27 de jan. de 2010

Os dois pedaços de um mesmo pão

À Esquerda, Solidariedade!

SolidariedadeA esquerda reparte o pão
26/01/2010 Por Mauro Santayana


Entre outras vozes que se levantaram, no Brasil, contra a nossa solidariedade para com o povo do Haiti, destacou-se a do senador Epitácio Cafeteira, do Maranhão. Sua excelência pertence às oligarquias daquele estado e, desde 1962, tem sido eleito pelo seu povo, um dos mais pobres do país. Homem rico, conforme a relação de seus bens divulgada pelo Senado – muitos deles imóveis valiosíssimos – Cafeteira dispõe de dois aviões e automóveis importados. No Senado, ao negar ao governo autorização para o envio de mais tropas brasileiras a Porto Príncipe, declarou comovente solidariedade com o povo brasileiro. Para ele, é necessário cuidar dos brasileiros, e não dos estrangeiros. E foi além: atribuiu à imprensa brasileira o destaque que se dá aos mortos do Haiti, em detrimento das vítimas nacionais das enchentes.

Nós poderíamos cobrar do senador solidariedade para com o seu povo mais próximo, o do Maranhão – como governador que foi do estado, e como parlamentar que o vem representando há quase cinco décadas. As mulheres quebradeiras de coco, os pescadores, os sertanejos e os caboclos maranhenses, castigados secularmente pela miséria, massacrados pelo latifúndio e, eventualmente, pelas cheias, estão esperando pela compaixão do senador. Cafeteira é um dos donos do Maranhão. Se houvesse nascido no Haiti, naturalmente pertenceria à elite mulata daquele pequeno país, e, morando na parte mais bem edificada de Porto Príncipe, não estaria necessitando da solidariedade dos outros. Estaria preocupado com seus aviões e seus automóveis e, provavelmente, com suas lanchas.

As seções de cartas dos jornais e alguns blogs da internet mostram que parcelas alienadas da classe média tornaram-se, repentinamente, também sensibilizadas com as enchentes e desabamentos em nosso país, e acusam o governo de se dedicar ao Haiti. Trata-se de um desvio singular da ação política. Animados pela hipocrisia, esses humanistas de última hora se esquecem de que, tanto como no Haiti, é a miséria que faz as nossas tragédias. É a falta de trabalho, de escolas, de saúde, de planejamento urbano, de reforma agrária, enfim, da dignidade que vem sendo negada aos pobres, desde que aqui chegaram os fidalgos ibéricos. Aqui – e na Ilha La Española, onde se encontra o Haiti. O subdesenvolvimento, causa de toda a miséria, não é maldição mas resultado de deliberado projeto de desigualdade. Quanto maior a miséria em torno, mais ricos se fazem alguns. Por isso impedem a reforma agrária e impedem a educação dos pobres. Sua filosofia é a de que só têm direito aos benefícios da civilização os que puderem pagar por eles.

Eles não sabem que uma das poucas alegrias das pessoas pobres é a do exercício da solidariedade. Não conhecem a felicidade dos trabalhadores que se organizam em mutirão a fim de reconstruir o barraco que desabou, ou de construir a moradia de dois cômodos para uma viúva e seus filhos. Os haitianos que perderam suas casas e seus familiares são seres humanos, exatamente iguais aos nossos pobres, que se veem nos olhos solidários dos soldados e dos voluntários civis brasileiros no Haiti.

O presidente Lula pode desagradar a muitas pessoas, por ter saltado etapas em sua realização pessoal. Ele deixou o chão da fábrica para liderar seus companheiros de classe e se tornou dirigente político e presidente da República. É um pecado imperdoável: não enfrentou o vestibular, não teve que cavar empregos seguros ou casamentos de conveniência para se tornar vitorioso: enfim, não serve de modelo para a formação de uma juventude alienada e consumista, instrumento para a segurança de parcelas das elites. É provável que, no caso do Haiti, o presidente reaja como o menino que enfrentou as cheias na periferia de São Paulo e conhece de perto a solidariedade dos pobres.

O Brasil, como um todo, não sendo ainda um país rico, age como seus pobres. Não há nenhum mérito em dar o que nos sobra. O mérito está em repartir o que temos e do que necessitamos. Poeta mais conhecido em Minas, Djalma Andrade resumiu este sentimento ao pedir a Deus que nunca o deixasse comer sozinho o pão que pudesse partir em dois pedaços.




À Direta, Venalidade!


Você é de direita? Faça o teste
Por Juremir Machado da SilvaVenalidadeA direita corrompe o padeiro

É sabido que para a direita não há mais esquerda e direita, salvo quando a direita quer bater na esquerda e precisa chamá-la pelo nome para dar nome bois. Todo mundo sabe e eu tenho repetido isso aqui que a ideia de que a divisão direta/esquerda deixou de ser pertinente é uma ideia de direita. Houve tempo em que ser de direita era antiquado. A esquerda ganhava a guerra simbólica. Isso mudou. Nos últimos anos, a direita adotou estratégias publicitárias (a publicidade é quase sempre de direita) e passou a se apresentar como moderna. Faz parte desse jogo chamar a esquerda de anacrônica, velha, ultrapassada, superada, mofada, etc. A esquerda ridicularizava a direita pelo humor. Agora, a direita insulta e menospreza a esquerda com sua ironia pesada.
Façam o teste:
É contra a legalização do aborto?
É contra o casamento de homossexuais?
Acha que o aquecimento global é uma bobagem?
É contra o bolsa-família?
É contra a integralidade do Plano Nacional de Direitos Humanos?
Acha que os governos devem ajudar os produtores ricos e largar no mundo o pobrerio?
Defende pagar menos impostos e obter mais subsídios?
Acha que Israel sempre tem razão contra os palestinos?
É contra política de cotas em sociedades de desigualdade flagrante e reproduzidas pelos mecanismos de educação?
É a favor do Fórum da Liberdade e contra o Fórum Social Mundial?
Acha que a repressão é o único caminho para resolver os problemas de violência urbana?
Chega. É suficiente.
Quem der respostas positivas a 80% dessas perguntas é de direita.
É direito de qualquer um ser de direita. Não é preciso ter vergonha.
Quer dizer, é um tanto vergonhoso ser contra todos os valores modernos e ainda se apresentar como extremamente moderno. Na Europa, muita gente daria respostas positivas a todas as questões listadas acima. E diria sem pestanejar: “Eu sou de direita” ou “nós de direita”. No Brasil, as pessoas querem ser de direita sem ter de carregar o peso negativo dessa palavra e dessa ideologia. É confissão de culpa ou malandragem. A direita brasileira é tão esperta que consegue mamar mais no Estado do que a esquerda mesmo quando a esquerda está no poder. A direita é o poder. Talvez seja a única direita do mundo que não se assume como tal e ainda tenta se apresentar como não-ideológica.
A revista Veja é hoje a carta capital da direita. Os blogues da Veja conseguem estar ainda mais à direita. O Fórum de Davos é a menina dos olhos da direita internacional. Neste ano, eles vão ter de engolir o presidente brasileiro, que, por ter-se “endireitado” um pouco, tornou-se frequentável. Depois da paulada dada pela crise financeira de 2008, Davos está mais humilde. Puro cinismo. Mas a verdade é que o Fórum Social Mundial, rotulado de anacrônico, deu um “chocolate” em Davos e anunciou a agonia do neoliberalismo. Última questão do teste para saber se você é direita:
O neoliberalismo existiu ou foi apenas uma besteira inventada pela esquerda?
Outras, outras: prefere Hugo Chávez ou Jair Bolsonaro?
Sente saudades de Paulo Francis e Roberto Campos?
Acha que a justiça é neutra, imparcia e objetiva? (aí já não é questão de direitismo, mas de loucura).
Acha que nunca se roubou tanto como agora?

18 de jan. de 2010

A Face da RBS

Dinossauro, travestido de porta-voz do coronelismo eletrônico, traça seu perfil psicológico ao vivo e a cores, para gáudio do canil da famiglia Sirotisky.
Abaixo reproduzo artigo que publiquei em 2002 no Observatório da Imprensa, provando que Lasier Martins sempre foi e será um sabujo menino de recados da famiglia Sirotisky.




TV RBS
Almoço do espanto

Gilmar Antonio Crestani (*)

O curso de Direito me forneceu ferramentas de trabalho, alguns amigos e boas leituras. Algumas leituras foram mais marcantes que outras. Cito A defesa tem a palavra, de Evandro Lins e Silva, que me caiu às mãos sem qualquer indicação, mas foi nela que encontrei os indicativos que mostram por que Evandro é o profissional reconhecido dentro e fora do meio jurídico.

Faleceram-me os códigos Civil, Penal, Comercial etc., pois são letra morta, que só os membros do MST devem cumprir, ou morrer, embora sirvam também para que as editoras ganhem rios de dinheiro a cada ano, em função da enxurrada anual de leis que alteram as alterações anteriores. Sem contar as famigeradas medidas provisórias, que mudam todos os meses. Mas nada me foi mais ilustrativo a respeito do Direito do que uma entrevista publicada pelo Pasquim, nº 409, de maio de 1977, com o jurista anticomunista Sobral Pinto. Nesta, Sobral pinta e dá as cores de como buscou melhores condições de instalação para seu cliente, o comunista Berger, que estava preso:

"A situação em que se encontra é precisamente a do Artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais. Este artigo diz que nenhum animal pode ser posto numa situação que não esteja de acordo com sua natureza. Um cavalo não pode ficar dentro de uma baia a vida inteira. Tem que sair, galopar, isso é da sua natureza. O homem também não pode ficar numa situação dessas, contrária a tudo que há em sua natureza e à sua psicologia. Então pedia a aplicação da Lei de Proteção aos Animais."

Outra lição inesquecível é a de que o culpado sempre procura os melhores advogados. A contratação de certos advogados indicariam o grau de culpabilidade do cliente. Quem contrata um Saulo Ramos, um Ives Gandra Martins não busca necessariamente o conhecimento desses profissionais, mas o seu jamegão e suas relações. A riqueza dos cursos de Direito está exatamente em fornecer um variado cardápio de profissionais: delegados, advogados de defesa, promotores, procuradores e também juízes.

Mas há também bacharéis que se acham oniscientes, por obra e graça de sua única vontade, ou, quem sabe, por inspiração divina. Estes, embora já tenham sido catalogados por Cesare Lombroso (1836-1909), encontram-se no jornalismo: investigam, julgam, condenam e executam.

Os programas de TV, como fontes de informação, não me atraem, excetuando documentários. Prefiro a palavra escrita dos jornais e revistas aos leitores de teleprompter. Por isso ando meio desligado, como na música dos Mutantes, no que diz respeito à programação da TV local e seus comentaristas policiais. Além disso, como assino a DirecTV, na minha casa não se vêem Rede Globo e suas filhas. Meu conhecimento do que rola nas tevês "abertas" - tão abertas que não podem passar na DirecTV! - vem da leitura de jornais ou pela internet.

Presunção de culpa

A exemplo do nacional Carlos "Ratinho" Massa, os gaúchos também já dispõem de um "ratinho" gaudério: Lasier Martins. O campeão dos comentários trash. Faz Erasmo Dias e Afanázio Jazadzi parecerem seminaristas em festa de São Francisco de Assis.

Má hora em que, nestas minhas férias, dia 12/3, fui forçado a almoçar assistindo ao Jornal do Almoço, programa da RBS-TV, de Porto Alegre. Fiquei deveras chocado. Em pleno almoço o âncora entrou em êxtase, espumando de raiva como se tivesse incorporado nele o coisa ruim. Pior me senti depois, ao constatar que, de fato, existe público para tanta baixaria. Talvez aí também se explique o sucesso das igrejas evangélicas e suas sessões para expulsar o demônio.

Realmente, há gostos e gostos, como provam os livros de medicina legal. O cinema criou um estilo de filme batizado de terrir. É o terror que faz rir, quando o paroxismo das cenas vira caricatura, sem verossimilhança com a realidade. Para mim, os comentários de Lasier Martins fizeram não minha Hora do espanto, mas meu Almoço do espanto.

Para que o leitor possa ter uma idéia, o Ratinho da RBS tecia alguns comentários a respeito de um fato policial sucedido em Porto Alegre. Um assalto a ônibus resultou na morte de uma policial. Em represália, um grupo de policiais teria "apagado" dois dos presumíveis assassinos. Esse era o mote. A fúria do clarividente e onipotente comentarista desembestou de tal forma que parecia uma daquelas sessões do filme O exorcista. Que motivações levam uma pessoa a perder o controle sobre si mesmo diante da mesa de almoço de seus telespectadores?

Explique-se. Era o dia da primeira audiência de tentativa de identificação dos policiais pretensamente envolvidos na morte dos presumíveis assassinos. Digo presumíveis, pois não houve inquérito, julgamento e, muito menos, condenação. Ainda.

O vociferante jurista e dublê de jornalista aproveitou o gancho para louvar a atitude da PM paulista, que massacrou todos os passageiros daquele ônibus que estaria levando integrantes do PCC a um assalto. (Igualmente uso o verbo no condicional pois não houve inquérito, acusação, julgamento, essas coisas banais do Estado de Direito, a que se dá o nome de segurança jurídica na democracia). Não se trata de defender bandido, que leis há para serem aplicadas e cumpridas, mas cuida-se da saúde mental de quem detém poder de repercussão.

Pelo que li no rosto do apresentador, não ando só desligado, mas desatualizado, a menos que tenha sido revogada a garantia constitucional da presunção de inocência. Deve ter voltado a moda dos tempos da ditadura, da presunção da culpa. A presunção de inocência somente vale para quem tem R$ 1,32 milhão no cofre da empresa para uma campanha eleitoral que sequer começou. Já para quem é pobre e anda em ônibus suspeito, a presunção é de culpa.

Talião revisitado

Não se fala em identificação dos culpados, nem em apresentá-los à Justiça. Bandido bom, para Lasier Martins, assim como para muita gente que se acha ilustrada em pleno século 21, é bandido morto. Em outras palavras, incentivou a justiça pelas próprias (dos policiais) mãos. Apresentou, inclusive, a ação dos policiais paulistas como padrão a ser seguido pelos policiais gaúchos, já que aqui os direitos humanos só protegem os bandidos. Minha avó italiana, analfabeta, também dizia que tem gente que só matando. Mas era uma metáfora para dizer que certas pessoas não têm conserto.

Seguindo as regras sui generis do animador de almoço, os sete magníficos meninos (não é filme de cowboy), conhecidos como Gangue da Praça Matriz, filhos da fina flor da sociedade porto-alegrense, que assassinaram o menino Alex Thomas, deveriam ter sido sumariamente fuzilados. Um dos acusados de envolvimento no crime hoje é ator na Globo. Seguindo a mesma pena de talião revigorada pelo vociferante e clarividente Lasier Martins, naquele estertor sádico amedrontador, os assassinos que incendiaram o índio Galdino Pataxó, numa parada de ônibus em Brasília, também deveriam ser decapitados em praça pública. Se fôssemos seguir a mesma trilha rancorosa, o filho de Odacyr Klein, ex-ministro dos Transportes, que atropelou e fugiu deixando um morto estendido na beira da estrada, deveria ter sido linchado em praça pública. Mas nessas horas Lasier deve falar nas fatalidades, dos insondáveis caminhos a que o homem está sujeito, neste vale de lágrimas.

Coincidentemente, Lasier é aquele mesmo que sentiu um prazer sádico ao constatar, na lista dos 40 maiores devedores do estado, a presença da Imcobrasa, de Renato Ribeiro, também dono do Correio do Povo, empresa que o havia defenestrado. Declarou, sem constrangimento, que usava espaço na RBS para se vingar do ex-patrão. É esse o equilíbrio emocional e o critério de isenção jornalística perseguido por Lasier Martins? Alguém consegue imaginar esse senhor envolvido em um acidente de trânsito e com uma arma na mão?

A chave de ouro, tão surrada como uma de pedra lascada, foi que os direitos humanos praticados aqui no RS só servem para proteger bandidos. Estou curioso para saber a definição de "bandido" e de "humano" do senhor Lasier Martins.

Teste psicotécnico

Infelizmente, Lasier está estribado em conceito expresso por um sociólogo de renome, que, por acidente, ocupa o comando desta nação. Quando a polícia paranaense matou o agricultor Antônio Tavares Pereira, 38 anos, cinco filhos, líder local do Movimento dos Sem-Terra, o professor Cardoso soltou uma de suas tantas pérolas: "Fatos como esse devem servir de alerta para aqueles que optarem pela provocação e pelo desrespeito à democracia e à cidadania." Aí está a legitimação da justiça pelas próprias mãos. Daí à execução da justiça pelos policiais é só uma oportunidade. Jorge Murad, lembrando das sobras de campanha do correligionário de sua esposa Roseana, o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, deve ter pensado: se não há financiamento público das campanhas, então tudo é permitido. Subjacente, há sempre uma lógica.

"Polícia não tem que perguntar", cuspiu, naquele meu almoço, para justificar a atitude da PM paulista. Não por acaso, a morte de um tenista, em São Leopoldo-RS, pelas costas, se encaixa perfeitamente na "raciocinada" do Lasier Martins. Se analisada in vitro, a língua viperina do comentarista policial da RBS não passaria de mais um caso patológico a ser resolvido no âmbito da medicina legal. Contudo, a virulência do ataque tem pessoas e endereços certos. Estes, além de não servirem à RBS como o BNDES o faz com relação à mãe dela (a Globo), também já cobraram na Justiça muita grana desta filha daquela.

Assim como o filho de Pluto, deus grego do dinheiro, também chamado de BNDES, que virou a cabeça da Globo a respeito de Roseana, também a RBS tem lá suas razões que só os cofres públicos conhecem. Qual dos coronelismos é pior: o do clã Sarney ou o de certa mídia a que estamos submetidos?

A mídia já apóia abertamente a justiça pelas próprias mãos. Então, para que implantar a pena de morte, se diariamente centenas morrem de morte matada nos arrabaldes das cidades? A diferença é que ninguém insufla a polícia a fazer justiça com as próprias mãos quando se trata de Jorge Murad, Jader Barbalho, ACM, Luis Estêvão, Eliseu Padilha, Nicolau Lalau, Sarneys. Nesses casos, até algema causa celeuma. Também Hildebrando Paschoal, do PFL do Acre, que mandava serrar seus desafetos com motosserra, escapa da sanha magarefe de Lasier Martins.

Antes de exigirem diploma, os sindicatos de jornalistas deveriam exigir teste psicotécnico para os profissionais que pilotam programas jornalísticos, mormente no horário de almoço.

(*) Funcionário público federal

17 de jan. de 2010

Magnoli por suas idéias

O consultor da direita hidrófoba lançou, através do Estadão deste 17/01/2010, a autópsia de um cadáver insepulto: a direita brasileira.
Vamos dissecar e empalhar, parágrafo por parágrafo, o ideário que move os que chamam ditadura de ditabranda e são incansáveis defensores de torturadores, ao mesmo tempo que travam batalha sem trégua contra os movimentos sociais.




Direitos humanos recicláveis



OBS 1: - O título não poderia sem mais emblemático, ao considerar que os direitos humanos são recicláveis como se fossem um saquinhos de leite perfurados.

Conceito deixou de se aplicar a indivíduos reais para exprimir prerrogativas de coletividades imaginadas


Demétrio Magnoli
OBS 2: - Guarde esse nome e não o pronucie diante de crianças e pessoas decentes.

SÃO PAULO - Samuel Pinheiro Guimarães, o número 2 do Itamaraty feito secretário de Assuntos Estratégicos, renomeou os direitos humanos como "direitos humanos ocidentais" e qualificou a sua defesa como uma política que dissimula "com sua linguagem humanitária e altruísta as ações táticas das grandes potências em defesa de seus próprios interesses estratégicos". O ataque frontal aos direitos humanos é ineficaz e desqualifica o agressor. Os inimigos competentes dos direitos humanos operam de outro modo, pela sua usurpação e submissão a programas ideológicos estatais. O Plano Nacional de Direitos Humanos há pouco anunciado é uma ilustração acabada dessa estratégia. Desgraçadamente, os movimentos e ONGs que falam em nome dos direitos humanos não são apenas cúmplices, mas inspiradores da ofensiva de âmbito internacional.

OBS 3: - Note três termos caros ao geógrafo de cadáveres: "usurpação", "submissão" e "ideológico".


A política internacional de direitos humanos nasceu de fato com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. O texto célebre inscreve-se na tradição da filosofia política das Luzes, que se organiza ao redor do indivíduo. Ele proclama direitos das pessoas, não de coletividades étnicas, sociais ou religiosas. Tais direitos circulam na esfera política, mesmo quando se referenciam no mundo do trabalho ou da cultura. Por esse motivo, a sua defesa solicita, sempre e inevitavelmente, o confronto com o poder político que viola ou nega direitos. A Declaração de 1948 é, essencialmente, um instrumento de proteção dos indivíduos contra os Estados. Não é fortuito que seus detratores clássicos sejam os arautos das utopias totalitárias: o fascismo, o comunismo, o ultranacionalismo, o fundamentalismo religioso.
OBS 4: - Um dos colegas de ideologia de Demétrio Magnoli, Olavo de Carvalho, traduziu um livro de Schopenhauer dando o título de "Como vencer um debate sem ter razão". Outros traduziram com a "Arte de Ter Razão". Há inescapável diferença. Schopenhauer nos auxilia a compreender como fazerm os que querem vencer um debate sem ter razão: primeiro generalizam, depois pinçam só os casos que fecham com a tese genericamente apresentada. A generalização está nos termos "indivíduos". Note que dentre as formas totalitárias não estão os governos golpistas nem os hereditários. Neoliberalismo também não foi relacionados dentre as utopias totalitárias...

Na sua fase heroica, as ONGs engajadas na defesa dos direitos humanos figuravam na lista de desafetos dos Estados, inclusive das democracias ocidentais. Elas denunciavam implacavelmente a censura, a repressão política, as detenções ilegais e as torturas promovidas pelos regimes tirânicos, mas também as violações cometidas pelos serviços secretos das potências democráticas, a pena de morte, a discriminação oficial contra imigrantes, o preconceito racial nos sistemas judiciário e policial. Nada disso servia para a obtenção de financiamentos de governos, instituições multilaterais ou fundações filantrópicas globais. O ramo dos direitos humanos não era um bom negócio.

OBS 5: - Já começa a sair do generalismo e começa a entrar na particularidade: ONGS, classificando-as em apenas duas espécies, as que estão contra e a favor do Estado. Note que é o finciamento e não o trabalho das ONGs que alimentam o conceito de Magnoli.
Dicionário Magnoli: Direitos humanos é apenas um negócio... business its business. Os filmes a respeito da Cosa Nostra, quando os Capos discutem uma retaliação, mostram este conceito na prática.


O giro estratégico começou há menos de duas décadas, por meio de uma reinterpretação fundamental dos direitos humanos. As ONGs inventaram a tese útil de que os direitos humanos, tal como expressos na Declaração de 1948, representam apenas direitos "de primeira geração". Eles deveriam ser complementados por direitos econômicos, "de segunda geração", e direitos culturais, "de terceira geração". A operação de linguagem gerou um oceano de direitos indefinidos, um livro vazio a ser preenchido pelos detentores do poder de preenchê-lo. Simultaneamente, propiciou a aliança e a cooperação entre as ONGs de direitos humanos e os Estados.


OBS 6: - Na primeira frase já sai atacando nada menos que Noberto Bobbio e sua "A Era dos Direitos". Aí inventa uma expressão inútil: "tese útil". Alguém, no das faculdades mentais, inventaria uma tese inútil? Sim, e ele se chama Demétrio Magnoli, o intérpreta da Direita Tupiniquim. O que Magnoli quer é que um direito reconhecido não possa ser exigido: mais ou menos assim, a Constituição garante a liberdade de expressão, mas o exercício deste direito não pode ser exigido. Claro, se exigido pelo movimento sociais. Se exigido pelo poder econômico, deve ser imediatamenta atingido.

Sob o amplo guarda-chuva dos direitos "de segunda geração", quase todas as doutrinas políticas podem ser embrulhados no celofane abrangente dos direitos humanos. A reforma agrária promotora da agricultura camponesa converte-se num direito humano, tanto quanto a coletivização geral da terra, que é o seu oposto, segundo a vontade soberana do poder estatal de turno. O Plano de Direitos Humanos apresentado pelo governo Lula declara o "neoliberalismo", rótulo falseador usado como referência genérica às políticas de seu antecessor, como um atentado aos direitos humanos. As políticas assistenciais de distribuição de dinheiro transfiguram-se em princípios indiscutíveis de direitos humanos. Aqui ao lado, em nome dos direitos "de segunda geração", Hugo Chávez destrói meticulosamente aquilo que resta da economia produtiva venezuelana.


OBS 7: - Vou pinçar mais uma "tese inútil": "A reforma agrária promotora da agricultura camponesa converte-se num direito humano". Entendeu? Reforma agrária promove agricultura camponesa. Ah se a reforma agrária provocasse evolução mental de geógrafos... Mas não, reforma agrária pode existir como previsão constitucional, mas não pode ser exigida, porque se exigir aí vira direito humano, quase sinônimo de baderna. Outra frase lapidar: "As políticas assistenciais de distribuição de dinheiro transfiguram-se em princípios indiscutíveis de direitos humanos." E agora como fica aquela "tese inútil" de que o Bolsa Familia foi criado pelo governo do professor Cardoso? O oposto da tese de Magnoli é conhecida, inclusive no meio jurídico: dar a cada um o que é seu: ao pobre a miséria, aos ricos a riquesa. Não caberia, por essa "tese inútil", ajuda ao Haiti. Em outras palavras, é a mesma tese de Boris Casoy, agora feita por um geógrafo metido a taxidermista. E aí, no final do parágrafo, aparece o fantasma da compulsão noturna de Demétrio Magonoli e da direita em geral: Hugo Chávez. Como disse acima, cria-se uma regra geral e depois busca-se no particular um exemplo para reforçar a tese. Aos que ainda não sabem, o "aqui ao lado" também pode ser incluído Alvaro Uribe, da Colômbia, menino dos sonhos da direita envergonhada de dizer seu nome.


Os direitos "de terceira geração", por sua vez, funcionam como curingas dos tiranos e das lideranças políticas que fabricam coletividades étnicas, raciais ou religiosas. A perseguição à imprensa independente, nas ditaduras e nos regimes de caudilho, adquire a forma da proteção de direitos sociais contra o "poder midiático". A introdução de plataformas ideológicas no sistema educacional é envernizada com a cera dos direitos culturais. O mesmo pretexto propicia um discurso legitimador para a implantação de políticas de preferências étnicas ou religiosas no acesso aos serviços públicos, ao ensino superior e ao mercado de trabalho. O Plano de Direitos Humanos contém um pouco de tudo isso, refletindo a intrincada teia de acordos firmados entre o governo, os chamados movimentos sociais e redes diversas de ONGs.

OBS 8: - aqui Magnoli se faz de tapete para o patrão. Existe ser mais abjeto que o puxa saco? Ele põe no liquidificador termos que são verdadeiros fantasmas para a direita hidrófoba, a política de cotas. Um governo que põe em prática políticas que surgem das necessidades sociais, como a cota universitária para negros e os 20% nos concursos públicos para deficientes, são um verdadeiro perigo. Magnoli defende a política espartana que jogava num penhasco as crianças com má formação. Já imaginou que fossem jogados também aqueles com má formação mental!?


A revisão do significado dos direitos humanos empreendida por iniciativa das ONGs esvaziou o sentido original da política internacional de direitos humanos. Eles deixaram de exprimir direitos dos indivíduos reais para se transfigurarem em direitos de coletividades imaginadas. O "negro" ou "afrodescendente" genérico, supostamente representado por uma organização política específica, tomou o lugar do indivíduo realmente esbulhado pela discriminação racial. O "índio" abstrato, "representado" pelo Instituto Sócio-Ambiental, sequestrou a voz do grupo indígena concreto que não tem acesso a remédios ou escolas. O Plano de Direitos Humanos contempla todas as coletividades fabricadas pela "política de identidades", inclusive as quebradeiras de coco. Ao reconhecimento oficial de cada uma dessas coletividades vitimizadas corresponde uma promessa de privilégios para seus "representantes", que são ativistas internacionais do próspero negócio dos direitos humanos.


OBS 9: - outra tese inútil, típica de um pensamento perturbado, o conflito entre indivíduo e sociedade, como se fosse possível atender o indivíduo mas não à coletividade, também chamados de direitos difusos. É a inutilidade do Ministério Público, principal defensor dos direitos difusos, que tanta urticária provoca na direita. Demétrio Magnoli não quer uma política para negros, para quilombolas, quer política para o indivíduo... Pelé... Bolsa família, não. Subsídio, isenção, incentivo e perdão para empresário, sim!

Os direitos humanos de "segunda geração" e "terceira geração" diluíram os direitos humanos. As ONGs de direitos humanos incorporaram-se à paisagem geopolítica das instituições multilaterais e seus ativistas ingressaram numa elite pós-moderna de altos funcionários do sistema internacional. Em contrapartida, pagaram o preço de uma renúncia jamais explicitada, mas nítida e evidente, a fustigar as violações de direitos humanos praticadas pelos Estados.

OBS 10: - discurso que lembra Rolando Lero, da Escola do Professor Raimundo. São as tais generalidades etéreas de um causídico enfastiado com o tormento de servir sem ser servido...


A "guerra ao terror" de George W. Bush, com suas operações encobertas de transferência de presos para ditaduras cruéis, suas prisões off-shore e suas técnicas heterodoxas de interrogatório, escapou relativamente incólume do bombardeio das ONGs amestradas. A submissão do sistema judicial da Rússia de Vladimir Putin às conveniências políticas do Estado quase desapareceu dos radares dos ativistas. A vergonhosa deportação dos boxeadores cubanos por um governo brasileiro disposto a violar tratados internacionais precisos não mereceu uma denúncia no âmbito da OEA. O fechamento de emissoras de TV e a nova figura dos prisioneiros políticos na Venezuela não merecem manifestações significativas dos altos executivos de direitos humanos. A agressão recente à blogueira cubana Yoani Sánchez não gera nem mesmo uma protocolar nota de protesto das organizações que redigiram junto com Paulo Vannuchi o Plano de Direitos Humanos. De certo modo, Samuel Pinheiro Guimarães triunfou.


OBS 11: "A "guerra ao terror" de George W. Bush, com suas operações encobertas de transferência de presos para ditaduras cruéis, suas prisões off-shore e suas técnicas heterodoxas de interrogatório, escapou relativamente incólume do bombardeio das ONGs amestradas." Estadão, Globo, Folha, que abraçaram a causa americana estariam entre as ONGs amestradas. Fui atrás dos artigos do geógrafo Magnoli a respeito da "guerra ao terror" e são só encômios aos EUA. A história dos boxeadores é só mais um exemplo que move pessoas desinformadas e as mal intencionadas. Reportagem da Sportv que entrevistou os boxeadores desmentiu. Estava neste endereço "http://video.globo.com/Videos/Player/Esportes/0,,GIM974527-7824-EXCLUSIVO+BOXEADOR+CUBANO+REVELA+DETALHES+DA+SUA+FUGA,00.html" . Mas o tipo de democracia que a Globo pratica impediu a continuidade dos vídeos, pois desmentiam aquilo que Demétrio, ao melhor estilo Goebbels, insiste em continuar. Da mesma forma, continua a falar do fechamento de TV na Venezuela, mas não fala da Colômbia nem de Honduras do golpista Michelet, que fechou não uma mas vários veículos.

- Essa é a direita e seus métodos, suas verdades e suas compulsões. Demétrio Magnoli é apenas mais um proxeneta que, para existir, precisa ser subserviente.



Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP, é colunista de O Estado de S. Paulo.

OBS 12: - Pelo nível de conhecimento demonstrado por Magnoli, deve ser o mentor intelectual do mapa da América do Sul distribuído pelo PSDB em São Paulo.
Geografia pelo Método MagnoliGeografia pelo Método Magnoli

Assassinos de Aluguel

Editorial do New York Times, de 11/01/2010, publicado pelo Último Segundo, revela a verdadeira face da guerra Made in USA. A verdadeira face do terror é estrangeira, mas a serviço da mais eficiente e lucrativa máquina de assassinar já montada no Ocidente.

Assassinos de Aluguel
Ricardo Urbina, um juiz federal de Washington, ofereceu mais um argumento convincente contra a terceirização da guerra a mercenários do setor privado. Ao rejeitar acusações contra agentes da companhia Blackwater que mataram 17 iraquianos na praça Nisour, em Bagdá, em setembro de 2007, Urbina ressaltou a incapacidade do governo de fazer com que os mercenários sejam responsabilizados por seus crimes.

Urbina determinou corretamente que o governo violou a proteção aos agentes da Blackwater contra autoincriminação. Ele rejeitou uma acusação inepta que se baseava em declarações feitas pelos agentes a funcionários do Departamento de Estado, que contratou a companhia de segurança da Carolina do Norte para proteger comboios e pessoal no Iraque. Isso, segundo ele, seria uma "violação irresponsável dos direitos constitucionais dos acusados".

Durante a campanha presidencial, Barack Obama e Hillary Clinton competiram sobre quem tomaria medidas mais rígidas contra os mercenários. Está claro que a única maneira de Obama manter sua palavra é se livrar dos milhares de mercenários contratados no Iraque, Afeganistão e em outros lugares.

As mortes na praça Nisour não foram os primeiros crimes das armas de aluguel no Iraque, ou seu último. O exército afirmou que funcionários de empresas como a CACI International estiveram envolvidos em mais de um terço dos incidentes de abuso comprovados na prisão de Abu Ghraib em 2003 e 2004. Guardas da Blackwater - que mudou de nome para Xe Services - e de outras empresas de segurança, como a Triple Canopy, estiveram envolvidos em outros tiroteios fatais.

No dia 7 de janeiro dois ex-guardas da Blackwater foram presos e acusados por duas mortes advindas de um tiroteio que aconteceu em maio no Afeganistão.

Ainda assim, o governo não tem conseguido responsabilizar os mercenários. Quando sua ocupação formal do Iraque acabou, em 2004, a gestão Bush exigiu que Bagdá concedesse imunidade legal aos seguranças privados.

O congresso tentou cobrir tais crimes com leis americanas. O Ato Militar de Jurisdição Extraterritorial estende leis civis a mercenários que apoiam operações militares no exterior e o Código Uniforme de Justiça Militar foi ampliado em 2006 para cobri-los.

Mas o governo não processou com sucesso nenhum caso pelas mortes cometidas por mercenários. Uma ação iraquiana contra empresas contratadas pelos militares americanos, movida por iraquianos vítimas de tortura em Abu Ghraib, foi rejeitada por um tribunal de apelação federal que afirmou que as companhias têm imunidade como parceiras do governo.

Furioso que o caso da praça Nisour foi rejeitado, o governo iraquiano afirmou que poderá entrar com ações civis nos Estados Unidos e Iraque contra a Xe. Mas suas chances de sucesso não são consideradas promissoras. As famílias de muitas das vítimas do ataque aceitaram um acordo da Xe na semana passada, temendo que uma ação civil pudesse não levar a nada.

Há muitas razões para se opor à privatização da guerra. O uso de mercenários permite que o governo trabalhe fora do radar do escrutínio público. E contratantes despreocupados podem ter propósitos diferentes daqueles das forças armadas. Os guardas não supervisionados da Blackwater arruinaram o esforço de se ganhar o apoio iraquiano.

Mas mais fundamental é que o governo não pode - ou não quer - manter o controle legal de seus mercenários. Uma nação de leis não pode ir à guerra dessa maneira.

16 de jan. de 2010

O Furo do Jornalismo

Jornalismo no BuracoO Furo do Jornalismo Existem consequências e consequências. No caso Ricupero custou-lhe o então muito vistoso Ministério da Fazenda. No caso Bial restou-lhe a opção de apresentar o Big Brother Brasil. No caso Casoy… bem, aí o mistério é impenetrável.

E ainda vão criar um sistema fantástico capaz de acessar diretamente o pensamento das chamadas figuras públicas. Seria uma espécie de áudio a ser acionado fora de hora. Não quando o personagem está em ação, dizendo aos telespectadores qual a moral da notícia, qual a real intenção desta e daquela frase deste ou daquele político. Mas sim quando a pessoa, essa que chora e gargalha, sente calor e frio, fome e medo, amor e ódio, troca confidências com seus pensamentos sem a ofuscante luz do refletor nem o cenário espacial do telejornal da noite. Com tantas maravilhas tecnológicas ao nosso alcance há que se inventar o leitor de pensamento, o desmascarador de embuste, o algoz do discurso hipócrita, o aparelho que nos dispa do supérfluo e nos apresente ao ser humano que luta por sobreviver em meio a realidade artificialmente gerada. E já poderíamos fazer alguns testes, logo de antemão.

Numa emissora de tevê o âncora do telejornal declamaria algo mais ou menos assim: “Só temos que nos orgulhar de termos um gari tão honesto e brioso de sua cidadania… pois não é comum vermos essa pessoa simples vir entregar na Delegacia de Polícia a bolsa recheada com R$ 20.000,00 que acabara de encontrar em meio ao lixo do condomínio de luxo…” Acionaríamos a engenhoca logo no primeiro intervalo dos comerciais e escutaríamos algo assim: “Pobre diabo, criatura patética, imbecilizada ao extremo… uma vergonha ir devolver dinheiro encontrado no lixo tantas vezes por ele vasculhado. Um idiota completo.”

Enquanto em outra emissora de tevê o apresentador do telejornal declamaria algo mais ou menos assim: “O Brasil conheceu ontem a história de dona Salustiana, 47 anos, mãe de 14 filhos, destacada catadora de papel de Taboão da Serra. Pois bem, ela concluiu o curso de alfabetização ontem à noite e está feliz da vida por saber agora ler e escrever. Um exemplo de determinação e coragem.” Novo intervalo comercial, trabalho para a engenhoca que, uma vez acionada nos traria o seguinte áudio: “Infeliz que veio ao mundo apenas para dar cria: 14 filhos! E ainda vem com sorriso banguela dizer-se feliz por saber ler e escrever. Sabe nada! No máximo consegue desenhar o nome e olhe lá! É gente assim que atravanca o Brasil!”

E já não se fazem moralistas como antigamente. Em passado recente moralistas de plantão utilizavam a televisão e o rádio para sapecar aulas de EMC (Educação Moral e Cívica). Falavam convictamente sobre a importância de o galo cantar anunciando a alvorada mesmo que o país estivesse no breu da mais torpe ditadura, opressão e tirania. Foi o tempo do faz escuro mas eu canto, o tempo do quando chegar o momento esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro! Naquele tempo sabíamos os que estavam deste lado da luta e os do outro lado. Os papéis eram demarcados. Atualmente predomina a psicologia de pesquisas de opinião pública: se o povo gosta de bordões então o saciarei logo com dois: “Precisamos passar o Brasil a limpo!” e para otimizar o tempo televisivo faça uso de algo mais curto e contundente como “Isto é… uma vergonha!”

Em 02/09/1994 o ministro da Fazenda Rubens Ricupero, em entrevista a Carlos Monforte no programa matinal Bom Dia Brasil teve parte de sua alma revelada em áudio vazado. Ele dizia em intervalo comercial que “o governo faturava o que era bom e escondia o que era ruim”. Ou seja, as autoridades governamentais são sempre inteligentes e a população sempre idiota. Custou-lhe o cargo, a credibilidade e o futuro político. Virou verbete em debates sobre novas tecnologias atendendo pela expressão “A parabólica de Ricupero”.

Mas existem as armadilhas do tempo. O espírito da época, o zeitgeist. Somos herdeiros direitos da chamada Era dos Direitos para usar aquela feliz expressão de Bobbio. O principal direito é o direito à humanidade. O principal instrumento para orientar a vida ordenada do planeta responde pelo pomposo título de Declaração Universal dos Direitos Humanos e tem data de fabricação (10/12/1948) mas não tem (ainda bem!) prazo de validade. Acontece que para fazer valer os direitos humanos precisamos abraçar de coração, com áudio ligado ou desligado, som perene ou vazando, não importa, ideias como respeito à diversidade de gênero, de raça, de cor, de credo, de classe, de nacionalidade. Passaram-se 11 anos mas muito gente ainda lembra daquela noite em que Pedro Bial provavelmente sem saber que o microfone estava aberto fala durante apresentação do balé Kirov: “Isso é coisa de viado” (Fantástico, 17/05/1998).

Deixei para o fim do texto a citação das palavras de Boris Casoy, âncora do telejornal da Band e que foi ao ar na noite do primeiro dia de 2010. O jornalista fez comentários infelizes após um vídeo com a participação de dois garis desejando votos de Feliz Ano Novo. Durante as imagens, vazou um áudio de Boris falando: "que m... dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras" e "dois lixeiros, o mais baixo da escala do trabalho". Um primor de preconceito e desprezo contra cidadãos sem canudo, sem herança, sem traquejo para investir em bolsa de valores e sem sobrenome chamativo como Diniz, Sendas, Steinbruch, Skaff, Marinho, Saad, Civita, Agneli ou Casoy.

No segundo dia do ano, após ver desabar sua reputação de grande humanista, fiscal da moral alheia e algoz dos politicamente incorretos, principalmente se estiverem na política, Casoy pediu desculpas: "Ontem (quinta) durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores." Ficamos com a pulga atrás da orelha: o que teria ele dito em particular no intervalo de suas desculpas, enquanto o áudio estava fechado? Algo ficou evidenciado no pedido de desculpas: ele se refere à “frase infeliz” que “ofendeu os garis e a todos os telespectadores”. Primeiro que não se tratou de uma frase infeliz, é relativizar demais, ser muito reducionista e complacente com seus erros. Ele usou conceitos elaborados dando conta da evolução na escala do trabalho e determinando desde seu lugar de fala (atenção estudiosos da linha francesa de análise de discurso) que os garis estão ali, na altura do rés do chão. Resta-nos perguntar: em que posição Casoy se encontrava antes do vazamento do aúdio? E após o vazamento, qual a sua posição na escala dos valores humanos?

Existem consequências e consequências. No caso Ricupero custou-lhe o então muito vistoso Ministério da Fazenda. No caso Bial restou-lhe a opção de apresentar o Big Brother Brasil. No caso Casoy… bem, aí o mistério é impenetrável. Isso me lembra aquele cartoon do Charlie Brown. Nosso personagem caminha solitário em direção oposta a uma multidão de manifestantes, cada qual portando cartaz com abaixo isto e abaixo aquilo… então a Lucy pergunta ao Charlie Brown se ele não iria carregar uma faixa com abaixo a civilização! Brown responde, filosófico: “Não precisa… ela cairá… de tão podre.”

Em tempo:

O vídeo do Rícupero foi visto 33.009 no Youtube.


O vídeo do Bial foi visto 101.468 no Youtube.


O vídeo do Casoy foi visto 362.485 no Youtube.


Washington Araújo - Agência Carta Maior, é jornalista e escritor.
Texto publicado originalmente no site do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina.

12 de jan. de 2010

Fuzilamento

Goya - Fuzilamento de 3 de maio

Impressionante o arsenal das viúvas da ditadura. Deve haver muita atrocidade escondida para uma reação tão desproporcional à tentativa de se buscar esclarecer como e porque desapareceram tantas pessoas durante a ditadura militar.

O principal argumento, de que se houver investigação dos torturadores, também devem ser investigados aqueles que reagiram à ditadura, é tão primário que só um deficiente mental aceita.

Por tras deste argumento se esconde uma confissão escabrosa: se for necessário investigar também os grupos armados que lutaram contra a ditadura, significaria aceitar a afirmação de que foram torturados e mortos sem qualquer tipo de investigação e julgamento.

Pelo contrário, com base na lei de segurança dos militares e de gente que muito lucrou com a ditadura, o exército e todo o aparato policial comandado pelos gorilas, fez todo tipo de investigação, entrou em universidades procurando exatamente quem se enquadrava em seus delírios.

Com base em seus critérios dantescos, a ditadura prendeu, torturou, assassinou e escondeu.

Alguns, poucos, foram julgados e inocentados, geralmente se tinha algum pistolão militar, mas a grande maioria ou fugiu o foi morta.
Portanto, sádicos de plantão, arrumem outro argumento.

Essa de querer fazer um segundo julgamento da vítimas, inclusive de mortos, só pode ser coisa de bandido.



... OU ENFORCAMENTO


Uma imagem vale por mil palavras. De qualquer forma, como tem muito imbecil que ainda acredita que comunista come criancinha, e que tem orgasmo quando ouve falar em tortura, explico.

O jornalista Vladimir Herzog foi perseguido, preso, torturado até a morte. Não satisfeitos com isso, os donos da moral e dos bons costumes, que queriam livrar o Brasil dos comedores de criancinhas, enforcaram o morto. Essa é a gente que não quer discutir os crimes perpetrados durante a ditadura: por omissão, conivência ou mesmo participação, pode-se incluir as famiglias Sirotisky, Frias, Mesquita e Marinho.

Torturadores, deliciem-se! Honestos, indiguinen-se!
Vladimir Herzog


OBS. A bomba colocada pelos bandidos a serviço da ditadura aconteceu depois da Lei de Anistia, portanto, não estava ao abrigo da impunidade construída pelos únicos beneficiários da anistia, os torturadores.

Quadro Roubado

Santa Ceia só com Judas!
Legendas extraídas do Cloaca News:
Primeira fila - Otávio Frias Filho, Mônica Waldvogel, Ricardo Boechat, Reinaldo Azevedo, Nélson Sirotsky, Arnaldo Jabor, Fernando Mitre
Segunda fila - Diogo Mainardi, Eliane Cantanhêde, Alexandre Garcia, William Waack, William Bonner, Lucia Hippolito, Josias de Souza
Terceira fila - Augusto Nunes, José Nêumane Pinto, Joelmir Betting, Merval Pereira, Clóvis Rossi, Miriam Leitão, Carlos Alberto SarDEMderg
Quarta fila - Boris Casoy, Renato Machado, Roberto Civita, Ricardo Noblat, Ali Kamel (o ator)

O serviço secreto anti-CCC encontrou um misterioso quadro no Prozac de Jacarepaguá.
Trata-se de uma paródia da Santa Ceia onde só aparecem Judas.
Especialistas londrinos das casas Bonhams, Christie's and Sotheby's avaliaram o quadro em R$ 0,02 (dois centavos).
A tela, pelo jeito, foi reutilizada pois atrás da camada de cada cara-de-pau havia uma sigla: P.I.G.
Segundo o especialista da UNICAMPo, Bodão Falhares, pistas, como o cheiro, apontam para uma criadora de porcos inglesa, Margarete, pintora importante de outras obras de demolição, como Malvinas, e de autorretratos: Vaca Loca e Gripe Suína.
Caso não saiba inglês, consulte a Wikipédia em português: PIG.

OBS. Copyleft do Cloaca News.

10 de jan. de 2010

Jornalismo de Emboscada

O escamoteamento de informações atenta não só ao direito do cidadão de saber exatamente o que está acontecendo, como também infringe a obrigação de uma concessão pública, como a RBS, de cumprir com sua obrigação constitucional de bem informar.
É praxe, mais do que isso, é institucional o comportamento da RBS de esconder do público notícias desabonadoras aos seus ex-funcionários. A RBS nunca informaria os reais motivos que levaram Antonio Britto à Espanha, quanto saiu do governo do Estado. E qualquer um sabia que Britto "cheirava" mal.

No governo da ex-funcionária Yeda Crusius, do glorioso PSDB, com certeza o mais corrupto da história do RS desde o tempo das capitanias hereditárias, a RBS exime-se de fazer as perguntas certas. Na verdade, usando uma linguagem cara aos peões daquela casa, a RBS só faz levantar a bola para seus ex-funcionários chutarem. O mesmo comportamento canhestro estende-se ao atual ocupante do passo municipal, José Fogaça, do PMDB, também com passagem pelos corredores da RBS.

Faz isso a tanto tempo, cotidianamente, que qualquer estagiário que adentre as portas daquela pocilga já sabe que trabalhará com estrume.

Neste domingo encontrei uma manchete esclarecedora deste modus operandi:
"Dmae nega problemas em hidrantes para controlar incêndio no centro de Porto Alegre. EscamoteaçãoTexto e foto brigam com os fatos

Note que o texto está em conflito com a foto: enquanto a matéria sugere problemas, a foto mostra eficiência.

Entendeu: o DMAE nega algo que a RBS não mostrou que havia.

Afinal, é uma manchete ou um confissão? Aí verirfico no box das matérias relacionadas e não encontro nenhuma que se refira à falta de hidrantes. Como diz o ditado, mentira tem perna curta.

A volta do que não foiMentira tem perna curta

Como diria Cícero: - Até quando, ó RBS, abusarás da nossa inteligência?


Em novo endereço aguardando financiamento do FUNDOPEM:http://fichacorrida.wordpress.com/

8 de jan. de 2010

De quem a RBS tem medo?

O Grupo RBS, na defesa intransigente de seus interesses, que dentre outros inclui Yeda Rorato Crusius, Antonio Britto, José Fogaça, não por acaso todos "revelados" pelos mafiosos, saiu-se com mais uma tentativa de intimidação etérea. Na edição de 07/01/2010, a assessoria de imprensa do prefeito José Fogaça, cuspiu uma matéria, não assinada com a seguinte chamada: "PT muda o mapa do Fórum".
Primeiro, as palavras não foram acolheradas por nenhum repórter, o que significa que foi assinada pelo Capo dei Capi.
Segundo, a matéria não apresenta nenhuma prova de que o mapa do Fórum foi desenhado pelo PT
Terceiro, não há sequer prova de que existia ou existe um mapa para um Fórum;
Quarto. Se dependesse da RBS é seus financiadores nas administrações públicas do RS e PoA, o Fórum Social não só não teria nascido, como teria mandado para longe de Porto Alegre. Em 2002, publiquei artigo onde, dentre outras coisas, observei: "Tudo o que o jornal Zero Hora conseguiu publicar a respeito do Fórum Social saiu no Informe Especial, sábado, 12/01: 'Mas o que é uma oficina em forumsocialês? É tudo o que reúna mais de três pessoas para abordar algum assunto. Serve tanto para uma demonstração de capoeira como para um debate sobre discriminação racial.' Com tanta oficina, não viu nenhuma interessante, só o leque de opções. E essa pluralidade, na visão desse jornal, virou termo pejorativo. O espaço que faltou para o Fórum Social sobrou para tratar de um casal de tucanos que chegou ao zoológico..." Acesse na íntegra aqui:Quem tem medo do Fórum Social?
Quinto - ao contrário do que afirma a matéria "Formato intriga setor de serviços o que intriga é o comportamento salafrário da RBS através de sua gazeta peçonhenta. A frase de abertura é de um ineditismo a toda prova: "Inédito na Capital, o Fórum Social repartido em vários cantos do mundo é uma incógnita para o setor de serviços. " Entendeu? Nem eu.
Sexto, a página 10 do jornal, que continua sendo uma "central de recados" dos soldados da RBS espalhados pelas administrações públicas, abre com uma pérola acaciana: " Fórum em construção - Uma década depois de ter sido concebido como contraponto ao Fórum Econômico de Davos, o Fórum Social Mundial passa por mutação. Em 2000, quando os organizadores planejavam como seria em Porto Alegre a primeira edição, pensavam em um evento para 3 mil participantes, mas reuniram, em janeiro de 2001, cerca de 20 mil pessoas." Entendeu? Então vamos mudar os personagens: "Uma década depois de ter atacado o Fórum Social Mundia, a RBS passa por mutação. Em 2000, quando os organizadores planejavam como seria em Porto Alegre a primeira edição, Zero Hora viu somente uma oficina e foi o suficiente para afirmar que "É tudo o que reúna mais de três pessoas para abordar algum assunto."
Sétimo - o Fórum não nasceu para alimentar o setor de serviços, nem mesmo, para seu desespero, para servir de pauta à RBS. Portanto, a questão econômica é uma preocupação de quem vê o mundo exclusivamente por este viés.
Oitavo - a RBS e seus funcionários distribuídos estrategicamente, como fez e faz a Cosa Nostra, pelo serviço público, têm seu próprio Fórum. O Fórum da Liberdade, que propõe a liberdade para achincalhar, mentir, roubar e torturar. Basta ver os participam o histórico destas pessoas na história do país e o que continuam dizendo a respeito dos movimentos sociais. É forum dos sonhos da RBS, ao qual não só nunca fez críticas, como sempre apoiou.
Nono - a RBS se acha no direito de cobrar explicações dos organizadores pelo fato de o evento não se concentrar em Porto Alegre, mas não consegue entender que aqui em Porto Alegre o único mundo possível, para ela, é convivermos com os larápios distribuídos com a benção dela pela prefeitura e pelo Piratini.
Décimo - por que insistem em usar a sigla PT para atacar os organizadores do fórum, mas não fala que Yeda "face da corrupção" Crusius é do PSDB e foi sua funcionária. Não põe em letras garafais o partido do Governador Arruda, do Distrito Federal. Por que até hoje a RBS não foi atrás apurar como se deu a morte do representante da Yeda em Brasília, que apareceu boiando no Lago Paranoá. Já passou mais de ano e sequer há um laudo conclusivo. Não é sintomático a união de Yeda & Arruda resulte num cadáver insepulto.

A pergunta que não quer calar: até quando a RBS continuará se lixando para a opinião pública e permanecerá atacando as esquerdas e o movimento social e em contrapartida dando guarida aos corruptos e bandidos do colarinho branco?

http://fichacorrida.wordpress.com/

6 de jan. de 2010

Tragédia Aguda: Yeda afundou o RS

A manchete do site do jornal Zero Hora do grupo RBS tenta fazer Yeda respirar, mas parece que vai afundar com ela: "Yeda - a ponte simplesmente afundou com as pessoas", como quem diz: puxa, afundar, como eu, tudo bem, agora, com as pessoas só pode ser coisa do PT, da Justiça e Polícia Federal. Ainda saindo fumaça do raciocínio espampado em manchete, tascou:
"— A ponte caiu inteira, não houve nenhuma lasca entre o pedaço que estava em pé e o pedaço que se foi. Aquele trecho afundou e com ele foram as pessoas — relata Yeda.
Depois deste diagnóstico da tragédia eu fico a me perguntar, como, do alto de sua vassoura, ela conseguiu ser eleita governadora do estado mais politizado (ah!ah!ah!) do Brasil?
O hilário, que não afundou com a ponte, é que a Yeda foi presenteada com uma manchete bajulante contando o que ouviu, por telefone, do coronel Trindade, que não estava lá quando a ponte caiu. Não estou inventando nada, tá tudo lá no site da empresa que faz o marketing da Yeda. Em outro canto, flagrei e chupei o conluio dos celerados...

Simbiose
A pose para a foto foi ensaiada na RBS?"
A foto é de Jeferson Bernardes, da ZH, o que explica muita coisa a respeito das relações umbilicais entre Yeda & RBS
A pergunta que não quer calar: Yeda foi no helicóptero da RBS, ou a RBS foi no helicóptero da Yeda?
Esta simbiose, entre a RBS & Yeda, para faturar na tragédia é a real tragédia deste Estado.

5 de jan. de 2010

Jornalismo de Alguel

Ávida por todos os lados, a RBS usa Zero Hora para fazer merchandising. Funciona assim, num dia atende seus financiadores ideológicos e critica Chavez, no outro aluga espaço para mesmos venderem seus produtos. Nesta terça, 05/01/2010, ZH veio embalada numa coca: Coca Light dá lugar a versão vitaminada Um detetive de nome Caio Cigana, do alto de seu faro, abre o cavalo-de-tróia: "Está desvendado o enigma do sumiço da Coca-Cola Light". A Pantera-Cor-de- Rosa dos pampas, descobre a "resposta para o mistério" no início do segundo parágrafo: "estratégia mundial da companhia"! É que se poderia chamar de repórter kamikaze.
- Meu pai sempre dizia, quem se vende já recebe mais do vale.
Pois não é que a entrada triunfal no jornalismo da RBS cai bem ao pimpolho: Caio. Servido e servindo-se de papel de embrulho, Cigana pensa ter ganhou a mega sena acumulada, pensando que os fins justificam os meios.
A outra manchete parecia anunciar um remake da Guerra dos Mundos, na visão guasca: A escalação do Planeta. Pensei cá com meu botões, ou será um novo filme, ou mais um time para o gauchão que se aproxima. Fui ver a escalação é só tem perna-de-pau. Gravei mesmo foi a chave de ouro: "O Planeta Atlântida tem patrocínio de Pepsi, Nova Schin, Renner, Vivo e Dakota."
Todos os anos a mesma márcara de hipocrisia ganho espaço na RBS. Todos os veículos do grupo se lixam para nosso direito constitucional de acesso à informação com qualidade para fomentarem o consumo de álcool.
Matéria do JB de ontem, afirma que Acidentes deixam 455 mortos nas rodovias federais durante feriados. O álcool fez parte da escalação da tragédia.
Álcool e coca, dentre outros males da RBS são!

3 de jan. de 2010

O Nariz dos Sirotsky

No jornalismo chamam nariz de cera aquela conversa fiada introdutória que, no fundo, escamoteia as reais intenções. Um texto típico dos salafrários da RBS saiu neste domingo, 03/01/2009, no pasquim do grupo Com ajuda do inimigo. Elucidativo é a chave de ouro: "– Hoje, é muito custoso no país discordar do presidente Uribe." De fato, na Colômbia, quem discorda de Uribe paga um custo muito alto. Talvez por isso, mesmo distante, a RBS acaba concordando com ele...
E para não deixar dúvida de onde vem o otimismo, a RBS escancara:- ataque militar! São as origens que não deixam o grupo RBS esquecer de onde vem sua força.
Esse pessoal da RBS deve estar consumindo de graça o principal produto colombiano. E, na deteriorização do original, vai um nariz de cera mesmo...
Aí eu vou para os jornais colombianos e não encontro o mesmo apoio. Sem o mesmo entusiasmo da RBS, os jornais colombianos preferem registrar as mortes violentas neste início de ano, como o Q'hubo de Medellin.
Ao contrário da RBS, o cotidano El Tiempo de Bogotá preferiu se preocupar, em editorial, com a qualidade da democracia no ano eleitoral de 2010.El Tiempo.

2 de jan. de 2010

Ignorância em Estado Bruto


Autobiografia de Casoy
Baixou o espírito Rúbens Ricúpero na dupla Boris Casoy e Joelmir Beting. E a razão? Constataram que cada vez que atacavam o Governo Federal, Lula ganhava mais um ponto em credibilidade. O jeito foi partir para cima de quem Lula defende, os pobres. E aí sobrou para dois garis, simplesmente porque desejaram um Feliz 2010. A humilhação dos garis, via satélite funciona como uma espécie de cartão de apresentação da famiglia Saad, que dirige a Rede Bandalha, onde Casoy & Beting dão expediente. Casoy não foi escolhido pela Band por suas credenciais jornalísticas, mas por ser um senhor boçal, de bons serviços prestados aos representantes do atraso. Defensor incansável de energúmenos, Casoy expôs sua biografia em estado bruto para quem quisesse ver e guardar seu retrato mais bem acabado. Ninguém conseguiria traçar um perfil melhor, mesmo autorizado, de Boris Casoy. Depois dessa, continuar permitindo a entrada diária de Boris Casoy no nossos lares, sim, será uma vergonha!

Autorretrato da Mídia Brasileira