29 de jun. de 2004

Bashô um santo em mim

Matsuo Bashô (1644-1694, Japão), é justamente considerado o pai do Hai-Kai. Não só foi o criador supremo como também jamais foi ultrapassado em competência na arte dos versos métricos 5-7-5, tratando da natureza. Via e descrevia as estações como ciclos pelos quais também passa a natureza humana. Em todos os caminhos de sua peregrinação a natureza e o ser humano cruzam pelas mesmas encruzilhadas. Neste sentido, poucos o sobrepujaram. Com pincel fez o épico da natureza através de ideogramas poéticos. Ninguém foi mais eficaz em dizer da importância da natureza na nossa vida. Sua senso de finitude cósmica transparece, sem nostalgia: "Estou só e escrevo para minha alegria". Era na escrita que registrava uma vida despojada mas consciente da transitoriedade: "Lembranças de um esqueleto exposto às interpéries". Suas viagens geográficas produziam viagem poéticas. Como não lembrar de Bashô através de sua discípula brasileira, Alice Ruiz, viúva de Paulo Leminski, a grande haicaista mais do que nunca viva:
"Que viagem
aqui parada!"


Nós, como as cigarras, deveríamos ler mais Bashô:
Sua morte próxima,
Nada a faz prever
No canto da cigarra.


O inverno, inclemente também no Japão, não congela sua capacidade poética:
A água é tão fria
Como pode a gaivota
adormecer?

Um vento glacial sopra
Os olhos dos gatos
pestanejam

As mãos no lume
... e na parede
a sombra de meu amigo

Separados pelas nuvens
Dois patos selvagens
dizem-se adeus


Para saber mais Caqui, o Hai Kai da Internet, em bom Português

28 de jun. de 2004

Primeira Pesquisa CEPA - @ZH

ZERO HORA - 28/06/2007
Eleições
Cepa indica Pont na liderança
Pesquisa aponta segundo turno na disputa pela prefeitura


O mais recente levantamento do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indica o candidato do PT, Raul Pont, à frente dos adversários, com 29,8% das intenções de voto. Em segundo lugar, está o candidato do PPS, José Fogaça, com 16,8%. Em terceiro, aparece Vieira da Cunha, do PDT, com 10,2%.

O levantamento foi realizado considerando Hermes Zaneti como candidato do PSDB. Ontem, o partido decidiu pela aliança com o PFL, indicando o vice de Onyx Lorenzoni, deputado estadual Paulo Brum.

O resultado da pesquisa indica a realização de um segundo turno, necessário sempre que nenhum dos candidatos alcançar a metade mais um dos votos válidos (descontados brancos e nulos). Somados, os sete adversários do primeiro colocado, Pont, totalizam 63,8% das preferências dos votos válidos.

O Cepa apresentou aos eleitores 28 cenários de segundo turno, com todas as combinações possíveis entre candidatos. De acordo com o levantamento, se Pont e Fogaça disputarem o segundo turno, há empate técnico, com uma pequena vantagem para o candidato do PT, que tem 37,9%, contra 36% de Fogaça. Em todos os demais cenários de segundo turno, Pont supera os adversários por margem superior à margem de erro da pesquisa, de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Rejeição a petista é mais alta entre homens

Pont é o candidato com mais alto índice de rejeição entre os oito concorrentes indicados na pesquisa. Um total de 35,3% dos entrevistados afirma que não votaria no ex-prefeito da Capital de jeito nenhum. A rejeição a Pont é mais alta entre os homens (42,8%), os eleitores com mais de 40 anos (37,8%) e com ensino superior (36,1%). Fogaça, segundo colocado na pesquisa, tem o quinto índice de rejeição, de 18,1%. O candidato do PPS é mais rejeitado entre os homens (20,2%), eleitores entre 16 e 19 anos (21,9%) e com ensino médio (26,5%).

O candidato com mais baixo índice de rejeição é Beto Albuquerque, do PSB, com 11,5%.

A pesquisa foi realizada na terça-feira, 22 de junho, com 625 eleitores da Capital e registrada junto à Justiça Eleitoral sob o número 6/2004.

A dupla na Estrada da Perdição

Gangsterização do petismo

Coisas que eu gostaria de dizer e teria dito de outra maneira, menos clara e mais enfática:
A gangsterização do petismo é o fenômeno mais relevante da política brasileira nos últimos anos. O barateamento sumário das aspirações coletivas de que o partido era o maior portador é a face mais visível de uma conversão política sem precedentes, a qual acanha e acanalha os horizontes do país e vai transformando-o, aos olhos do mundo, num "suave fiasco", segundo a boa definição recente de um embaixador. É possível que a ressaca social resultante desse fenômeno, que apenas começa a ser sentida, já se materialize no resultado das eleições deste ano.
Fernando de Barros e Silva, na Folha de São Paulo, 2806/2004

A Oportunidade

Uma batalha não a guerra, mas diz muito sobre os envolvidos. A batalha petista, com lances de fisiologismo explícito no Congresso, foi uma vitória de Pirro, pois, como Pirro, pode proclamar: "Com mais uma vitória como esta estarei perdido."
Lula e entourage sabem que o gato não só subiu no telhado como só não caiu porque está com a patinha presa na telha. Qual ventinho vira tempestade.
A situação, que vai se afunilando conforme o tempo vai passando, está como aquela de Atenas após a batalha de Queronéia, resumida assim por um dos estrategos:
"Se tivéssemos perdido, estamos perdidos." Nem a vitória os salvava, posto que se mantinha apenas uma situação insustentável, a decadência generalizada da classe dirigente provocada pela promiscuosidade dos estrategas.

27 de jun. de 2004

Transgênicos

Assim como o chimarrão e o churrasco, os transgênicos estão dentre as coisas tipicamente gaúchas. Recebe do coronelismo eletrônico, associado ao coronelismo agrário, a benção e a divulgação para tornar uma mentira uma verdade. Ao estilo Goebbels. Lá como cá, a mentira tem pernas curtas.
Os olhos amendoados dos chineses não impedem a visão e seu senso de saúde, milenar, não descura sequer com um grão de soja. A vanguarda do atraso, da Campanha, Coxilhas e Torres de TV, pretendiam enganar os chineses misturando soja boa com soja transgênicas. Prejudicaram os que produziam soja boa, lançou lama sobre a honestidade de todos os brasileiros diante dos chineses, e botaram os gaúchos como seres abjetos que misturam veneno com comida.
O coronelismo eletrônico, que deveria exercer seu papel informativo, continuou seu método manipulativo e ajudou a fraudar a verdade.
Para dar clima globalizado, o Governo Federal legitima a barbárie. Não bastasse o deputado Paulo Pimenta, petista de bolso e prontuário, fazer a defesa da sujeira, o Governo como um todo peca por omissão, certamente convencido por comi$$ão. A união da vanguarda do atraso do coronelismo gaúcho, com o atraso da vanguarda petista no Planalto só poderia resultar numa desinformação transgênica generalizada.

26 de jun. de 2004

Nota Zero

Professor Luizinho, como é chamado o desvairado petista paulista, saiu-se com esta, na defesa do "mínimo" lulista:
- Com inflação e salário mínimo maior, "quem paga a conta no final é a classe mais pobre."
- Resposta certa, professor.
Com inflação e com salário, ainda se pode pagar conta. Sem salário, nem com e nem sem inflação, se pode pagar conta. Com a inflação baixa, o novo credo petista, somente o desemprego tem crescido. Agora me explique, professor, como um desempregado paga conta?
Esta relação do mínimo com a previdência é outra assustadora mistificação, como o Monstro do Lago Ness. Ao cabo, estes desabusados estão cuspindo na nossa inteligência.
Que venha outubro!

22 de jun. de 2004

Leonel Brizola (1922 - 2004)

AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada ...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Raimundo Correa (1860 - 1911)




Vão-se os Políticos, ficam os políticos. Vai a coerência, ficam as incoerências. Quanto injustiça! Vai-se Brizola, sobram Malufs, Lulas, e Éfe Agás...
O único problema do Brizola foi cercar-se de políticos da pior espécie que, ao se venderem, diminuiam Brizola. Para tão poucos o ditado "Homem que se vende já recebe mais do que vale" se adequa tão bem quanto aos políticos que viviam a sua sombra.

20 de jun. de 2004

Jeca Tatu

O Lula pode e deve apanhar. Por quase tudo. Agora está apanhando pelo motivo errado. Estão criticando a festa junina do Lula por ser festa junina, e não por Lula festejar com nosso dinheiro. Se fosse a festa das brujas, esta tal ralaohímen (Holloween), que toda escola, desde o maternal, reproduz, aqui e alhures, nada diriam. Ou, se diriam, seria para elogiar. Macaquice!
Festa boa, é festa copiada, como o Natal cheio de neve no nosso verão tropical. Coisas nossas são rejeitadas pelo simples fato de serem nossas, não por suas deficiências. Sempre achei que os EUA não merecem respeito, muito menos seus cidadãos que por aqui passam, mas muito pior é esta tropilha de sabujos masoquistas que se fazem de tapete para qualquer idiota ou coisa alienígena. São capazes de admitir um ET em Varginha mas jamais aceitam um forró, festa junina ou fandango como algo com valor em si.
Gente estúpida!

Tu sabias que...

1) A cadelinha do Lula, Michelle, já andou de carro oficial?!
2) Lula, nacionalista afamado, fuma cigarrilhas holandesas Café Crème?!
3) Que a indústria nacional não produz um carro igual ao seu Ômega australiano?!
4) Que as motocicletas dos seus batedores são as famosas americanas Harley Davidson, de dar inveja nos road movie?!
5) Que seu portentoso avião foi comprado na Europa, pois os fabricados no Brasil não estavam a sua altura?!
Acredite se quiser!

Nada como um dia depois do outro

A respeito da matéria posta logo a seguir, fiz o seguinte comentário no sítio "www.comunique-se.com.br":

Crestani [12/06/2004 - 20:18]
(Freelancer)
O Jornal do Brasil fez o que Alberto Dines costuma fazer no Observatório de Imprensa. Ambos agem como donos, lá e cá, e, quando têm pela frente algo que se choca com seus interesses, degolam. Quando escrevia no Observatório, criticando os métodos da "famiglia" RBS, bastou um telefone dos colegas de religião para me mandar para o telhado. Da mídia para os políticos e vice-versa, todos mandam às favas os escrúpulos.


Dentro os jornalistas que se manifestaram destaco apenas os que têm a ver comigo:

Manoel Almeida [12/06/2004 - 22:13]
(Publicitário-Ama Propaganda - MG - Patos de Minas)

É isso aí, Crestani, Dines, JB, Folha etc. é tudo farinha do mesmo saco, e se estamos proibidos de dizer essas verdades lá, existem outros espaços verdadeiramente democráticos, e em número cada vez maior. Claro que não fomos os únicos a sofrer retaliações do Mausoléu da ImprenÇa ("caiado por fora, mas por dentro está cheio de toda espécie de podridão..."), nem é à toa que ele prestígio, sendo rápida e definitivamente suplantado pelo Comunique-se, onde o fluxo de informações e de idéias contrárias aos interesses das prima-donas do jornalismo tupiniquim é mais difícil de ser contido. Este espaço para jornalistas, embora ainda com inúmeras falhas, é o conceito que, verdadeiramente, mais se aproximou de um JORNALISMO INDEPENDENTE até agora. Deixemos os observadores, coitados, enganar-se a si mesmos, com seus delírios e prepotência.



Luiz Egypto [13/06/2004 - 01:19]
(Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo-Observatório da Imprensa - SP)


2 - E entenda que a Marinilda tem responsabilidades sobre a caixa postal do OI, e se reporta a mim, e nada do que ela decide é sem o meu conhecimento. Então cobre a não publicação de UM artigo seu a mim, e não a dela. E já que estou aqui, devo me dirigir ao Crestani, em consideração a ele, com quem conversei muito embora nunca o tenha encontrado. Que este fórum saiba que o Crestani deixou de escrever no OI por força de uma desinteligência havia entre ele e o Dines quando este cobrou do articulista regular (Crestani escrevia praticamente toda as semanas, naquele período) variar um pouco o foco de suas críticas. Dines, na época mais metido no operacional, exerceu suas prerrogativas de editor. Se o Crestani só dava pau na RBS, tudo certo. Nunca deixamos de publicar um sequer. Mas por que não atentar para outros veículos? Afinal, somos um Observatório. E o Dines cobrou: por que NUNCA comentar a recusa da TVE local retransmitir o Observatório da Imprensa na TV? Aí virou um bololô.


Agora leia AQUI minha última colaboração ao Observatório da Imprensa, e as repercussões.

Matéria do sítio Comunique-se

Jornal do Brasil demite Alberto Dines

Thais de Menezes e Miriam Abreu



Alberto Dines deixou de assinar sua coluna no Jornal do Brasil. Ele contou ao Comunique-se que foi comunicado da decisão, nesta sexta-feira (11/06), por e-mail, enviado por José Antonio Nascimento Brito, presidente do Conselho Editorial do JB. “Ele deixou claro que fui suspenso por causa de um artigo que escrevi para o Observatório da Imprensa”.

No texto “A imprensa sob custódia”, Dines faz uma crítica da cobertura feita pelos principais jornais do Rio sobre a omissão do governo do Estado em relação à Casa de Custódia de Benfica, onde houve uma rebelião de presos. “O JB abdicou de fazer jornalismo. Parece jornal, tem periodicidade de jornal, tem os atributos formais de um jornal, tem uma história incorporada ao jornalismo brasileiro, mas neste momento é movido por dinâmica e prioridades diferentes das de um jornal. Pode até estar reinventando o jornalismo, mas este não é o jornalismo do qual foi um dos expoentes e continua sendo praticado pela maioria dos seus concorrentes”, escreveu o jornalista.

Em outro trecho, ele escreveu: “Neste dia crucial, o JB fez o balanço do caso com uma chamada insignificante na parte inferior da primeira página! Ao lado, com destaque dez vezes maior, para satisfazer o enorme contingente de socialites que devoram suas colunas sociais, enorme foto de uma carioca friorenta ostentando um "casaquinho básico". Antes assim, poderia estar falando em brioches”.

Para Dines, ele foi “censurado em todos os sentidos”. “Não inventei nada, não foi notícia de bastidor, mas sim analisei a forma como a cobertura foi feita. Fiz um trabalho técnico”.

O editor-executivo, Marcos Barros Pinto, disse que o colunista fez uma análise errada do JB. “Se ele considera tudo aquilo deste jornal, não deveria nem trabalhar nem receber dele. Como ele não tomou a iniciativa de deixar a empresa, a direção do JB tomou por ele”.

Na próxima edição do OI, que será na terça-feira (15/06), Dines promete escrever um artigo sobre o que aconteceu.


11/6/2004

18 de jun. de 2004

Deu nisso

Quando a Medida Provisória do Salário Mínimo Petista ainda estava no Congresso, o Planalto esvaziou os bolsos buscando comprar voto a voto dos congressistas. Levou os votos mas foi-se a ética, como as pombas do Raimundo Correa.
Genuino revelou-se um genuino banqueiro com o dinheiro alheio. Foram para os bolsos dos passivos milhões que poderiam ter sido investidos no salário mínimo.
Agora, no Senado, foram mais alguns milhões (153 segundo a FSP). Mas não adiantou, o mínimo ficou em R$275,00, o que é uma merreca. Os petistas desvairados perderam, ficaram nus, sem argumentos e sem defensores.
Deu nisso: um governo sem escrúpulos para pagar banqueiro e mentiroso quanto se trata de pagar a dívida social. Dívida por dívida, a minha pago ajudando limpar a política dessa gente sem um mínimo de valor.

17 de jun. de 2004

Va Via!

Em italiano faz mais sentido. Mas não é difícil de se compreender em português. Os gestores da Terceira Via, seus moleques de recado, se foram. Foi-se Bill Clinton e suas secretárias, foi-se o asno José Maria Asnar. Agora os eleitores estão mandando o Tony Blair embora. E Bush também está sofrendo uma derrota acachapante.
Foram-se os beneficiários, claro. Mas também se foram a tríade de sabujos sul-americanos. O mega corrupto nipo-equatoriano, Alberto Fugimori, o sabujo brasileiro, FHC, e o costelete de coca argentino, Carlos Menen.
No lugar deles, o povo escolheu candidatos que se lhes opunham na política. Pelo menos enquanto proposta eleitoral. Veio Fernando de La Rua, e continuou a sabujice. Foi defenestrado. Chegou o dengoso Lula, mais subalterno que reciclador de camisinha.
Lula parece ser um pessoa centrada, com os pés, os quatro, firmes no chão. Mais teimoso que mula empacada, com aquele olhar de vaca atolada, não come nem desocupa a moita.
Foi-se a terceira via, veio os da quarta. A quarta via é a dos que ficam de quatro.
E o grito não quer calar, da "voz rouca das ruas": Lula, va via!

14 de jun. de 2004

Discurso de Alexandre Magno, em Opis (Babilônia)

Começo aqui a tradução do exemplar Discursos de Alexandre Magno perante suas tropas, depois de ter levado seu Império até o Mar da Índia:
Não é para sufocar em vocês o desejo que sentis de voltar para casa, macedônios, que vou falar agora, mas, pelo que me diz respeito, podeis ir-vos cada um onde quiseres; senão que faço para que fique claro vosso comportamento nesta nossa marcha comum.
Diante disso, começarei minhas palavras referindo-me, como é natural, a Felipe, meu pai. Com efeito, Felipe encontrou-vos quando éreis vagabundos indigentes: muitos de vocês, mal vestidos com peles gastas, éreis pastores de umas poucas cabras pelos montes, cabras que tínheis que guardar ( e nem sempre com êxito) dos ilírios, tribalos e de vossos vizinhos trácios.
Foi Felipe quem oportunizou vossas primeiras vestimentas em troca das toscas peles, e os fez descer dos montes para a planície, elevou-vos à altura de pelear com vossos vizinhos bárbaros, de sorte que podíeis viver seguros, não tanto quanto em vossas fortalezas nas montanhas, mas por vossos próprios méritos.
Levou-vos a viver nas cidadelas e vos proporcionou leis e costumes de todo úteis.
E vos deu o poder de mando sobre os povos bárbaros (pelos quais antes estáveis dominados e a quem vivíeis submetidos, vocês e vossos bens), fazendo-vos donos em vez de seus escravos e vassalos; anexou a maior parte da Trácia à Macedônia e, apoderando-se dos melhores assentamentos da zona costeira, atraiu o comércio para a região, possibilitando-vos trabalhar com segurança nas minas de metais.
Os fez donos da Tessália, de cujos habitantes desde tempos imemoriais estáveis mortos de medo; humilhou os focenses e, em nosso próprio benefício, fez largo e cômodo o caminho que conduz à Grécia, no lugar de estreito e intransitável como era.
Derrotou atenienses e tebanos (que deste sempre procuravam o melhor momento para acabar com a Macedônia) de tal modo que, em vez de pagar tributos a Atenas e viver submissos aos tebanos, são eles que têm de nos solicitar, por sua vez, para seguir vivendo em segurança (política de meu pai, da qual nós agora somos seus herdeiros).
Passou, em seguida, ao Peloponeso, onde também impôs a ordem, e quando foi designado Comandante de toda Grécia com plenos poderes para organizar a expedição contra os persas, conseguiu nova reputação não somente para si mesmo, senão especialmente para a comunidade macedônica.
Todas estas façanhas de meu pai feitas em vosso proveito eram grandiosas em si mesmas, embora pequenas, desde logo, se comparadas com as nossas. Eu herdei de meu pai tão somente umas poucas taças de ouro e prata, e não chegavam a sessenta talentos de seu tesouro; por outro lado, suas dívidas montavam a quinhentos talentos; pois bem, sobre elas tomei emprestado outros oitocentos talentos, e saí de este país que a duras penas podia inclusive alimentar-vos, e em segui os deixei livre a passagem pelo Helesponto apesar de que por aquele tempo eram os persas os donos do mar.

Continua...

12 de jun. de 2004

Pensar globalmente e agir...

...localmente. Eis aí uma máxima da teoria marxista. Parece não haver dúvida quanto a sua justeza. Teoria, da boa sim, mas teoria. E muitos dos que a professam apontam as injustiças globais mas as praticam em casa.
Tarso Genro, conhecedor das teorias marxistas, autor da Utopia do Possível, é um exemplo pronto e acabado. Solta seu enxame de palavras, eficazes como abelhas africanas, para diagnosticar as mazelas que nos assolam, mas quando tem a oportunidade de mostrar que consegue ir além da teoria é um eficientíssimo... para seus financiadores.
Como Ministro da Educação, Tarso se sente melhor teorizando sobre os malefícios da dívida sobre a educação. Tarso poderia aterrizar e falar Globalmente do governo que participa, e agir localmente para amenizar o abismo que compartilha como co-feitor.
Diferentemente de Arquimedes, o ponto de apoio dos políticos, qualquer que seja, é a palavra. E com elas se movem no mundo.

10 de jun. de 2004

O sortilégio das palavras *

Já está, por certo, bem assentada entre os filósofos a idéia de que a mediação entre o homem e o mundo é dada pela linguagem. Na esteira da filosofia analítica, só existe o que pode ser dito, o que pode ser nomeado. É por isso que a palavra se constitui num poderoso instrumento para 'mudar' o mundo, um mundo que é fático, externo, mas de uma tessitura de signos lingüísticos que o encobre e o recobre, como a carapaça de um quelônio.

Da linguagem em geral derivam idiomas, línguas e dialetos. No RS, temos o privilégio de um idioma, o português; de uma língua, sua realização particular em terras brasileiras; e de um dialeto, o gaúcho, de vocábulos, prosódias e brocardos peculiares e sonoros.

Desse dialeto particular, avultam termos usados predominantemente por falantes de determinadas regiões, de escassos registros ou de existência puramente oral. Na região da campanha, por exemplo, englobando Alegrete, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Santiago, são pródigos termos como 'canchear' (admoestar), 'cristear' (enganar), 'canhar' (mesquinhar), desconhecidos nos demais recantos do Estado. Acresço, ainda, aleatoriamente, o termo 'chueco' (algo como 'estragado'), que nunca vi registrado em dicionário algum.

Tais reflexões acerca das palavras me vieram a propósito da luta quixotesca do músico e compositor Washington Gularte, uruguaio aqui radicado. Este poeta armou-se e enamorou-se de um neologismo e tem desafiado dragões e corsários, mares e desertos, para levá-lo aos ouvidos de sua musa. Até onde irá, só o sortilégio que reveste a sorte e a vida das palavras poderá dizê-lo.

E qual é a criação de sua pena e gênio que o tem impelido a tantas batalhas e cruzadas de temerária sorte? É a palavra 'sureado', que vem de 'sul', o mesmo Sul de Sérgio Jacaré, de Jorge Luís Borges ou de Roberto Goyeneche. Para ele, assim como 'oriente' gerou 'orientado' e 'desorientado' e 'norte' plasmou 'desnorteado', há uma acepção à espera de 'sul', que viria a ter o sentido de 'fraterno', 'solidário', 'irmanado', enfim, 'sureado'.

Já disse o escritor Adolfo Bioy Casares que as mulheres e os gatos vêm quando não os chamamos. Dessa rebeldia partilham as palavras. E elas têm o condão de escolher seu sedutor. Os poetas que o digam.

* Landro Oviedo , professor, escritor

Churchill x Bernard Shaw

Muitas piadas de salão tem como personagem central o dramaturgo George Bernard Shaw (1856-1950). Esta consta da revista História Viva nº 8.
Conta que o dramaturgo enviou ao estadista britânico W. Churchill dois ingressos para a estréia de uma de suas peças, com um bilhete: "Aí estão um ingresso para o senhor e outro para um amigo - caso o senhor tenha um...". E Churchill: "Lamento não poder assistir à estréia de sua peça, pois já tenho outros compromissos, acrescentando: "Agradeceria se me enviasse dois ingressos para a apresentação seguinte - caso haja uma..."
É o famoso humour inglês. A considerar: Shaw era socialista, Churchill, oportunista que compactuou tanto com Hitler quanto com Stalin.

9 de jun. de 2004

Confiteor

Flávio Aguiar, professor de Literatura, petista de carteirinha e colunista da Agência Carta Maior, não necessariamente nesta ordem, faz às vezes de escudo petista. Papel inglório: defender o indefensável.
Antes já havia pego com a mão na botija, tentando descontruir a condidatura peemedebista em Porto Alegre. Aguiar não convencia, apenas descontruia.
Agora, vendo o estrago mas não admitindo, tenta nos convencer, os traídos, a sermos complacentes com os traidores. "Não é hora de escolher com o amargor nem com a decepção."
Não poderia ter sido mais claro. O PT deixou um lastro de amargor e decepção. E, apesar disso, quer que tecemos encômios a mau defunto. Infelizmente, a "pedagogia do oprimido" de hoje é aprender com o algoz. Nada de "síndrome de Estocolmo". Virar a outra face não passa de puro masoquismo.
O PT precisa aprender, e vai ter a lição que precisa, quando vier pedir votos. Até lá, pode estufar o peito e se deslumbrar.

THorto Aracruz

Na biografia de Alexandre Magno, Arriano diz que o conquistador macedônico agia sempre com magnanimidade frente aos sábios que encontrava pelo caminho. Talvez tenha sido uma lição de seu preceptor, Aristóteles. Na Índia, Alexandre pretendia incorporar ao Estado Maior um sábio hinduista. Este, fazendo jus ao que de fato era, refuto o convite: "Não me ofereças o que não me podes dar."
A Companhia Aracruz Celulose, com nome brasileiro, mas lucro e administração escandinava, nos oferece o que não nos pode dar. Hortos florestais onde "voejam" e "pastorejam" animais silvestres. Tudo muito bonito, como se fossem um ONG ambientalista.
Nem parece que não produzem celulose!
A propósito: O que acontece com tais animais quando os hortos viram papel?

7 de jun. de 2004

Rohter e Judith Miller, farinha do mesmo saco

Argemiro Ferreira (Tribuna da Imprensa, 31/05/2004) - Mesmo depois do espetáculo de histeria patrioteira que comprometeu a totalidade da grande mídia dos EUA depois do 11 de setembro, ainda continuei entre aqueles que respeitavam o "New York Times", como o "Washington Post", o "Los Angeles Times" e mais um ou outro, pela tentativa nem sempre bem sucedida de manter o padrão elevado de seu jornalismo. Hoje, nem tanto.

Os escândalos Jayson Blair e Rick Bragg expuseram um dos pecados maiores do "Times" e da corrente principal da mídia - a arrogância. Daí porque a autocrítica e o pedido de desculpas foram insuficientes e chegaram muito tarde. O jornalão auto-suficiente teve de reconhecer o óbvio (a culpa do escalão superior, Howard Raines e Gerald Boyd) e afinal criou o que repudiava: o "ombudsman", com outro nome.

O novo capítulo da lambança, com o tardio reconhecimento de que o "Times" foi usado para disseminar mentiras destinadas a favorecer a obsessão oficial de fabricar a guerra do Iraque, é ainda mais grave. Do alto de sua arrogância o jornal deixou de contar a história direito. Tentou culpar os já punidos do caso Blair-Bragg e ainda repartir seus erros com os de outros impérios de mídia (culpados sim, mas de outros).

Assumindo as mentiras de Bush
A despersonalização da autocrítica foi mero truque para ocultar parte da verdade. O texto tardio dia 26, assinado pelos "editores", não cita um único profissional responsável. O "Times" sabe que há casos bem específicos e que os escorregões foram denunciados repetidamente - e defendidos com arrogância, da mesma forma como se fez na lambança recente do correspondente no Brasil, Larry Rohter.

Antes da guerra do Iraque, cheguei a contar nesta coluna o episódio da cobertura de um protesto de rua em Washington. O "Times" ridicularizou os manifestantes com uma cobertura desonesta, a ponto de dizer na abertura que os organizadores, desapontados, reconheceram que havia menos de 10 mil pessoas. Mas a polícia da capital calculara 100 mil, acrescentando ter sido o maior protesto desde o Vietnã.

Para os organizadores, o ato tinha sido um sucesso acima de todas as previsões, com 200 mil manifestantes. Bombardeado por número devastador de reclamações em cartas à redação e após dura crítica da organização Fair, o "Times" refez tudo: uma semana depois publicou outra cobertura do mesmo fato e sequer explicou ao leitor a razão para algo tão insólito, digno de um registro na história do jornalismo.

Ainda mais chocante foi a jornalista Judith Miller, ganhadora do prêmio Pulitzer (como Bragg), assumir depois, em textos de primeira página, as mentiras do governo Bush sobre armas de destruição em massa (ADM) do Iraque e ver o escalão superior do jornal vir em socorro dela, como fez com Rohter, quando o que escreveu foi desafiado publicamente.

A hora das desculpas esfarrapadas
Só que aquelas supostas verdades definitivas, como o pretenso jornalismo íntegro, não passavam de fraude e manipulação. Miller prestara-se a veicular o que lhe era dito por fontes consideradas pelo bom senso (e ainda pelo Departamento de Estado e pela CIA) indignas de um mínimo de crédito, o lobista Ahmad Chalabi e sua gente. E obtinha confirmação da mentirada irresponsável no Pentágono, que apadrinhava Chalabi.

Antes mesmo de ser publicamente denunciada pela leviandade jornalística, Miller foi contestada pelo próprio chefe da sucursal do "Times" em Bagdá, John Burns. E respondeu a ele, em email, que durante 10 anos usou informações de Chalabi, que lhe fornecera "a maioria de minhas reportagens exclusivas de primeira página". Até que em dezembro de 2003 publicação séria e respeitada devassou o trabalho dela.

A primorosa análise de Michael Massing na "New York Review of Books" (título: "Now They Tell Us") não se referia só ao "Times", mas destacou o escandaloso caso Miller - o que levou leitores a cobrar do ombudsman (perdão, "editor público") Dan Okrent. Ele entrou em contato com a jornalista e Miller limitou-se a enviar meia dúzia de linhas, com desculpas esfarrapadas, ao NYRB.

A arrogância dela e da direção do jornal prevaleceu até a casa de Chalabi, suspeito de espionagem a favor do Irã, ser vasculhada em Bagdá. Isso levou o "Times" a criticar o governo (no editorial "Friends Like This", a 21 de maio) por ter voluntariamente comprado as informações falsas de Chalabi, que recebia US$340 mil por mês do contribuinte. Em seguida o jornal se lembrou: devia explicação aos leitores.

Órgão de propaganda do governo?
O insuficiente e tardio mea culpa, dia 26, exalou arrogância. Embora a edição online do jornalão tenha citado (com links e tudo) muitas matérias duvidosas, de 2001 a 2004, o texto "dos editores" colocou-se acima de tudo, com inexplicável ar de superioridade. E havia casos tão inacreditáveis como aquele no qual Miller sequer tinha falado com uma suposta fonte: simplesmente a pessoa lhe fora apontada de longe.

Pelo que se sabe, Miller, os outros jornalistas e seus superiores continuam firmes no emprego (Raines e Boyd saíram, mas pelo escândalo anterior). Ao menos os leitores perceberam o absurdo. "Insuficiente embaraço", disse um em carta saída no dia seguinte. "Conscientemente ou não, o jornal se deixou usar como órgão de propaganda para o governo bater o tambor e produzir sua guerra no Iraque".

Outro leitor declarou-se desapontado por "vocês terem esperado Chalabi cair em desgraça para reconhecer a natureza duvidosa das informações dele e o excesso de dependência dos repórteres naquilo que dizia". Mais lúcida ainda foi a leitora Anne Travers: "A autocrítica mostra como imprensa e Congresso nos falharam quando o governo começou a rufar os tambores da guerra há dois anos".

Vale a pena juntar Rohter, Miller e o resto. A tentação de se deixar manipular, de fazer o que o governo quer, é sempre grande, por isso mestre I. F. Stone alertava: "Seja cético, o governo mente". Quando Rohter rufa tambores na Venezuela, chamando golpista de democrata e presidente eleito de ditador, e no Brasil, sobre supostas armas nucleares e Lula, é bom a gente se preparar para o pior - até nova fraude de ADM com as bênçãos do "Times".

Yo non creo en brujas, pero...

Obessão de Kissinger, censor da mídia, é falsificar a HistóriaNOVA YORK (EUA)07/06/2004 - No país que se apresentava ao mundo como exemplo de respeito à liberdade de imprensa, jornalistas sucumbem hoje à tentação de se tornarem meros apêndices patriotas da política externa oficial. Como Larry Rohter, em textos sobre Brasil, Venezuela e Colômbia. Ou Judith Miller, nas reportagens que tentaram tornar realidade a fantasia guerreira das armas nucleares, químicas e biológicas do Iraque.

Não é de estranhar, assim, que heróis da liberdade de expressão e da imprensa livre tenham agora de ser encontrados fora das redações. Quero render homenagem a um deles, que respeito há anos como acadêmico e autor de excepcional capacidade, rigor e talento: o professor Kenneth Maxwell acaba de demonstrar que sua integridade e seriedade intelectual não estão à venda como a de certos levianos da mídia.

Britânico de nascimento, 63 anos, esse pesquisador e historiador a quem o Brasil, Portugal e a América Latina devem obras preciosas que devassaram os autos da Inconfidência Mineira e reavaliaram o legado singular do Marquês de Pombal, deixa de ser "scholar" residente do Council on Foreign Relations para não se submeter aos que insistem em reescrever a História a fim de falsificar a própria imagem duvidosa.

Receita para esconder a verdade
Falta aos que agem assim coragem suficiente para o confronto aberto. Hoje o mais conspícuo deles é o ex-secretário de Estado Henry Kissinger. Acostumou-se a agir na sombra e usar gente como ele, sem apreço pela verdade histórica ou pela honestidade intelectual. Expus aqui há dois anos, em mais de um artigo, expedientes a que recorre essa figura patética, de período melancólico, na obsessão de adulterar a História.

Primeiro Kissinger tentou impedir, para tanto indo à última instância judicial, que o público tivesse acesso ao conteúdo de documentos e gravações de sua época na Casa Branca e no Departamento de Estado. Perdeu a batalha mas protelou por mais alguns anos o sigilo oficial sobre o papel dele em episódios como o golpe do Chile, o banho de sangue na Argentina, o bombardeio secreto do Camboja, o massacre do Timor etc.

O mundo suspeita de que não passa de um criminoso de guerra. Ele próprio está consciente, desde que deixou Paris às pressas a fim de escapar a intimação de um juiz para depor, que já não pode circular livremente fora de seu país. Mas dentro dos EUA, Kissinger tem inacreditável influência e o estranho poder de censurar a mídia - como acaba de fazer mais uma vez, agora tendo como alvo o professor Maxwell.

O confronto se arrastava desde novembro, quando "Foreign Affairs" - a revista de política externa mais importante do país, editada pelo Council - publicou resenha de Maxwell sobre o livro "The Pinochet File: a declassified dossier on atrocity and accountability" (O Arquivo Pinochet: um dossiê desclassificado sobre atrocidade e responsabilidade), de Peter Kornbluh, analisando documentos até então secretos.

A duras penas, como dente podre
Kornbluh dirige o Projeto Chile do National Security Archive, grupo privado que obtém a liberação de papéis (com base na FOIA, Lei de Liberdade de Informação) e os oferece ao público, com sua análise. A resenha de Marxwell era sóbria e séria. Se elogiava o esforço para se saber mais sobre o episódio, também se distanciava das posições do autor. Mas falava do papel que Kissinger sempre tinha tentado negar.

Foi o bastante para despertar a fúria do todo-poderoso censor da História. Não veio diretamente de Kissinger, mas de seu empregado William Rogers - secretário assistente para assuntos hemisféricos (1974-77) quando Kissinger era o secretário de Estado, hoje servindo à firma Kissinger Associates, que faz "lobby" milionário pelo mundo em favor de negócios de corporações transnacionais americanas.

Num pugilato com os fatos Rogers recorreu à tática macarthista da insinuação torpe e acusou Maxwell de se juntar à esquerda (haverá crime mais hediondo?) para perpetuar o suposto mito do papel dos EUA no golpe pinochetista. Talvez não esperasse a resposta contundente do professor, que ousou referir-se ao assassinato do general René Schneider, à Operação Condor e à bomba que matou Orlando Letelier.

O golpe foi demais para Kissinger. Pois o professor atrevido sugeria até que os americanos precisam de uma "truth commission", como as criadas em países recém-saídos de tiranias e empenhados em descobrir a verdade, pois nos EUA ela "está tendo de ser extraída a duras penas, como dente podre". A resposta de Maxwell, no número de janeiro-fevereiro da "Foreign Affairs", indignou a dupla Kissinger-Rogers.

Acobertando os crimes do vilão
Uma nova carta, recebida a 4 de fevereiro e outra vez assinada por Rogers, foi lida por Maxwell. Na resposta, de seis parágrafos, ele destacou que "Rogers não pode fornecer um escudo eterno atrás do qual o patrão possa esconder-se". Mas o número de março-abril da revista deu a Rogers (leia-se: Kissinger) a última palavra. E sonegou solenemente ao leitor a resposta do professor.

É uma agressão primária à ética, mais grave ainda porque Maxwell é responsável há anos pelas resenhas sobre os temas latino-americanos da revista. Ninguém de bom senso joga pela janela um emprego como o desse professor no Council. Mas foi exatamente o que ele fez, em nome da própria integridade e de uma trajetória acadêmica que já incluiu Yale, Princeton e Columbia, jóias da coroa Ivy League.

A Universidade de Harvard, talvez tão chocada como outros admiradores dele com a injustiça insólita, apressou-se a atraí-lo para o Centro David Rockefeller de Estudos Latino-Americanos. Maxwell sai de Nova York mas continua próximo, em outra grande instituição exemplar. E na certa não nos privará das colaborações regulares para "New York Review of Books", outra publicação respeitada internacionalmente.

4 de jun. de 2004

É fogo

Onde há fumaça há fogo, diz o ditado. E por qualquer canto do PTismo desvairado há fumaça de corrupção. Até agora sempre aparece apenas o nome do sombra, o auxiliar. Essa gente descuidada não sabe mesmo escolher amigos...
Então, como posso eu aceitar a idéia destes desvairados de criarem 4 mil cargos em comissão? Todo mundo sabe que cargo em comissão é sinônimo de "cargo de confiança", de livre noemação. Em quantos Valdomiro Diniz, Luiz Cláudio Gomes e Laerte Correa Júnior isso pode dar. Se desconhecem o comportamento de companheiros de quarto & sala, durante anos, de onde sai a cartola que diz que o nomeado é de confiança. Certamente que é para prestarem os mesmos serviços que os nomeados acima... até serem pegos, claro.
A inflação sobe, menos que os preços e tarifas, mas sobe. A violência sobe no mesmo patamar. E o salário mínimo, assim ó!
O Brasil pega fogo por todos os cantos, com roubo, assassinato, corrupção e o petismo vira PesTismo. Infesta, ofende, imPesTa!
E o Lula acendendo seu charuto na fogueira das vaidades.

3 de jun. de 2004

Live or dead

Os EUA se firmaram, e influenciaram o mundo após sua independência, através da máxima liberal "live and let live", viva e deixe viver. É claro que só dizia respeito ao círculo da elite branca. Índio bom era índio morto, pois sobravam as terras para os predadores brancos. Já os negros eram bons mortos... melhor se fosse de tanto trabalhar para os brancos. A filosofia inicial, que serviu de base filosófica para a Independência virou curiosidade acadêmica.
Primeiro foram as lutas internas, dia e noite se matando. Pegaram gosto pelo gosto, e, como Serial Killers (a origem da expressão não poderia ser de outra língua...) saíram pelo mundo matando quem não se enquadra como vassalo dos "comedores de bacon".
No Vietnã, Coréia, Afeganistão, Somália, Guatemala ou Iraque o lema é "dead or dead". Mas tudo a sangue frio, posto que o uso da razão não permite emocionalismos.

O quero-quero Guardião

A insegurança chegou aos cargos da Polícia Civil e da Brigada. Enquanto a população sofre, dia e noite, o aumento da violência, pois os bandidos são "grandes por que são unidos", as duas principais corporações disputam o privilégio do voyerismo auricular.
Há um sistema de escuta denominado Guardião. É a coqueluxe do momento no meio policial. Através dele corre a principal forma de atuação das polícias: é o famoso grampo telefônico com nome superlativo.
Bons tempos aqueles em que o Guardião das Coxilhas era o Quero-quero. Hoje, BM & PC só têm ouvidos para o Guardião.
Alguns dias atrás roubaram meu carro na Ramiro Barcelos. Coisa de profissional. Na Delegacia, o plantonista, com quem fala da neblina deste final de outono, informa que são entre 5 e 32 os roubos diários só na Ramiro. Aliás, a campeã depois que a corporação dos "puxadores" passaram a trabalhar unidos pelo Rio Grande afora.
Eu continua esperando por um Reportagem Especial da Zero Hora denunciando a grande organização da bandidagem que guia, unida e forte, a Segurança Pública no RS.

2 de jun. de 2004

Escape desta, Scapaticio!

A CPI da Pirataria prendeu um Chinês, Law Kin Chong, que tinha na pirataria o seu negócio da China.
Este é o país da piada pronta! A Polícia Federal deu o nome de Operação Gatinho, pois Chong, uma chonga quase songamonga, era chamado pelo seu advogado, Elcio Scapaticio, de Tigresa. O advogado Scapaticio perdeu a oportunidade de aplicar ao seu cliente um apelido mais adequado: Panda! O meigo ursinho comedor de broto de bambu. Em extinção na China, agora em cativeiro no Brasil...
Não são uns piadistas estes fofos?!

1 de jun. de 2004

Pálida

Quem quiser tem uma pálida idéia das idéias pálidas a respeito do pálido salário mínimo proposto pelo pálido Governo Lula que consulte a reunião dos participantes da mesa que trata do assunto:
Segundo a Folha de São Paulo (01/06/2004), "participaram da reunião, além de Lula e Aldo, o vice, José Alencar, Antonio Palocci Filho (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral), José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo)".
Só estava lá quem interessa ao fiscalismo, ao economicismo, ao superavitismo primário (dos primatas). A participação de Ministros da área social é tão rara quanto a mico leão dourado. Até o (ir)responsável pela Comunicação do Governo estava. Por que será? Sem não pode aumentar o salário mínimo,a principal ferramenta de distribuição efetiva de renda, para que serve um governo de esquerda? Para fazer melhor o que a direita já fazia muito bem: ajudar banqueiro.
Renovando conceito: Ao invés de nada mais conservador do que um liberal no poder, nada mais direitoso que um petista no poder!

Agora me digam: Por que o PT ainda mereceria voto de confiança, seja Federal, Estadual ou Municipal?