7 de dez. de 2008

Não existiria Continente se não existisse Ilha

Em 1777 os castelhanos invadiram a Ilha de Santa Catarina. Portugal reagiu. Nascia a oposição Ilha versus Continente. Nossos somos d'O Continente do Érico Veríssimo, que também era de São Pedro. Não teve santo que impedisse, tal qual Abel e Caim, Santa Catarina e São Pedro nasceram se olhando de soslaio. Este Gre-Nal é, ao mesmo tempo, uma relação de amor e ódio, e um não existe sem o outro. Não existiria Continente se não houvesse pelo meno uma Ilha. Dessas dicotomias, desse Caos originário, brotam forças para justificar o empenho de ambos, como vizinhos invejosos.
Para os catarinenses, os gaúchos são imperialistas. E fundamentam: a RBS é gaúcha. Instalou-se em SC como um polvo. Culpa dos gaúchos! Para os gaúchos, nada mais natural, eles bem que merecem um cancro, afinal enquanto a RBS se ocupa em dilapidá-los, esquece deixa os gaúchos em paz. E, enquanto a chicote sobe e desce, o lombo descansa.
O oeste catarinense é gaúcho. Garopaba é uma colônia, um posto avançado para se chegar a Florianópolis, porto-alegrense. Lembra a Cartago fenícia, e a Siracusa grega. Só que o comércio agora atende pelo nome de turismo, descanso de férias. E nada melhor que um Desterro na Ilha.
As Catástrofes
Os pré-socráticos entendiam que o princípio gerador de todas as coisas não derivava de apenas um elemento, mas de quatro, nessa ordem 1 (fogo = Zeus), 2 (ar = Hera), 3 (água = Néstis) e 4 (terra = Hades). Os dois últimos combinados são os principais algozes de Santa Catarina. As enchentes, água, estão no topo da lista, mas é a terra, ao deslizar, é quem soterra. Nenhum filme de terror contém cenas tão dramáticas do que aquelas produzidas pelos eventos naturais, registradas no momento em que estão acontecendo, seja dos deslizamentos em Santa Catarina, seja do Tsunami que varreu a costa da Ásia, no Oceano Índico, com seus quase 300 mil mortos.
Não foi a primeira. Blumenau e mesmo Tubarão já sofreram com o terceiro elemento dos pré-socráticos. Blumenau já sobreviveu a muitas enchentes nos anos de 1911, 1948 , 1974, 1980, 1984, 1992, 2000 e agora 2008. Já em Tubarão, o desastre de 1974 supera em número de vítimas a soma dos desastres de Blumenau.
A Solidariedade
Quase tão comoventes quanto as cenas em que a avalanche de lama engolia casas e carros, foi ver a solidariedade das pessoas próximas ou distantes, conhecidas ou desconhecidas, pobres ou ricas, religiosas ou apóstatas.
São momentos que justificam a fé nas pessoas, nas quais devem estar centras as atenções das instituições, sejam de que nível for. Oportunidade ímpar para ver desnudo o deus Mercado, seduzindo seu seguidor para cobrar 10 reais por um litro de água. De nada vale a vida para aqueles que tem a medida de todas as coisas no lucro a qualquer preço.
A catástrofe também serviu para manifestações que transcendem os acontecimentos. São registros que emocionam e mantém nosso otimismo de que a humanidade tem jeito, sim, inclusive entre gaúchos e catarinenses... Como estas que recebi por email:
DEPOIMENTO CIDADÃO DE ITAJAÍ (Sta. Catarina)
"Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar em Itajaí. A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta "folga forçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa cidade.
Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência.. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.
Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
 - Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros;
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 100 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas.
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não abandonar suas casas e terem elas saqueadas.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.
 
Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
 - Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram com veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas, muitas vezes famintos por não terem tempo nem de almoçar, outras vezes preocupados por estarem longe de suas esposas, namoradas, longe de seus amores, de seus filhos, abdicando disso tudo para salvar outras vidas...
- Aos Médicos, enfermeiras e demais profissionais Voluntários.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

 
Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:
 
 
COMEÇAR DE NOVO:
 Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério
Eu tinha rejeição por quem era da periferia
Até que me deram abrigo e alimento
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos,
Agora nem tanto
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo
Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio
Graças a Deus
Vamos começar de novo.
                           (Anônimo)
   
É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente. Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de crescer como ser humano.
Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos.
"
                                                                       Luis Fernando Gigena (Itajaí-SC)

19 de nov. de 2008

Mala Educacion

Foto: Fernando Gomes
No Rio Grande, Yeda canta de galo, faz ninho, põe ovo mas quem faz cocoricó está do lado. Triste figura que adorna a ausência de idéias, cujas explicações são mais furadas que a bandeira dos farrapos. Dizer que pediu silêncio "porque os manifestantes estavam vaiando durante a execução dos hinos" não é só mais uma mentira despudorada, mas uma leviandade estampada em foto. Se verificarmos bem, enquanto garra de ave de rapina toca o nariz adunco, nenhum áulico está entoando outro hino que não o da complacência com o deboche. Aliás, há uma figura no primeiro plano com um sorriso prá lá de debochado. Alguém consegue, através da foto, identificar alguém que esteja entoando um hino, qualquer hino, mesmo que seja de um time de futebol?

6 de ago. de 2008

A Folha Furou, e a Rede Bunda Sujou

Folha de São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008
Aguarda-se um pronunciamento de 15 segundos do canastrão dos pampas

Acusado de desvio no Detran-RS muda versão e agora envolve Yeda

Lair Ferst, que coordenou campanha de tucana, diz que atual gestão reestruturou esquema de fraude

Empresário negocia com a Procuradoria implicar o primeiro escalão do governo em troca da retirada de parte de acusação contra ele

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O empresário Lair Ferst, acusado de ser um dos pivôs do desvio de R$ 44 milhões do Detran-RS, envolveu ontem pela primeira vez a governadora Yeda Crusius (PSDB) na fraude.
Uma semana depois de se desfiliar do PSDB, Ferst -que ajudou a coordenar a campanha de Yeda em 2006- afirmou em entrevista exclusiva à Folha que foi uma decisão da cúpula do governo reestruturar o esquema de desvio.
O empresário negocia com o Ministério Público Federal e com a Justiça implicar cerca de dez nomes de integrantes e ex-integrantes do primeiro escalão do governo gaúcho, além de pessoas com foro privilegiado, em troca da retirada de parte das acusações contra ele.
Ferst é réu em ação criminal com outras 39 pessoas. Ele responde, entre outras acusações, por corrupção ativa e extorsão. A Folha apurou que essa é a segunda tentativa dele de fazer um acordo. A primeira foi vetada pela Justiça em abril.
As novas informações que Ferst promete acrescentar se referem à chamada "fase dois" da fraude -quando o Detran substituiu, em maio de 2007, a Fatec pela Fundae, ambas fundações ligadas à Universidade de Santa Maria.
As investigações apontam que a troca ocorreu para retirar as empresas da família Ferst do esquema e beneficiar empresas ligadas a integrantes do aliado PP. Mesmo assim, até então, o empresário havia assumido posição de defesa da governadora -negando inclusive qualquer proximidade com a tucana. "Procurei não potencializar essa relação em razão do clima quente do debate político que se travou na CPI [da Assembléia Legislativa], eu não achava que era conveniente servir de munição para a oposição."
Agora, Ferst afirma que era amigo da governadora e que foi recebido mais de uma vez por Yeda depois da posse. Segundo ele, a reestruturação da fraude, com a troca de fundações, foi decisão política do governo. "É público e notório que houve o envolvimento da governadora nesse processo", disse ele.
O empresário afirma que as informações que prestará ao MPF irão envolver pessoas próximas a Yeda. A crise já derrubou cinco integrantes do primeiro escalão, alguns deles citados por réus em grampos realizados pela Polícia Federal na Operação Rodin.
A reavaliação de sua estratégia de defesa ocorreu após o cancelamento do depoimento que prestaria à Justiça Federal no dia 20. Aprovada este ano, a lei 11.689 altera o curso do processo criminal, deixando para a última fase os depoimentos dos réus. Além da razão processual, Ferst mostra-se magoado com o "abandono" de tucanos.
Na semana passada, Ferst foi impedido pela PF de sacar R$ 200 mil em agências bancárias de Porto Alegre. Ele diz que o dinheiro é lícito e que vai acionar judicialmente a PF pelos abusos que afirma ter sofrido.

11 de jul. de 2008

Penélope para Presidente

Já que o tema são os animais, lanço minha labradora Penélope para Presidente do STF. Ela tem uma capacidade de abstração invejável. Já leu Norberto Bobbio em italiano. Atualmente está em dúvida entre Jung e Freud, o que tem provocado algumas alterações de humor: cada vez que ouve meu nome foge latindo! Hoje ela me mostrou um artigo no jornal Zero Hora, do Procurador Federal, Douglas Fischer. Enquanto lia, ela deitou-se nos meus pés e cochilou, sentido-se segura, pois ainda há gente de bem neste mundo.


11 de julho de 2008 | N° 15659
AlertaVoltar para a edição de hoje
Artigo
George Orwell salvou Dantas?, por Douglas Fischer*

Manhã de 10 de julho de 2008. Manchete de ZH: "Supremo manda polícia soltar banqueiro Dantas". Voltarei ao tema. Preciso antes compartilhar outros fatos com o leitor.

Atuando num processo no ano passado, com réu condenado por pequeno tráfico de entorpecentes, vi uma colega procuradora da República recorrer para absolvê-lo. Ela o havia denunciado, mas, no curso da ação, concluiu não haver provas para condená-lo. Sim, leitor, o MP deve atuar em favor do réu se assim entender. É o que determina a Constituição. Dei parecer favorável, mas a condenação foi mantida.

Há que se respeitar o entendimento do Judiciário, mas recorri ao STJ a favor do réu. O recurso foi admitido. Contudo, como demora. Porque ainda preso o réu, entrei com um habeas corpus no STJ (sim, leitor, o MP também pode recorrer em favor de réu para beneficiá-lo). Eu entendia que sua prisão (já há quase dois anos) não tinha fundamento jurídico. A liminar foi indeferida.

Passaram-se alguns meses. Natal, final de ano, férias, praia para alguns. Para outros, sol "quadrado". Em março passado, invocando precedente do STF - que serviu para a soltura de Flávio Maluf e, depois, de seu pai, Paulo - , "ousei" impetrar novo hábeas no próprio STF, com pedido de liminar. Nada. Pedi novamente. Nada. Mais de três meses depois, sai a decisão do relator: o hábeas é indeferido. O argumento: não haveria flagrante ilegalidade e o hábeas impetrado perante o STJ seria julgado em breve. Ah, bom!

Daniel Dantas ajuizou um hábeas contra a investigação que se fazia contra ele no TRF em São Paulo. Queria um salvo-conduto. Não ganhou a liminar. Impetrou outro, no STJ. Não levou. Foi ao STF. Mais uma vez, não ganhou. Ocorre que, há dois dias, por fato novo, é decretada sua prisão temporária. Atente-se: o fundamento era novo e não havia sido objeto do hábeas já ajuizado. Em vez de impetrar (como seria o correto) novo hábeas no TRF, atacando a decisão do juiz que decretou sua prisão, foi "direto" ao STF, pedindo ampliação do pedido que lá estava. Não podia. Mas a liminar foi deferida, pouco mais de 24 horas depois da prisão. Está solto, diz a manchete do jornal.

Não há espaço para contra-argumentar o equívoco, em meu modesto juízo, da soltura de Dantas. Não contesto também, nem indiretamente (que fique claro), a honorabilidade de quem o soltou. Longe disso. Mas quem talvez não entenda nada, se souber da manchete de hoje, é aquele preso para quem impetrei os habeas corpus e que continua preso.

Lembro de um dos mandamentos da sátira de George Orwell em sua Revolução dos Bichos: "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros". Satiagraha (nome da operação) define a linha de ação de Gandhi na sua luta pela independência da Índia (Gandhi e Orwell eram indianos, por coincidência).

Dantas é grato a seus advogados, certamente. A esta altura, por paradoxal que seja, pretendia estar acendendo velas para George Orwell. Ficou difícil. Não por que o vento que corre solto no alto de sua cobertura na beira-mar do Rio de Janeiro pudesse impedir. É porque, acolhendo novo pedido do Ministério Público Federal, na tarde de ontem, o juiz federal Fausto de Sanctis decretou novamente a prisão de Dantas. O mínimo que se pode esperar é que a decisão seja respeitada. Inclusive pelo presidente do STF.

*Procurador regional da República na 4ª Região

19 de jun. de 2008

A ética da RB$


Em editorial nesta quinta, 19/06/08, a ZH chama a Governadora à responsabilidade. No título, esclarece: Retomada com ética e eficiência. Isto é, antes não havia eficiência nem ética. Mas, deixemos prá lá, afinal, o editorialista tem um conceito sui generis de ética. Em nenhum momento fala da ética da própria empresa, que sempre esteve ao lado da governadora. Também em nenhum momento fez questão de negar que recebera, ou seus jornalistas, valores para cuidarem da imagem da Yeda & Lair Ferst.
Por isso transcrevo a matéria abaixo. Ela é esclarecedora e merece ficar nos anais da história da CORRUPÇÃO NO RS. E o papel da RBS sai sujo como pau de galinheiro.

Yeda Crusiu$ e a corrupção na mídia

Um lobista do PSDB acusado de integrar a máfia do Detran diz, numa carta escrita à governadora Yeda Crusius, que vários colunistas da mídia comercial foram pagos com dinheiro do esquema ilícito. Há muito que a mídia comercial mantém relações corrompidas com o poder, como prova Bernardo Kucinski no imperdível livro “O jornalismo na era virtual – ensaios sobre o colapso da razão ética”. A análise é de Altamiro Borges.

Altamiro Borges*

O jornalista Marco Aurélio Weissheimer, da Carta Maior, encontrou uma pista para explicar o tratamento cordial – e tardio – dispensado pela mídia hegemônica ao escândalo de corrupção no governo tucano de Yeda Crusius. Pesquisando os documentos que o Ministério Público Federal apresentou contra a quadrilha que roubou o Detran, ele descobriu que os líderes desta maracutaia investiram na formação de opinião pública favorável bancando anúncios publicitários nos jornais gaúchos. Um lobista do PSDB acusado de integrar a máfia diz, numa carta à governadora, que vários colunistas da mídia comercial foram pagos com dinheiro do esquema ilícito.

Na página 56 do documento, o Ministério Público é taxativo: “O grupo investia não apenas na imagem de seus integrantes, mas também na própria formação de uma opinião pública favorável aos seus interesses, ou seja, aos projetos que objetivavam desenvolver. A busca de proximidade com jornais estaduais, os aportes financeiros destinados a controlar jornais de interesse regional, freqüentes contratações de agências de publicidade e mesmo a formação de empresas destinadas à publicidade são comportamentos periféricos adotados pela quadrilha para enuviar a opinião pública, dificultar o controle social e lhes conferir aparente imagem de lisura e idoneidade”.

Colunistas ou mercenários?
O documento não revela quais os jornais ou colunistas que prestaram o serviço sujo à máfia do Detran. Diante da gravidade da denúncia, o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande Sul enviou pedido à CPI que apura o caso para que sejam nominados os profissionais e veículos, “pois não é justo que toda a categoria seja colocada sob suspeição”. Já os jornais estaduais – a rigor, existem apenas dois, Zero Hora e Correio do Povo – fingiram-se de mortos diante da grave revelação do MPF. Até agora, a imprensa gaúcha simplesmente nem citou o trecho do documento.

Além das referências feitas pelo Ministério Público ao braço midiático da máfia, outro indício do envolvimento de jornalistas aparece numa carta do empresário Lair Ferst à governadora Crusius. Nela, o lobista tucano diz ser vítima de campanha difamatória por parte de integrantes da máfia e cita o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, e José Antonio Fernandes. Segundo confessa, a quadrilha “conta com uma série de colunistas de vários jornais que tem remuneração paga por José Fernandes para plantar notícias”. As investigações da Polícia Federal indicam que Ferst se envolveu numa briga interna no grupo pelo controle da rapina do Detran.

Colapso da ética no jornalismo
O lamentável, como afirma Marco Aurélio, é que a imprensa nada divulgue sobre essas relações promíscuas. “Apesar de todas essas informações, a mídia gaúcha decidiu silenciar sobre o tema. Acusados, de forma generalizada, de ter recebido verba publicitária de integrantes da quadrilha, os jornais do Estado não publicaram uma linha sequer sobre esse assunto espinhoso”. O mesmo tem ocorrido na mídia nacional. Mas o ruidoso silêncio não é de se estranhar. Há muito que a mídia comercial mantém relações corrompidas com o poder, como prova Bernardo Kucinski no imperdível livro “O jornalismo na era virtual – ensaios sobre o colapso da razão ética”.

Ele mostra que sempre existiu no Brasil uma imprensa “marrom”, feita de matérias compradas e de deturpações grosseiras para favorecer grupos econômicos e políticos ou simplesmente para vender mais jornal. Cita Assis Chateaubriand, que ergueu seu império dos Diários Associados com base num jornalismo inescrupuloso. “A corrupção é uma prática sedutora na indústria de comunicação pelo fato de nela se combinar o poder de influenciar politicamente a opinião pública com o poder econômico. Nenhuma outra indústria tem essa característica. É uma prática também comum entre os jornalistas, por sua proximidade no jogo de influência dos poderosos”.

A corrupção institucionalizada
Para ele, porém, a prática da corrupção adquiriu novos e sutis contornos na era do jornalismo on-line e do predomínio da ditadura financeira e da globalização neoliberal. Ela é mais patente no jornalismo econômico, “que estabeleceu relações promíscuas e venais com o capital financeiro. Analistas de bancos e corretores de valores conseguem ganhos extraordinários nas bolsas ou mesas de câmbio por intermédio da disseminação de notícias falsas ou falseadas... Com o colapso da Enron e de outras grandes empresas norte-americanas na primeira crise da economia virtual em 2002, descobriu-se que essas empresas faziam pagamentos volumosos a jornalistas de prestígio pela redação de discursos e relatórios, forma disfarçada de comprar seus favores”.

A chaga da corrupção nos meios de comunicação e até entre os jornalistas, que nunca é abordada pela própria mídia, teria ganhado impulso com o neoliberalismo. “O projeto neoliberal implantou-se no país comprando votos no Congresso e vendendo grandes empresas públicas a consórcios formados por meio de acordos secretos que contaram com recursos dos bancos oficiais e de fundos de pensão, obtidos às vezes com apoio em suborno. O neoliberalismo consagrou a corrupção como padrão de negócios e da política. A própria ideologia neoliberal, fundada no individualismo exacerbado, em sua versão latino-americana, alimentou a corrupção”.

Lembra que na campanha pela reeleição de FHC, “os barões da imprensa se reuniram com ele em Brasília e fecharam totalmente com sua candidatura. Assim, a corrupção nas empresas jornalísticas voltou à dimensão institucionalizada e compartilhada de um grande projeto de classe”. Ele aponta ainda as práticas mais comuns de cooptação de jornalistas usadas por políticos e empresas. Uma delas é o merchandising – a propaganda camuflada em programas de entretenimento. “O exemplo mais notável e mais conhecido foi o da organização de uma falsa ONG, chamada Brasil-2000, pelo presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, para pagar jornalistas que pudessem fazer merchandising das privatizações e, por tabela, da candidatura de FHC”. Como se observa, Yeda Crusius teve um renomado mestre de Sorbonne.

* Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e organizador do livro “Para entender e combater a Alca” (Editora Anita Garibaldi, 2002).

FEBEAPÁ


Acredite se quiser, está na ZH desta quinta, 19/06/08, as palavras textuais de Yeda Rorato Crusius:
"- Pedir casa emprestada é ruim. Foi por isso que comprei a minha. Tenho renda, não dependo de mesada, sou a governadora mais mal paga do país."
Como não posso dizer que uma ex-professora da UFRGS seja analfabeta, só posso concluir que é mal intencionada, para não dizer xRBS*&%$#@ZH! Se essa declaração saísse na Diarréia do Sul, o papel higiênico dos favelados, estes teriam bom argumento para terem uma casa sem pedir emprestado. Ela conseguiu acolherar dois argumentos que beiram a imbecilidade: Tenho renda, não dependo de mesada, sou a governadora mais mal paga do país".
É isso aí uma governadora? Isso a RBS chama de "discurso forte"? Vamo se respeitá!

17 de jun. de 2008

Cons-Piração


Haja o que houver, este com certeza não é um governo inspirado, mas pirado. E governadora pirada quando está constipada, dá pum! Depois de uma Feijóada, então, o cheiro fica insuportável. A indigitada não passa de ventríloquo, ou, se preferirem, de ventilador. Só faz espalhar, como rabo de rinoceronte, mais sujeira, ratificando aquela velha tese do Barão de Itararé: de onde menos espera de lá mesmo é que não sai nada. Pum, tirando o cheiro, nada move, nem supositório Martini. Yeda vê conspiração mas não sente o próprio cheiro nem vê as moscas que a cercam. Então ficamos assim, um governo constipado, com rabo de rinoceronte que, ao invés de espantar, atrai moscas.

15 de jun. de 2008

Casa de Tolerância

Gabinete de Tran$ação

A putaria está em solta, graças à cafetina do Piratini, que fez daquele palácio uma casa de tolerância. Tolerância com corrputos confessos, como César Busatto, e de intelorância com os movimentos sociais. Desde a inauguração é um entra e sai, uma rotatividade de fazer inveja ao Gruta Azul. O principal jornal do Grupo RBS, uma espécie de cla$$ificados onde são anunciados os clientes, mediante pagamento é claro, estão os registros de entrada e saída dos clientes, novos e antigos: Antônio Britto foi fotografado tentando esconder o rosto. No menáge anunciado com pompa e circunstância, denominado Gabinete de Tran$ação, Jair Soares saiu antes de ter penetrado. Traduzindo, foi uma ejaculação precoce. Não nos esqueçamos que Berfran, o Rosado, também saiu antes de vestir a camisinha. Busatto anúnciou carne nova no pedaço, em bifes: a picanha do Banrisul com os sexagenários do Simon, o seletivo, antigos freqüentadores do prostíbulo do DNER & DAER, cujo principal cliente rima com quadrilha. O Detran com o pessoal que já foi da Arena, virou i$$o e aquilo, mas nunca se desgrudaram das tetas, com a famiglia germânica tirando seus pizzu à siciliana. A CEE, e antes o Conceição, foram estuprados ao brinde de um Martini.
A tudo isso, o maior grupo de comunicação do Estado, participa como um simples voyuer onanista. Um editorial generalista, condena a corrupção brasileira, dizendo que os gaúchos não toleram. Nenhuma palavra da RBS condenando Yeda, mas sobrou para "o oportunismo demagógico de agremiações políticas que apelam para a excepcionalidade do impeachment, sem que haja suficientes provas para a adoção de tal medida neste momento". Provas: por enquanto foram 40 milhões roubados, há gravações e documentos apresentados, há demissão de secretários envolvidos, há a tolerância da cafetina, e não há provas!
A Sacanegem em detalhes:
Sabe como a ZH divulga um classificado codificado: "Em avaliação sobre o trabalho da CPI do Detran, apenas 4% dos pesquisados disseram discordar da necessidade da comissão." O convite cifrado, aqui traduzido, é o seguinte: a unanimidade dos gaúchos desejam a prorrogação da CPI do DETRAN. No jargão de bordel, COMI$$ÃO é #@+&%$ZH!

10 de jun. de 2008

Feijó & Yeda: um jeito velho de governar


Um galinheiro guardado por raposas. Este é o clima no Palácio Piratini. Pelos fundos entrou, a pedido da RBS, o ex-governador Antonio Britto. Do subterrâneo da política gaúcha a senhora Crusius ressuscitou Jair Soares e Rospide Neto. São tataravós da política. Outro que não larga o osso, e o Banrisul, é o turco da Salém.
O novo jeito de governar da ex(?)-funcionária da RBS lembra a famosa frase do Príncipe Tancredi, personagem de Il Gattopardo, de Tomaso di Lampedusa: "tutto deve cambiare affinchè niente cambi" (mudar tudo para que tudo continue como está). Afinal, o que vem ser este tal de Gabinete da Crise se crise não existe? A própria Zero Hora, porta-voz do grupo RBS, diz em manchete que não há crise, mas "atrito". São eufemismos para apagar da memória dos gaúchos este escândalo nababesco.
Por que, afinal, foram defenestrados Delson Martini, César aBusatto, Marcelo Cavalcante, coronel Nilton Bueno, Flávio Vaz Netto, Ariosto Culau et caetera se não existe nada?

9 de jun. de 2008

RBS & Corrupção: é o que você vê por aí...


Previsões de Kréu Kuh
Faz sol na Ipiranga com a Érico Veríssimo. A RBS, como o Pangloss de Voltaire, acha este o melhor dos mundos. De olho nos benefícios que sua ex(?)-funcionária, Miss Pantalha, lhe proporciona, vê céu de brigadeiro. Mas lá na Duque, ao lado da Catedral, há um tornado tucano instalado desde primeiro de janeiro de 2007 . Para as próximas horas, recomenda-se à senhora Roraro que não saia de casa sem proteção. Diante da confissão do Secretário da Casa Civil de que a Governadora é partícipe, a RBS deveria chamar de volta pra casa esta tempestade extratropial que ajudou a empurrar na goela dos gaúchos. A lama é tanta que virou uma pocilga. Para Rosane de Oliveria, um canil. Tanto que o DEMO quer tirar o sofá, digo Feijó, da sala. Isto não é prostituição, é sevícia, é crime inafiançável. Paredón!

O Canil vira Pocilga
A herdeira do Barroviejo, a senhora Oliveira, errou o sexo e viu um "Dia de Cão" no Piratini. Já a Cruela, diretamente do canil, teve o desplante de alegar que estão jogando no colo (as denúncias do Vice) um filho que não é dela. Claro, agora ela está com a placenta. Mas não não esqueçamos que o PSDB esteve ao lado de Antonio Britto, e o vice-governador de Germano Rigotto era do PSDB. O PSDB está ao lado de José Fogaça, que lhe emprestou César Busatto, que foi no Palacinho fazer uma vi$ita a Feijó. Portanto, é um filho com muitos pais, fruto de uma relação promíscua da inquilina do canil. Porque, afinal, é da sua natureza. Basta para provar que todos seus 40 ladrões denunciados a tem como líder da matilha.
As conversas gravadas do vice-governador com César Busatto, chefe da Casa Civil trazem a público como funcionam os caça níqueis do PSDB, PPS, PP, DEM E PMDB. Que por acaso estão sempre perfilados aqui no RS ao lado da RBS. Não é nenhuma coincidência que os Britto, Yeda e Fogaça seja ex-funcionários da RBS. O DETRAN é do PP, o Banrisul do PMDB do canastrão Pedro Simon. O DNER, como DAER, é do Padilha, que, desde sempre, rima com quadrilha. Tá lá o corpo estendido no chão. E só a RBS não vê!

8 de jun. de 2008

Reportagem Especial


Onde está o dinheiro? R$ 2,5 milhões desviados do DETRAN tiveram um destino que não interessa aos veículos da RBS. Será por que entraram na conta de alguns colonistas da RBS?. Isso não diz tudo, mas explica o comportamento displicente, para não dizer cúmplice, do "Grupo" em que trabalham Lasier Martins & Pedro Parente... Tudo fica mais claro quando o indigitado poodle do Jornal do Almoço, Lasier Martins, sai em defesa de Lair Ferst, o PC da Yeda, com um diagnóstico de primeiro da cla$$e: "uma inteligência superior". Em algumas rodas sociais, corrupto deve ser chamado à responsabilidade, noutras, é considerado uma "inteligência superior". Taí, roubar para se alimentar é coisa de mal dotado, roubar do poder público em conluio com a ex-funcionária da RBS, só pode ser resultado de uma inteligência acima da média. Superior! Mas há uma coincidência (coincidência?) nesses recentes casos de corrupção: Antonio Britto, José Fogaça, Sérgio Zambiasi e Yeda Crusius foram ou são funcionários da RBS. A pergunta que não quer calar: o que afinal eles aprendem na RBS? Não posso afirmar que a RBS é uma escola de ladrões, mas posso deduzir com toda a certeza que todos eles recebem um tratamento no mínimo condescendente do Grupo RBS.
Eu posso entender que César Busatto & Yeda Rorato Crusius quisessem comprar o vice-governador, mas não engulo que a RBS também seja comprada. Li todos os editorias da RBS desde que a Polícia Federal desmontou o duto que os aliados da RBS instalaram nas burras do RS. Não encontrei nenhuma reprovação aos aliados da RBS. São generalidades, próprias de cúmplices. Não há uma só palavra que aponte a principal beneficiária do esquema, Yeda Rorato Crusius, pela RBS. Para Lasier Martins, Lair Ferst é "inteligência superior".