medalha de ouro em demagogia

Nelson Jobim, presidente do STF, ao julgar a taxação dos inativos, entende que o órgão deve levar em conta a realidade do país. "Nosso objetivo é analisar a constituição, mas sem demagogia."
E eu que pensava que STF fosse composto de juristas que julgavam com base na constituição. Agora vejo que também lá imperam os sociólogos...

Jus sperneandis

Na era do pré-pago, o desvalorizado jornal VALOR publicou matéria com intuito de tornar palatável a "reforma" do judiciário e, via de conseqüência, o controle externo. (Quem vai controlar o controle externo?). O mote da matéria é de que a "justiça do país é das mais caras do mundo". Como manchete, tudo bem. Chama atenção. Mas se descontrói na apresentação dos fatos. Mesmo o uso abusado de indicadores matemáticos não provam a assertiva inicial.
E dele números para provar a lentidão.
Ora, na mistura dos números lê-se, por exemplo, que 44% dos processos que chegam ao STF tem a CEF como parte. Só este dado já dá pano pra manga. Se a CEF não recorresse automaticamente ao STJ, não haveria atraso, não é? Por outro lado, qual é a natureza dos processos que envolvem a CEF? São os malditos planos econômicos. Qualquer mandalete de plantão dita regras que infringem o direito estabelecido. Os Governos, todos sem exceção, baixam medidas inconstitucionais, fragilizando o Estado de Direito, corroborando para a insegurança jurídica, e a culpa é do judiciário. Quando o Executivo baixa uma medida provisória que muda todo o sistema monetário, e que vai sendo republicada mês a mês, com pequenas ou grandes alterações, com certeza gera conflitos jurídicos. Às vezes acontece com determinada medida provisória o mesmo que na brincadeiro do telefone sem fio. A lei que deriva pode resultar substancialmente diferente da primeira medida provisória. Entre a primeira publicação e a última, uma série de atos jurídicos foram perpetrados, e a instabilidade da regra gera instabilidade nas relações contratuais. Afinal, se a MP mudou, também o contrato erigido sob a égide de uma pode sofrer, ou não, alterações para se adequar à MP seguinte.
Sabe-se, também, que determinado Estado da Federação pretendia sediar novo TRF. Para tanto, a Federação de Indústrias, Governo do Estado, OAB local e magistrados concebem o seguinte estratagema: apresentar sempre ações individuais, nunca coletivas. Digamos que o Sindicato dos Bancos pretende acionar a classe patronal. O advogado entra com processos individuais, abarrotando a justiça, de forma a justificar um volume de processos condizente com a implantação de um novo tribunal. Então, toda simplificação serve apenas para escamotear uma grande empulhação. Até hoje, o Executivo se mantém como campeão na modalidade.
Portanto, em época de Olimpíadas, a medalha de ouro no esporte escolhambação vai para o executivo. Por sua atuação amadrinhada, no compadrio dos cargos em comissão nos ministérios, a medalha de prata vai para o Legislativo. Sobra um bronze para o Judiciário, claro!

23 de ago. de 2004

A denúncia do denuncismo *

*JANIO DE FREITAS
Bem que o seu presidente o alertou, leitor distraído, contra o denuncismo praticado pela imprensa brasileira - ou, mais precisamente, pelos jornalistas sem vínculo com o poder. Sempre desejosa de aprimorar-se, nos últimos dias a imprensa levou o seu mau hábito ao paroxismo: voltou o denuncismo contra si. E por iniciativa de um jornalista, que denunciou a trapaça jornalística, de sua co-autoria, que transformou em US$ 1 milhão o US$ 1 mil movimentado pelo então deputado Ibsen Pinheiro. E com esse escândalo motivou a cassação injusta do deputado. Mas a atual denúncia do denuncismo passado, cá entre nós, não é denúncia e tem tudo de farsa.
A verdade, comprovável por documentos oficiais, é que Ibsen Pinheiro não foi cassado por ter a CPI do Orçamento (mais tarde "CPI dos Anões") considerado inaceitável a "transferência de US$ 1 milhão de uma conta bancária de Ibsen Pinheiro de uma agência da Caixa Econômica para uma agência do Banrisul". O valor, no caso, poderia ser qualquer um, e o problema seria o mesmo. Porque não se tratou de movimentação para uma agência qualquer, como faz crer o denuncismo atual do denuncismo passado.
A CPI constatou que Ibsen Pinheiro transferiu seu dinheiro para o Uruguai, salvando-o do seqüestro das contas e da poupança nas vésperas do seqüestrador Plano Collor. Ibsen Pinheiro era então o prestigiado líder do PMDB na Câmara e foi quem quebrou a demorada resistência peemedebista para aprovar o seqüestro do dinheiro privado, causa de desgraças inumeráveis, pessoais e empresariais.
Em seu depoimento na CPI, Ibsen Pinheiro atribuiu a transferência a um pagamento que, porém, recusou-se a dizer de que ou a quem. E deu como destino a cidade brasileira de Santana do Livramento. Não por acaso, cidade geminada à uruguaia Rivera, na qual a CPI constatou localizar-se a agência destinatária da transferência feita pelo líder do PMDB.Dinheiro e bens produziram respostas de Ibsen Pinheiro, na CPI, que mais o arruinaram do que esclareceram. O depósito feito em sua conta pelo também deputado Genebaldo Correa, um dos "anões" de maior atividade malandra, continuou inexplicado. Ibsen Pinheiro acabou apelando para uma tal caminhonete que teria vendido a Genebaldo, mas comprado de Genebaldo, que comprou de Ibsen e depois vendeu a Ibsen, enfim, uma caminhonete que se mudou muito sem deixar pista alguma de sua inconstância.
Contribuiu também, para a cassação de Ibsen Pinheiro, um problema institucional que ele não transpôs: o presidente da CPI, Jarbas Passarinho, recebeu documentos do Senado comprovando que a primeira CPI do Orçamento, requerida em 1990, acabou arquivada em 92 porque o então presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, não cumpriu formalidades dele esperadas. Ao depor, acusou pelo arquivamento o senador Mauro Benevides, seu colega no PMDB. Logo a CPI concluía que Benevides cumprira seu papel e que Ibsen, portanto, bloqueara a CPI em causa própria. Ibsen Pinheiro, deve-se reconhecer, foi até mais cauteloso do que isso: como presidente da Câmara, tratou de demitir o funcionário que fez a primeira denúncia da corrupção dos "anões do Orçamento", mais tarde repetida, afinal levando em 93 à CPI, pelo também funcionário José Carlos dos Santos, aquele acusado de matar a mulher.A CPI teve mais à disposição de suas conclusões sobre Ibsen Pinheiro, como um episódio que não apareceria no exame de movimentação bancária: a compra de um imóvel com dinheiro levado em mala. Informação espontânea do ex-dono do imóvel, que descreveu os pormenores do negócio e do espanto ao ver o sóbrio deputado com a evidência da origem inconfessável do dinheiro. Antes dessa narrativa, Ibsen Pinheiro deixara sem resposta, em seu depoimento na CPI, as perguntas sobre a procedência dos recursos para a compra do imóvel.
Nelson Jobim, que já era como deputado o Nelson Jobim de hoje no Supremo Tribunal Federal, articulou-se com o deputado Abi-Ackel para compelir os líderes do PFL, PMDB, PPR e PSDB na Câmara a mobilizarem-se em conjunto para evitar a prorrogação da CPI do Orçamento, o que sustaria várias investigações. Seu êxito foi apenas relativo. A CPI esteve sempre sob fortes pressões assim, partidas até dentro dela. No final, conveniências políticas e interesses pessoais salvaram da cassação vários parlamentares, mas os cassados não o foram sem provas seguras e abundantes. E foi por decisão do plenário, e não da CPI, que se deram as cassações.
Ibsen Pinheiro foi cassado pelo conjunto de sua obra, e não, como pretende a "corajosa" autodenúncia de uma leviandade jornalística, pela hipotética movimentação de US$ 1 milhão ou de US$ 1 mil. O que seria impossível porque, entre outros motivos, a CPI ajustou prontamente os valores corretos, fossem em dólares ou em novos cruzados, das contas de Ibsen Pinheiro - agora em campanha para retomar, a partir do Rio Grande do Sul, a carreira política. Na qual seus deméritos identificados pela CPI não negam os muitos méritos que teve como deputado federal.
Todos os fatos e dados deste artigo estão documentados, foram publicados à época e jamais contestados. Nem mesmo pelo atual denuncismo contra o denuncismo da imprensa, que preferiu ou precisou não os lembrar.
Resposta
Desfez-se a expectativa, aqui anotada, sobre o voto do recém-empossado ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau, quanto ao desconto de previdência nas aposentadorias do funcionalismo. Como advogado e jurista, Eros Grau foi autor de recente parecer contrário à taxação previdenciária dos inativos, por considerá-la inconstitucional. Como recém-nomeado por Lula para o STF, aí votou pela cobrança.Eros Grau cobrou, a uma associação de professores, R$ 35 mil pelo parecer. Pelo seu voto governista, como ministro estará recebendo, neste mês, a metade do seu preço de parecerista. Eros Grau ficou, de fato, muito mais barato.Finda uma, surgiu outra expectativa, sem promessa de solução próxima. O político-juiz Nelson Jobim votou, claro, com o governo, sob o poderoso argumento de que derrubar a nova taxação dos inativos causaria "extraordinário rombo" nas contas governamentais. Causar, não causaria, porque o rombo já existe. E agora se trata de saber o seguinte: ministro do Supremo lida com contabilidade ou com Direito, Constituição, direitos e Justiça?
Folha de São Paulo, 22/08/2004.

"Deslumbrados, emergentes, aburguesados, impostores históricos".

Diagnóstico cruel, mas verdadeiro. O Deputado Fernando Gabeira, atualmente sem partido, acertou o alvo. Nesta estação de Olimpíadas, merece medalha de ouro. Aliás, traduz com precisão o pensamento da parcela mais politizada da população. Todo aquele que se considera um "apóstata petista" tem o direito de se sentir aliviado do peso de uma religião fundamentalista.
Alguns fatos são elucidativos, dispensando qualquer comentário:
1) Perseguição dos servidores públicos, principalmente os mais idosos;
2) Proteção dos bancos através dos mais diversos mecanismos;
3) Doação de poços de petróleo descobertos pela Petrobrás a empresas estrangeiras;
4) Flexibilização, que palavra!, dos transgênicos;
5) Medida provisória para blindar o banqueiro Meirelles na presidência do Banco Central, em complemento ao item 2, acima;
6) O propensão em filiar políticos corruptos, em substituição ao expulsos por excesso de honestidade.
PT NUNCA MAIS!

20 de ago. de 2004

A Prostituta

Não há mais segurança jurídica, há interesses. Se estes se chocarem com a Constituição, muda-se está para não prejudicar o apetite. Assim foi para promover a reeleição do professor Cardoso. Assim está sendo para que Lula possa cumprir com os compromissos com os Bancos. A única dúvida é se o interesse é dos bancos ou bancário. Se for dos Bancos, Lula apenas assume em mais um aspecto a defesa das grandes corporações. Se for também bancário, vem aí mais uma "casa da Dinda".
Uma cidadã pode ser prostituta? Ulisses Guimarães havia chamado a Constituição Federal de 1998 de Cidadã. Assim mesmo, com letra maiúscula. Mas foram tantos os abusos, os estupros, a mercancia encima de seu corpo, que hoje está num asilo, administrada por velhinhos que ajudaram a desfigurá-la. Sua palavra, como num grande big brother, é monitorada por quem a explora.
Depois da decisão do Supremo, monitorada pelo Planalto, os cursos de Direito pelo Brasil afora devem se adaptar para os novos tempos. O melhor será aquele que terá na cátedra Malufs e Lulas como professores...
Triste e lindo brazil!

18 de ago. de 2004

Elas se merecem

A Revista Istoé desnudou em praça pública a nudez da concorrente Veja. Tudo por causa da entrevista de Luis Costa Pinto. Pinto foi o responsável por estampar na capa da Veja o episódio da astronômica movimentação financeira do ex-presidente do Congresso, Ibsen Pinheiro. Em entrevista à Istoé, Pinto dá uma de galo e descanta o verso, sujando o galinheiro da Veja. Ao invés de 1 milhão, teria sido apenas 1 mil. A Veja teria tido conhecimento do erro a tempo, mas como a capa da revista já estava pronta, circulou a versão brasileira do apunhalamento de César:
- Até tu, Ibsen.
Istoé, a história nem sempre é tão simples como parece. Agora a Veja tenta dar o troco, mas com dinheiro falso. Mostra que também a Istoé havia "dado" a mesma capa.
Se VEJA não presta, Istoé o quê?

13 de ago. de 2004

E por que não uma OAB de jornalistas?

Texto de um jornalista, editor gráfico e militante da liberdade de expressão enviado ao jornalista Alberto Dines, dono do Observatório da Imprensa.

Estranho comentário para quem, como vc, tem uma página na Internet denominada Observatória da Imprensa. Vc pinta o Conselho Federal de Jornalismo (Federal, Dines, que é o nome correto desse "filhote bastardo", não Nacional como consta no teu texto) como uma espécie de bicho-papão da sociedade brasileira. Qual o problema dos jornalistas, como trabalhadores organizados, pleitearem uma participação naquilo que vc mesmo chama de "Quarto Poder"? Se a mídia significa poder, é sinal que esse poder existe. E se existe, está na mão de alguém, e - por certo - não é na mão dos jornalistas.
E até onde eu sei, esse poder está concentrado na mão dos empresários da comunicação. Assim, os interesses do povo brasileiro ficam sujeitos às suas ambições, indiossincrasias e dogmatismos, raramente bem-intencionados (grifei essa frase, porque tenho a impressão de tê-la lido em algum lugar). Para vc entender melhor o que significa ambição e poder dos donos da mídia, sugiro-lhe consultar seu antigo colaborador Gilmar Crestani. Ele poderá lhe relatar algumas coisas a respeito do Grupo RBS, só para citar um exemplo.
O patronato "não brinca em serviço"; a ele não "basta dominar" a mídia nacional, ele tem também que, numa manobra claramente manipuladora típica da grande mídia, distorcer a função do CFJ, que pode ser uma ameaça ao monopólio que eles têm nesse Quarto Poder. É curioso, eu diria mais, é sintomático, como a grande mídia silenciou, quando o diploma dos jornalistas foi cassado pela infeliz juíza paulista e como agora essa mesma mídia se move, em bloco, para atacar o CFJ. A Globo deu uma longa matéria sobre liberdade de imprensa e quetais no Jornal Nacional. Imagine vc, a Globo falando em censura e em liberdade de imprensa!
Esse terror que vc tem pela CUT e FENAJ parece um tanto irracional, visto que donos da "verdade absoluta" nós já temos. São nove famílias que controlam a mída impressa e/ou eletrônica no Brasil. Preciso lhe dizer mais algumas coisa? Quem sabe se os trabalhadores organizados, furando esse bloqueio, não tornem essa verdade menos absoluta?
E, por favor, Dines, pare de falar em jornalista imparcial. Isso não existe em lugar nenhum. Vc que o diga, ou já esqueceu das suas desventuras no Jornal do Brasil? E tenho a pretensão de fazer uma última recomendação: passe uma flanela nas lentes desse telescópio, ou seja lá o que vc usa para observar a imprensa brasileira, porque acho que as imagens estão lhe chegando um tanto quanto embaçadas.

Eugênio Neves.

12 de ago. de 2004

Hélio Fernandes não perdoa

"Agora que Ricardo Kotcho vai deixar de ser secretário de Imprensa do presidente Lula, o cargo poderia ser ocupado por Zuenir Ventura. Como é difícil encontrar outro com o caráter do Kotcho, é melhor substituí-lo por outro sem nenhum caráter."
Tribuna da Imprensa, 12/08/2004.

10 de ago. de 2004

Pregos Garcia

Um Alemão abre uma filial de sua empresa de pregos em Roma. Como propaganda fez um out-door com a figura de Cristo pregado a cruz e embaixo escreveu:
"PREGOS Gerdau - 2000 ANOS DE GARANTIA"
Foi aquele rebuliço. O Bispo de Roma foi pessoalmente conversar com o Alemão explicar que nao podia fazer isso. Então o Alemão resolveu fazer um novo out-door. Colocou Cristo com uma das mãos pregadas na cruz e a outra solta, dando Tchau.
Embaixo escreveu:
"ADIVINHE EM QUAL MAO FOI USADO PREGO Gerdau"
Meu Deus do céu!!! Até o Papa foi conversar com o Alemão.
- Assim não dá! Não pode usar Cristo como garoto propaganda. Inventa outra coisa...
Então farei novo out-door... pensou o Alemão. Colocou a foto da cruz vazia e embaixo, escreveu:
"SE O PREGO FOSSE GARCIA O CARA NÃO FUGIA"

6 de ago. de 2004

O Presidente quer ser governador

O atual Presidente do STJ, Edson Vidigal, nomeado pelo então Presidente Sarney, agora retribui o apoio da famiglia sarneysta, colocando-se no páreo para a próxima campanha eleitoral no Estado do Maranhão.
Esta tal de "Cidade Judiciária" é coisa premeditada. Quem acompanhou pela imprensa a entrada triunfal do atual presidente no Conselho de Justiça Federal entenderá do que estou dizendo. A revista "VEJA" deu uma "premiére" quando mostrou a trupe sarneysta pendurada nos cabides como carne-de-sol.
L'Etat c'est moi
Luis Vidigal XIV alterou, apenas para consumo próprio, uma resolução daquele órgão que disciplinava a nomeação em cargos de confiança, introduzindo uma metodologia mui bem conhecida no Estado Compadrio. Metodologia que se pensava com os dias contados quando buscamos eleger Lula, mas que, tal como Freddy ressuscita Jason, também resssuscitou o aparelhamento do Estado com cabos eleitorais. Eis o velho patrimonialismo com viés stalinista.
Coincidência das coincidências, o presidente do STJ encontra na Presidência do STF um velho correligionário. Ambos têm a missão de implantar o Controle Externo do Judiciário. Controle Exerno não elimina Lalaus, bons exemplos, sim.
Para consumo especulativo, a "gestão" do processo de criação desta "cidade" já serviu de objeto de disputa com outros Ministros do STJ. Agora que o mote da campanha para o governo do Maranhão está criado, também estão liberadas as pesquisas de opinião.
Dará IBOPE suficiente ao candidato a Governador?
Parece que o Presidente do STF, Nelson Jobim, também é candidato a presidente, contra ou na chapa de Lula...
Lindo e triste Brasil.
Link:
Superior Tribunal de Justiça


28 de jul. de 2004

Cândido ou idiotismo?!

Questão de dias, apareceu na imprensa matéria que tratava de um pedido de indenização por "ato libidinoso diferente da conjunção carnal". O sujeito tinha participado de uma suruba, que ele eufemisticamente denominou de um simples "sexo grupal". Bebeu umas e outras e, ao cabo, fez jurisprudência que "de bêbado não tem dono".
Crime perfeito, objeto contundente, sem reconstituição, sugere uma segunda opinião.
O sujeito perdeu uma boa oportunidade de se "currar" calado, não é não?!
Agora ninguém menos que o Diretor de Política Monetária do Banco Central aparece com as calças na mão, ou, já que se trata de banco, com a mão na botija. Ao invés de sair à francesa, arria e senta. Com manguaba, só no relho.
Seu Candiota, até ontem também augusto, afirmou que foi vítima da ''libertinagem de imprensa''. Ué, o sujeito participa de um suruba financeira, leva pau e depois quer dar prá traz!
Evasão fiscal, seu Luiz Augusto Candiota, assim como sonegação, não pega bem para um Diretor de Política Monetária de um Banco Central, mesmo em um país em constante suruba financeira como o Brasil dos lulistas desvairados. Pega mal, mas pagam bem...
Não poderia ser diferente, já que o Dr Pangloss do Planalto também acha seu mundo, depois que trocou a porta das fábricas pelo Planalto, o melhor dos mundos.
Tudo isso prova que o grande profeta francês não era Nostradamus, mas mais anticlerical dos escritores, Voltaire. A prova provada está na personagem de seu livro Cândido ou o otimismo, o Dr. Pangloss. Este não parece o retrato pronto e acabado da constelação petista!?

PS. A Ministra Dilma Russef ou é um proxeneta de olheiras ou uma porcelana de presépio. A licitação para vender os poços de petróleo já descobertos pela Petrobras é de uma imbecilidade que extrapola sua triste figura.



Mordaça Petista

O título é uma empulhação, pois a mordaça não atende apenas aos interesses dos governistas de plantão. Atende aos anteriores e aos próximos. Acima de tudo, atende aos corruptos de sempre, de Maluf a Waldomiro Diniz. O título é uma empulhação, já que não atende somente aos interesses petistas, mas é em homenagem à empulhação petista.
A mordaça, filha direta e direta da ditadura, ganhou fôlego no governo FHC mas vai ser parida, mesmo que a fórceps, na democracia petista. Tudo porque os grampos telefônicos mostram a democracia dos plantonistas governamentais no uso do erário. Não querem só impedir, também querem punir com prisão. Quatro anos para quem divulgar grampo telefônico. Tudo bem se desse quatro anos para quem conduzisse cachorro em carro oficial...
Vejam que incongruência. Lula leva a cadelinha Michelle passear de carro oficial e não acontece nada. José Dirceu convive e alça a negociador do governo no congresso com ninguém menos que Waldomiro Diniz. E não o indicou por ouvir falar, eram amigos, teúdos e manteúdos. E como Dirceu e Lula podem dizer o que não pode ser divulgado se mesmo em quinze anos não conseguem distinguir amigo de larápio?
O governo se preocupa com a gravação e a divulgação de falcatruas mas não se preocupa com as falcatruas. É o típico interessado no acessório que esquece o principal. Quer prova? Veja-se o caso do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: Banqueiro em Boston, gastou 887 mil reais para conseguir 187 mil votos. Deu domicílio eleitoral em Goiás, mas, para fins de imposto de renda, continuou em Boston. É ou não um governo de Boston!
Bons tempos os dos romanos, pois até a mulher de César não bastava ser honesta, também tinha de parecer que era. Hoje não, ser ou não ser não é mais questão. A questão é esconder ou não esconder. O resto é conversa mole de deslumbrado de plantão.


25 de jul. de 2004

Troféu Lorando Lero

"Políticas cuja amplitude transcenda os partidos como sujeitos de "oposição" ou "situação", mas que coesionem grupos de opinião e quadros políticos, inclusive aqueles que, na disputa interna do governo FHC, foram derrotados por um posicionamento que se recusa a ver que, atrás dos números, existem pessoas."
Tarso Genro, Ministro da Educação do Governo Lula

 

23 de jul. de 2004

Porca Tróia


          Tróia está em moda, não por causa do filme, mas por causa do Brad Pitt. Um merece o outro. Um filme com fundo histórico, paradigmático para a humanidade, foi pasteurizado por Hollywood de tal forma que a personagem principal são os efeitos especiais. Vai-se ver o filme apenas para conferir a eficácia dos efeitos. Nada de História, drama humano, comédia ou seja lá o que for. O espectador que pensa, pensa em como se processaram os efeitos especiais. Há uma expressão italiana  que, após a interpretação holywoodiana,  passou a fazer sentido: "porca troia - Insulto di natura storico-mitologica. porca troia. donna di facili costumi e di facili trombate. porcamaremmabufaiola. oh perbacco." 
          Mas Tróia também lembra as tragédias como só os gregos sabiam conceber. Não só "As Troianas", mas também "Hécuba", ambas de Eurípedes. E para introduzir o assunto, nada melhor do que a peça trata dos preparativos da guerra de Tróia: "Efigênia em Áulis", também de Eurípedes! O sacrifício da filha de Agamenão com Clitemnestra para conseguir ventos favoráveis,  atraída do seio da família em virtude de promessa de casamento com nada menos que Aquiles, serve de meio na busca de vingança pelo rapto de Helena.
           Há algo de terrivelmente incongruente nisso tudo. Primeiro porque sacrificar uma moça para buscar vingança ou, na melhor das hipóteses, resgatar outra, não parece ser lá um "ganho" considerável. Segundo porque demonstra que os fins justificam os meios. E desde lá parece ser sempre assim. Dá um boi para não entrar na confusão e uma boiada para não sair. Um um carneiro preto, uma galinha preta, sei lá...
          Os gregos, na época em que a peça foi escrita, não mais faziam sacrifícios humanos. Pelo menos para comover os deuses. Aquele da peça teria ocorrido oitocentos anos antes. 
          Quando Alexandre ainda não era magno, pois apenas iniciava suas façanhas pelo norte da Macedônia, contra os bárbaros da atual Hungria e Romênia, lê-se que um daqueles reis sacrificou jovens para que os deuses o favorecessem na luta contra Alexandre.
          Tirando as Guerras, em que o sacrifício é generalizado, os rituais de sacrifícios humanos para obtenção de determinado fim virou caso de polícia.
          Bem, mas ainda há quem acredita no sacrifício. Seja de galinhas, bodes ou gatos. No Norte brasileiro e no Paraná, meninos sacrificados ou castrados em rituais de magia. Na Argentina, questão de um ano, houve algo semelhante. Dizem que era de magia negra, mas quem fazia eram brancos. Negros, brancos, amarelos, pardos ou vermelhos, não importa. 
          São sacrifícios, cerimônias-meios, pois não têm um fim em si mesmos. Sempre almejam alcançar algo mais, fora do ato em si. O retorno do amor ou da amada, a morte do desafeto, a ascensão política e/ou econômica. Na Espanha e em algumas regiões de Santa Catarina, a farra dos bárbaros só acontece se um boi padecer. Trucidar, fazer sofrer um animal é o supra-sumo da alegria. Não se justifica, embora a satisfação seja meramente pessoal, pois não visa outro bem que não a própria catarse.
          Está na hora de se pensar na simbologia, sem sermos tão literais. Imagine-se se a Igreja Católica, ao invés de vinho, servisse o sangue humano nas missas. E de crueldade, desde a Inquisição, ela entende. 
          Como entender que na era da realidade virtual um partido político, o PT, e o Governador do Estado, Germano Rigotto, disponham de tempo para aprovar uma lei que libere o sacrifício de animais para fins da Umbanda? A lei só proíbe sacrifício de animais com "requinte de crueldade". A crueldade sem requintes está liberada?


          É simples como o ritual; animais ou ideais hoje são sacrificados pois ambos são meios, mercadorias, postos no balcão da modernidade. Lá como cá, o sacrifício ainda é um meio de recuperar Helenas ou votos! 
          Os homens públicos deveriam saber que  compostura perdida com requintes de boçalidade não há sacrifício que recupere.
          Quem é mais irracional, o homem que sacrifica o ideal ou o animal do ritual?

21 de jul. de 2004

O melhor e o pior

Há um paradoxo clássico, aquele do cretense. Um cretense disse, em Atenas, que todo cretense é mentiroso. E agora, falou a verdade ou mentiu. Se mentiu, então seu paradoxo é correto.
Agora o botocutu de Garanhus, em  Brasília, declara:
- " O melhor do Brasil são os brasileiros".
Eu tenho outro, complementar àquele $logan publicitário, e com os dois pés na realidade:
- O pior do Brasil são os políticos!
O paradoxo é: se o melhor do brasil, que somos nós brasileiros eleitores, escolhemos o pior, então nos somos o melhor!?
Será que o governo tentou um auto elogia: o melhor do Brasil só poderia escolher o melhor, ele?!
Ah! Se fosse assim, não viveríamos num país tão desigual.
Há algo de podre nisso tudo e disso não se pode culpar o povo. O povo até escolhe certo, mas a pessoa certa muda de lado. Daí que...

Padre Padrone

O filme dos irmãos Taviani, Padre Padrone, ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em 1977. Baseia-se na obra homônima, e autobiográfica, de Gavino Ledda. Na Itália passam das 17 edições, e no Brasil já ganhou duas: Uma do Círculo do Livro nos anos 80 e agora outra da Berlendis & Vertecchia, onde  faz parte da coleção Letras Italianas.
Livro e filme mostram a tragetória do autor, na Sardenha. Percorre o caminho que o leva da liberação da tirania paterna,  ascendendo de pastor a professor universitário de glotologia. Sem sair da Sardenha.
É quase uma figura mitológica devido à carga arquética de sua história. De algum modo, todos os que se sentem oprimidos por qualquer tipo de poder encontram neles, filme e livro, inspiração e acalanto. Para não dizer esperança.
Lembrei-me deste livro ao ver no nosso governo, que gosta de usar metáforas das relações familiares, um Padre padrone (“Um pai não pode sair castigando o filho sem saber o que aconteceu realmente”, disse Lula). Parole parole, como na canção francesa.
Teríamos de nos transformamos em glotólogos e psicanalistas para desvendar o emaranhado lulista de ser. Veja-se o discurso e a prática.
Logo após a posse, Lula declarou-se "o primeiro servidor público do meu país". No entanto, usa e abusa do chicote, castigando, na esteira do governo Collor, todos os  servidores, ativos ou inativos, jovens ou velhos, bons ou maus. A primeira e grande medida do governo foi exatamente castigar os servidores. A grande reforma ainda continua sendo o achatamento salarial e a desqualificação:
- "Se um cortador de cana tem que trabalhar 60 anos para se aposentar, por que umprofessor universitário se aposenta com 53?", filosofou Lula.
Um presidente que não consegue distinguir, não pode opinar. O que Lula quis dizer? Que a professora deve se aposentar aos 60 anos? (Lula se aposentou aos 42 anos, idem FHC...) Que não vale a pena estudar? Ou que uma cortadora de cana deveria se aposentar antes do 60? Não, Lula capitalizou toda sua ignorância nesta aplicação patronal. É aqui que o pai transforma-se em patrão.
Lula não estava demonstrando preocupação com a situação social da cortadora de cana, tampouco da professora. A tal ponto que equipara situações tão díspares quanto estas. Estava administrando um orçamento, pensando na conta da previdência.
Não houve condescendência com os servidores públicos. Os velhinhos foram às filas, os inativos passaram a contribuir com 11% de seus salários, e os servidores ativos agora precisam completar 60 anos para se aposentarem.
Após ter conseguido "tudo isso", o Padre Padrone se revela. As fraudes na previdência continuam, inclusive na sala ao lado da sua, no Palácio do Planalto.
E agora seu senso de justiça torna-se ainda mais claro: um simples aumento de 0,6% na contribuição patronal foi por terra.
Para cobrar 11% dos inativos transformou-se m Fausto, e agora ajoelha-se diante dos empresários. Padre padrone!
A liberação do discurso petista nos vem pelo domínio de sua linguagem.  O conhecimento liberta.
PT NUNCA MAIS!

15 de jul. de 2004

Maconha legal

No país dos maconheiros, Reforma Agrária não sai do papel, mas poderia sair do colomi. É legal, é constitucional.
A Constituição Federal, a Carta Magna, também apelidada de Constituição Cidadã pelo timoneiro Ulisses Guimarães, dispõe:
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Algo anda embaçando os olhos dos responsáveis pela Reforma Agrária.

Sintonia

O RS é grande porque é unido,diz o slogan que liga o vazio a lugar algum. Que é unido, se havia dúvida, já não paira. Unido ao governo federal. Ambos vivem em perfeita sintonia, num mènage a trois, com os bancos. No âmbito nacional, os bancos obtem os maiores lucros e pagam menos impostos (54% menos que o ano passado para um lucro maior).
Aqui no RS, a única estatística que favorece a nova "política de segurança pública" é a da diminuição dos assaltos a bancos. Aumenta a violência de um modo geral mas diminuem os assaltos a bancos. É aí que reside a força política de segurança do "novo".
- Haja botox!
No resto, pior que antes no quartel de Abrantes.
A conjunção, não digo carnal, mas monetária, dos governos federal e estadual, deriva da verba de segurança destinada apenas à proteção patrimonial. E nada melhor que um banco para simbolizar patrimônio.
Vejo pela janela um menino sentado no banco da praça e, diante da opção preferencial pelos bancos, me pergunto:
- Quem tem mais futuro, o banco o menino?

12 de jul. de 2004

3 x 4

Enquanto a inflação aumenta na mesma proporção do arrocho salarial, pari passu com o desemprego, os bancos se beneficiam pagando 54% menos impostos em 2004. A matéria da Folha de São Paulo encontra justificativas, mas até aí também Maluf sempre foi convincente nas suas perorações. Tanto é que está solto, fazendo o que faz de melhor: concorrendo!
E para coroar a cafagestice, Lula reclama de quem faz empréstimo no cartão, pois acha que os juros são escorchantes.
Bla-blá-blá, como diria o velho Lobão de guerra!

9 de jul. de 2004

As moscas





Para governos perdidos, reduzir a informalidade é olhar para o próprio umbigo.
Na foto, sentindo o cheiro característico da política brasileira que o cheiro não passa, Lula e Kirchner se perguntam:
- Onde foi que eu pisei!?

7 de jul. de 2004

Des Crédito



Lula, profeta do passado, consciente que os servidores públicos estão com os salários defasados, havia mandado contraírem empréstimos junto aos bancos oficiais, para serem consignados em folha de pagamento. A proposta ganhou capa da Zero Hora, em abril passado. Como se quem contraísse dívidas não precisasse pagar, dando a impressão que empréstimo substitui renda. Aí vem o STJ e decide que o desconto em folha salarial de empréstimo bancário é abusivo, pois atende interesse de natureza distinta. Entende aquela corte que o servidor tem poder de cancelar o desconto em folha.
No mês seguinte, maio de 2004, seguindo a mesma trilha, na mesma linguagem mercantilista, veio com aquela história de "shopping de oportunidades" comerciais com a China.
Agora, julho, quando a campanha está nas ruas, lá vem Lula de novo, dizendo que o "sistema financeiro pratica juros escorchantes". Quer boicote aos cartões de crédito. Bingo. Se fosse assim tão fácil, Lula determinaria juros zero nos bancos oficiais, afinal Banco do Brasil e Caixa continuam sendo federais.
O "cheque azul" da Caixa e o "cheque ouro" do Banco do Brasil continuam cobrando "juros escorchantes". E mesmo os empréstimos consignados em folha, que baixaram para 1,8%, continuam altos, se considerarmos a inflação.

5 de jul. de 2004

Lula Buendía




Deu no New York Times. Lula é filho de Macondo, aquele mundo mágico e ao mesmo tempo sufocante de Gabriel Garcia Márquez. Em Macondo, até as moscas sabem, mudam as bananeiras mas os bananas continuam sendo Buendía. Tal e qual. No Brasil, mudam as moscas e os bananas, e o cheiro continua insuportável.
Será que ainda vamos rir de tudo isso?!

29 de jun. de 2004

Bashô um santo em mim

Matsuo Bashô (1644-1694, Japão), é justamente considerado o pai do Hai-Kai. Não só foi o criador supremo como também jamais foi ultrapassado em competência na arte dos versos métricos 5-7-5, tratando da natureza. Via e descrevia as estações como ciclos pelos quais também passa a natureza humana. Em todos os caminhos de sua peregrinação a natureza e o ser humano cruzam pelas mesmas encruzilhadas. Neste sentido, poucos o sobrepujaram. Com pincel fez o épico da natureza através de ideogramas poéticos. Ninguém foi mais eficaz em dizer da importância da natureza na nossa vida. Sua senso de finitude cósmica transparece, sem nostalgia: "Estou só e escrevo para minha alegria". Era na escrita que registrava uma vida despojada mas consciente da transitoriedade: "Lembranças de um esqueleto exposto às interpéries". Suas viagens geográficas produziam viagem poéticas. Como não lembrar de Bashô através de sua discípula brasileira, Alice Ruiz, viúva de Paulo Leminski, a grande haicaista mais do que nunca viva:
"Que viagem
aqui parada!"


Nós, como as cigarras, deveríamos ler mais Bashô:
Sua morte próxima,
Nada a faz prever
No canto da cigarra.


O inverno, inclemente também no Japão, não congela sua capacidade poética:
A água é tão fria
Como pode a gaivota
adormecer?

Um vento glacial sopra
Os olhos dos gatos
pestanejam

As mãos no lume
... e na parede
a sombra de meu amigo

Separados pelas nuvens
Dois patos selvagens
dizem-se adeus


Para saber mais Caqui, o Hai Kai da Internet, em bom Português

28 de jun. de 2004

Primeira Pesquisa CEPA - @ZH

ZERO HORA - 28/06/2007
Eleições
Cepa indica Pont na liderança
Pesquisa aponta segundo turno na disputa pela prefeitura


O mais recente levantamento do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indica o candidato do PT, Raul Pont, à frente dos adversários, com 29,8% das intenções de voto. Em segundo lugar, está o candidato do PPS, José Fogaça, com 16,8%. Em terceiro, aparece Vieira da Cunha, do PDT, com 10,2%.

O levantamento foi realizado considerando Hermes Zaneti como candidato do PSDB. Ontem, o partido decidiu pela aliança com o PFL, indicando o vice de Onyx Lorenzoni, deputado estadual Paulo Brum.

O resultado da pesquisa indica a realização de um segundo turno, necessário sempre que nenhum dos candidatos alcançar a metade mais um dos votos válidos (descontados brancos e nulos). Somados, os sete adversários do primeiro colocado, Pont, totalizam 63,8% das preferências dos votos válidos.

O Cepa apresentou aos eleitores 28 cenários de segundo turno, com todas as combinações possíveis entre candidatos. De acordo com o levantamento, se Pont e Fogaça disputarem o segundo turno, há empate técnico, com uma pequena vantagem para o candidato do PT, que tem 37,9%, contra 36% de Fogaça. Em todos os demais cenários de segundo turno, Pont supera os adversários por margem superior à margem de erro da pesquisa, de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Rejeição a petista é mais alta entre homens

Pont é o candidato com mais alto índice de rejeição entre os oito concorrentes indicados na pesquisa. Um total de 35,3% dos entrevistados afirma que não votaria no ex-prefeito da Capital de jeito nenhum. A rejeição a Pont é mais alta entre os homens (42,8%), os eleitores com mais de 40 anos (37,8%) e com ensino superior (36,1%). Fogaça, segundo colocado na pesquisa, tem o quinto índice de rejeição, de 18,1%. O candidato do PPS é mais rejeitado entre os homens (20,2%), eleitores entre 16 e 19 anos (21,9%) e com ensino médio (26,5%).

O candidato com mais baixo índice de rejeição é Beto Albuquerque, do PSB, com 11,5%.

A pesquisa foi realizada na terça-feira, 22 de junho, com 625 eleitores da Capital e registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número 6/2004.

A dupla na Estrada da Perdição

Gangsterização do petismo

Coisas que eu gostaria de dizer e teria dito de outra maneira, menos clara e mais enfática:
A gangsterização do petismo é o fenômeno mais relevante da política brasileira nos últimos anos. O barateamento sumário das aspirações coletivas de que o partido era o maior portador é a face mais visível de uma conversão política sem precedentes, a qual acanha e acanalha os horizontes do país e vai transformando-o, aos olhos do mundo, num "suave fiasco", segundo a boa definição recente de um embaixador. É possível que a ressaca social resultante desse fenômeno, que apenas começa a ser sentida, já se materialize no resultado das eleições deste ano.
Fernando de Barros e Silva, na Folha de São Paulo, 2806/2004

A Oportunidade

Uma batalha não a guerra, mas diz muito sobre os envolvidos. A batalha petista, com lances de fisiologismo explícito no Congresso, foi uma vitória de Pirro, pois, como Pirro, pode proclamar: "Com mais uma vitória como esta estarei perdido."
Lula e entourage sabem que o gato não só subiu no telhado como só não caiu porque está com a patinha presa na telha. Qual ventinho vira tempestade.
A situação, que vai se afunilando conforme o tempo vai passando, está como aquela de Atenas após a batalha de Queronéia, resumida assim por um dos estrategos:
"Se tivéssemos perdido, estamos perdidos." Nem a vitória os salvava, posto que se mantinha apenas uma situação insustentável, a decadência generalizada da classe dirigente provocada pela promiscuosidade dos estrategas.

27 de jun. de 2004

Transgênicos

Assim como o chimarrão e o churrasco, os transgênicos estão dentre as coisas tipicamente gaúchas. Recebe do coronelismo eletrônico, associado ao coronelismo agrário, a benção e a divulgação para tornar uma mentira uma verdade. Ao estilo Goebbels. Lá como cá, a mentira tem pernas curtas.
Os olhos amendoados dos chineses não impedem a visão e seu senso de saúde, milenar, não descura sequer com um grão de soja. A vanguarda do atraso, da Campanha, Coxilhas e Torres de TV, pretendiam enganar os chineses misturando soja boa com soja transgênicas. Prejudicaram os que produziam soja boa, lançou lama sobre a honestidade de todos os brasileiros diante dos chineses, e botaram os gaúchos como seres abjetos que misturam veneno com comida.
O coronelismo eletrônico, que deveria exercer seu papel informativo, continuou seu método manipulativo e ajudou a fraudar a verdade.
Para dar clima globalizado, o Governo Federal legitima a barbárie. Não bastasse o deputado Paulo Pimenta, petista de bolso e prontuário, fazer a defesa da sujeira, o Governo como um todo peca por omissão, certamente convencido por comi$$ão. A união da vanguarda do atraso do coronelismo gaúcho, com o atraso da vanguarda petista no Planalto só poderia resultar numa desinformação transgênica generalizada.

26 de jun. de 2004

Nota Zero

Professor Luizinho, como é chamado o desvairado petista paulista, saiu-se com esta, na defesa do "mínimo" lulista:
- Com inflação e salário mínimo maior, "quem paga a conta no final é a classe mais pobre."
- Resposta certa, professor.
Com inflação e com salário, ainda se pode pagar conta. Sem salário, nem com e nem sem inflação, se pode pagar conta. Com a inflação baixa, o novo credo petista, somente o desemprego tem crescido. Agora me explique, professor, como um desempregado paga conta?
Esta relação do mínimo com a previdência é outra assustadora mistificação, como o Monstro do Lago Ness. Ao cabo, estes desabusados estão cuspindo na nossa inteligência.
Que venha outubro!

22 de jun. de 2004

Leonel Brizola (1922 - 2004)

AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada ...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Raimundo Correa (1860 - 1911)




Vão-se os Políticos, ficam os políticos. Vai a coerência, ficam as incoerências. Quanto injustiça! Vai-se Brizola, sobram Malufs, Lulas, e Éfe Agás...
O único problema do Brizola foi cercar-se de políticos da pior espécie que, ao se venderem, diminuiam Brizola. Para tão poucos o ditado "Homem que se vende já recebe mais do que vale" se adequa tão bem quanto aos políticos que viviam a sua sombra.

20 de jun. de 2004

Jeca Tatu

O Lula pode e deve apanhar. Por quase tudo. Agora está apanhando pelo motivo errado. Estão criticando a festa junina do Lula por ser festa junina, e não por Lula festejar com nosso dinheiro. Se fosse a festa das brujas, esta tal ralaohímen (Holloween), que toda escola, desde o maternal, reproduz, aqui e alhures, nada diriam. Ou, se diriam, seria para elogiar. Macaquice!
Festa boa, é festa copiada, como o Natal cheio de neve no nosso verão tropical. Coisas nossas são rejeitadas pelo simples fato de serem nossas, não por suas deficiências. Sempre achei que os EUA não merecem respeito, muito menos seus cidadãos que por aqui passam, mas muito pior é esta tropilha de sabujos masoquistas que se fazem de tapete para qualquer idiota ou coisa alienígena. São capazes de admitir um ET em Varginha mas jamais aceitam um forró, festa junina ou fandango como algo com valor em si.
Gente estúpida!

Tu sabias que...

1) A cadelinha do Lula, Michelle, já andou de carro oficial?!
2) Lula, nacionalista afamado, fuma cigarrilhas holandesas Café Crème?!
3) Que a indústria nacional não produz um carro igual ao seu Ômega australiano?!
4) Que as motocicletas dos seus batedores são as famosas americanas Harley Davidson, de dar inveja nos road movie?!
5) Que seu portentoso avião foi comprado na Europa, pois os fabricados no Brasil não estavam a sua altura?!
Acredite se quiser!

Nada como um dia depois do outro

A respeito da matéria posta logo a seguir, fiz o seguinte comentário no sítio "www.comunique-se.com.br":

Crestani [12/06/2004 - 20:18]
(Freelancer)
O Jornal do Brasil fez o que Alberto Dines costuma fazer no Observatório de Imprensa. Ambos agem como donos, lá e cá, e, quando têm pela frente algo que se choca com seus interesses, degolam. Quando escrevia no Observatório, criticando os métodos da "famiglia" RBS, bastou um telefone dos colegas de religião para me mandar para o telhado. Da mídia para os políticos e vice-versa, todos mandam às favas os escrúpulos.


Dentro os jornalistas que se manifestaram destaco apenas os que têm a ver comigo:

Manoel Almeida [12/06/2004 - 22:13]
(Publicitário-Ama Propaganda - MG - Patos de Minas)

É isso aí, Crestani, Dines, JB, Folha etc. é tudo farinha do mesmo saco, e se estamos proibidos de dizer essas verdades lá, existem outros espaços verdadeiramente democráticos, e em número cada vez maior. Claro que não fomos os únicos a sofrer retaliações do Mausoléu da ImprenÇa ("caiado por fora, mas por dentro está cheio de toda espécie de podridão..."), nem é à toa que ele prestígio, sendo rápida e definitivamente suplantado pelo Comunique-se, onde o fluxo de informações e de idéias contrárias aos interesses das prima-donas do jornalismo tupiniquim é mais difícil de ser contido. Este espaço para jornalistas, embora ainda com inúmeras falhas, é o conceito que, verdadeiramente, mais se aproximou de um JORNALISMO INDEPENDENTE até agora. Deixemos os observadores, coitados, enganar-se a si mesmos, com seus delírios e prepotência.



Luiz Egypto [13/06/2004 - 01:19]
(Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo-Observatório da Imprensa - SP)


2 - E entenda que a Marinilda tem responsabilidades sobre a caixa postal do OI, e se reporta a mim, e nada do que ela decide é sem o meu conhecimento. Então cobre a não publicação de UM artigo seu a mim, e não a dela. E já que estou aqui, devo me dirigir ao Crestani, em consideração a ele, com quem conversei muito embora nunca o tenha encontrado. Que este fórum saiba que o Crestani deixou de escrever no OI por força de uma desinteligência havia entre ele e o Dines quando este cobrou do articulista regular (Crestani escrevia praticamente toda as semanas, naquele período) variar um pouco o foco de suas críticas. Dines, na época mais metido no operacional, exerceu suas prerrogativas de editor. Se o Crestani só dava pau na RBS, tudo certo. Nunca deixamos de publicar um sequer. Mas por que não atentar para outros veículos? Afinal, somos um Observatório. E o Dines cobrou: por que NUNCA comentar a recusa da TVE local retransmitir o Observatório da Imprensa na TV? Aí virou um bololô.


Agora leia AQUI minha última colaboração ao Observatório da Imprensa, e as repercussões.