28 de jul. de 2004

Cândido ou idiotismo?!

Questão de dias, apareceu na imprensa matéria que tratava de um pedido de indenização por "ato libidinoso diferente da conjunção carnal". O sujeito tinha participado de uma suruba, que ele eufemisticamente denominou de um simples "sexo grupal". Bebeu umas e outras e, ao cabo, fez jurisprudência que "de bêbado não tem dono".
Crime perfeito, objeto contundente, sem reconstituição, sugere uma segunda opinião.
O sujeito perdeu uma boa oportunidade de se "currar" calado, não é não?!
Agora ninguém menos que o Diretor de Política Monetária do Banco Central aparece com as calças na mão, ou, já que se trata de banco, com a mão na botija. Ao invés de sair à francesa, arria e senta. Com manguaba, só no relho.
Seu Candiota, até ontem também augusto, afirmou que foi vítima da ''libertinagem de imprensa''. Ué, o sujeito participa de um suruba financeira, leva pau e depois quer dar prá traz!
Evasão fiscal, seu Luiz Augusto Candiota, assim como sonegação, não pega bem para um Diretor de Política Monetária de um Banco Central, mesmo em um país em constante suruba financeira como o Brasil dos lulistas desvairados. Pega mal, mas pagam bem...
Não poderia ser diferente, já que o Dr Pangloss do Planalto também acha seu mundo, depois que trocou a porta das fábricas pelo Planalto, o melhor dos mundos.
Tudo isso prova que o grande profeta francês não era Nostradamus, mas mais anticlerical dos escritores, Voltaire. A prova provada está na personagem de seu livro Cândido ou o otimismo, o Dr. Pangloss. Este não parece o retrato pronto e acabado da constelação petista!?

PS. A Ministra Dilma Russef ou é um proxeneta de olheiras ou uma porcelana de presépio. A licitação para vender os poços de petróleo já descobertos pela Petrobras é de uma imbecilidade que extrapola sua triste figura.



Mordaça Petista

O título é uma empulhação, pois a mordaça não atende apenas aos interesses dos governistas de plantão. Atende aos anteriores e aos próximos. Acima de tudo, atende aos corruptos de sempre, de Maluf a Waldomiro Diniz. O título é uma empulhação, já que não atende somente aos interesses petistas, mas é em homenagem à empulhação petista.
A mordaça, filha direta e direta da ditadura, ganhou fôlego no governo FHC mas vai ser parida, mesmo que a fórceps, na democracia petista. Tudo porque os grampos telefônicos mostram a democracia dos plantonistas governamentais no uso do erário. Não querem só impedir, também querem punir com prisão. Quatro anos para quem divulgar grampo telefônico. Tudo bem se desse quatro anos para quem conduzisse cachorro em carro oficial...
Vejam que incongruência. Lula leva a cadelinha Michelle passear de carro oficial e não acontece nada. José Dirceu convive e alça a negociador do governo no congresso com ninguém menos que Waldomiro Diniz. E não o indicou por ouvir falar, eram amigos, teúdos e manteúdos. E como Dirceu e Lula podem dizer o que não pode ser divulgado se mesmo em quinze anos não conseguem distinguir amigo de larápio?
O governo se preocupa com a gravação e a divulgação de falcatruas mas não se preocupa com as falcatruas. É o típico interessado no acessório que esquece o principal. Quer prova? Veja-se o caso do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: Banqueiro em Boston, gastou 887 mil reais para conseguir 187 mil votos. Deu domicílio eleitoral em Goiás, mas, para fins de imposto de renda, continuou em Boston. É ou não um governo de Boston!
Bons tempos os dos romanos, pois até a mulher de César não bastava ser honesta, também tinha de parecer que era. Hoje não, ser ou não ser não é mais questão. A questão é esconder ou não esconder. O resto é conversa mole de deslumbrado de plantão.


25 de jul. de 2004

Troféu Lorando Lero

"Políticas cuja amplitude transcenda os partidos como sujeitos de "oposição" ou "situação", mas que coesionem grupos de opinião e quadros políticos, inclusive aqueles que, na disputa interna do governo FHC, foram derrotados por um posicionamento que se recusa a ver que, atrás dos números, existem pessoas."
Tarso Genro, Ministro da Educação do Governo Lula

 

23 de jul. de 2004

Porca Tróia


          Tróia está em moda, não por causa do filme, mas por causa do Brad Pitt. Um merece o outro. Um filme com fundo histórico, paradigmático para a humanidade, foi pasteurizado por Hollywood de tal forma que a personagem principal são os efeitos especiais. Vai-se ver o filme apenas para conferir a eficácia dos efeitos. Nada de História, drama humano, comédia ou seja lá o que for. O espectador que pensa, pensa em como se processaram os efeitos especiais. Há uma expressão italiana  que, após a interpretação holywoodiana,  passou a fazer sentido: "porca troia - Insulto di natura storico-mitologica. porca troia. donna di facili costumi e di facili trombate. porcamaremmabufaiola. oh perbacco." 
          Mas Tróia também lembra as tragédias como só os gregos sabiam conceber. Não só "As Troianas", mas também "Hécuba", ambas de Eurípedes. E para introduzir o assunto, nada melhor do que a peça trata dos preparativos da guerra de Tróia: "Efigênia em Áulis", também de Eurípedes! O sacrifício da filha de Agamenão com Clitemnestra para conseguir ventos favoráveis,  atraída do seio da família em virtude de promessa de casamento com nada menos que Aquiles, serve de meio na busca de vingança pelo rapto de Helena.
           Há algo de terrivelmente incongruente nisso tudo. Primeiro porque sacrificar uma moça para buscar vingança ou, na melhor das hipóteses, resgatar outra, não parece ser lá um "ganho" considerável. Segundo porque demonstra que os fins justificam os meios. E desde lá parece ser sempre assim. Dá um boi para não entrar na confusão e uma boiada para não sair. Um um carneiro preto, uma galinha preta, sei lá...
          Os gregos, na época em que a peça foi escrita, não mais faziam sacrifícios humanos. Pelo menos para comover os deuses. Aquele da peça teria ocorrido oitocentos anos antes. 
          Quando Alexandre ainda não era magno, pois apenas iniciava suas façanhas pelo norte da Macedônia, contra os bárbaros da atual Hungria e Romênia, lê-se que um daqueles reis sacrificou jovens para que os deuses o favorecessem na luta contra Alexandre.
          Tirando as Guerras, em que o sacrifício é generalizado, os rituais de sacrifícios humanos para obtenção de determinado fim virou caso de polícia.
          Bem, mas ainda há quem acredita no sacrifício. Seja de galinhas, bodes ou gatos. No Norte brasileiro e no Paraná, meninos sacrificados ou castrados em rituais de magia. Na Argentina, questão de um ano, houve algo semelhante. Dizem que era de magia negra, mas quem fazia eram brancos. Negros, brancos, amarelos, pardos ou vermelhos, não importa. 
          São sacrifícios, cerimônias-meios, pois não têm um fim em si mesmos. Sempre almejam alcançar algo mais, fora do ato em si. O retorno do amor ou da amada, a morte do desafeto, a ascensão política e/ou econômica. Na Espanha e em algumas regiões de Santa Catarina, a farra dos bárbaros só acontece se um boi padecer. Trucidar, fazer sofrer um animal é o supra-sumo da alegria. Não se justifica, embora a satisfação seja meramente pessoal, pois não visa outro bem que não a própria catarse.
          Está na hora de se pensar na simbologia, sem sermos tão literais. Imagine-se se a Igreja Católica, ao invés de vinho, servisse o sangue humano nas missas. E de crueldade, desde a Inquisição, ela entende. 
          Como entender que na era da realidade virtual um partido político, o PT, e o Governador do Estado, Germano Rigotto, disponham de tempo para aprovar uma lei que libere o sacrifício de animais para fins da Umbanda? A lei só proíbe sacrifício de animais com "requinte de crueldade". A crueldade sem requintes está liberada?


          É simples como o ritual; animais ou ideais hoje são sacrificados pois ambos são meios, mercadorias, postos no balcão da modernidade. Lá como cá, o sacrifício ainda é um meio de recuperar Helenas ou votos! 
          Os homens públicos deveriam saber que  compostura perdida com requintes de boçalidade não há sacrifício que recupere.
          Quem é mais irracional, o homem que sacrifica o ideal ou o animal do ritual?

21 de jul. de 2004

O melhor e o pior

Há um paradoxo clássico, aquele do cretense. Um cretense disse, em Atenas, que todo cretense é mentiroso. E agora, falou a verdade ou mentiu. Se mentiu, então seu paradoxo é correto.
Agora o botocutu de Garanhus, em  Brasília, declara:
- " O melhor do Brasil são os brasileiros".
Eu tenho outro, complementar àquele $logan publicitário, e com os dois pés na realidade:
- O pior do Brasil são os políticos!
O paradoxo é: se o melhor do brasil, que somos nós brasileiros eleitores, escolhemos o pior, então nos somos o melhor!?
Será que o governo tentou um auto elogia: o melhor do Brasil só poderia escolher o melhor, ele?!
Ah! Se fosse assim, não viveríamos num país tão desigual.
Há algo de podre nisso tudo e disso não se pode culpar o povo. O povo até escolhe certo, mas a pessoa certa muda de lado. Daí que...

Padre Padrone

O filme dos irmãos Taviani, Padre Padrone, ganhou a Palma de Ouro em Cannes, em 1977. Baseia-se na obra homônima, e autobiográfica, de Gavino Ledda. Na Itália passam das 17 edições, e no Brasil já ganhou duas: Uma do Círculo do Livro nos anos 80 e agora outra da Berlendis & Vertecchia, onde  faz parte da coleção Letras Italianas.
Livro e filme mostram a tragetória do autor, na Sardenha. Percorre o caminho que o leva da liberação da tirania paterna,  ascendendo de pastor a professor universitário de glotologia. Sem sair da Sardenha.
É quase uma figura mitológica devido à carga arquética de sua história. De algum modo, todos os que se sentem oprimidos por qualquer tipo de poder encontram neles, filme e livro, inspiração e acalanto. Para não dizer esperança.
Lembrei-me deste livro ao ver no nosso governo, que gosta de usar metáforas das relações familiares, um Padre padrone (“Um pai não pode sair castigando o filho sem saber o que aconteceu realmente”, disse Lula). Parole parole, como na canção francesa.
Teríamos de nos transformamos em glotólogos e psicanalistas para desvendar o emaranhado lulista de ser. Veja-se o discurso e a prática.
Logo após a posse, Lula declarou-se "o primeiro servidor público do meu país". No entanto, usa e abusa do chicote, castigando, na esteira do governo Collor, todos os  servidores, ativos ou inativos, jovens ou velhos, bons ou maus. A primeira e grande medida do governo foi exatamente castigar os servidores. A grande reforma ainda continua sendo o achatamento salarial e a desqualificação:
- "Se um cortador de cana tem que trabalhar 60 anos para se aposentar, por que umprofessor universitário se aposenta com 53?", filosofou Lula.
Um presidente que não consegue distinguir, não pode opinar. O que Lula quis dizer? Que a professora deve se aposentar aos 60 anos? (Lula se aposentou aos 42 anos, idem FHC...) Que não vale a pena estudar? Ou que uma cortadora de cana deveria se aposentar antes do 60? Não, Lula capitalizou toda sua ignorância nesta aplicação patronal. É aqui que o pai transforma-se em patrão.
Lula não estava demonstrando preocupação com a situação social da cortadora de cana, tampouco da professora. A tal ponto que equipara situações tão díspares quanto estas. Estava administrando um orçamento, pensando na conta da previdência.
Não houve condescendência com os servidores públicos. Os velhinhos foram às filas, os inativos passaram a contribuir com 11% de seus salários, e os servidores ativos agora precisam completar 60 anos para se aposentarem.
Após ter conseguido "tudo isso", o Padre Padrone se revela. As fraudes na previdência continuam, inclusive na sala ao lado da sua, no Palácio do Planalto.
E agora seu senso de justiça torna-se ainda mais claro: um simples aumento de 0,6% na contribuição patronal foi por terra.
Para cobrar 11% dos inativos transformou-se m Fausto, e agora ajoelha-se diante dos empresários. Padre padrone!
A liberação do discurso petista nos vem pelo domínio de sua linguagem.  O conhecimento liberta.
PT NUNCA MAIS!

15 de jul. de 2004

Maconha legal

No país dos maconheiros, Reforma Agrária não sai do papel, mas poderia sair do colomi. É legal, é constitucional.
A Constituição Federal, a Carta Magna, também apelidada de Constituição Cidadã pelo timoneiro Ulisses Guimarães, dispõe:
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Algo anda embaçando os olhos dos responsáveis pela Reforma Agrária.

Sintonia

O RS é grande porque é unido,diz o slogan que liga o vazio a lugar algum. Que é unido, se havia dúvida, já não paira. Unido ao governo federal. Ambos vivem em perfeita sintonia, num mènage a trois, com os bancos. No âmbito nacional, os bancos obtem os maiores lucros e pagam menos impostos (54% menos que o ano passado para um lucro maior).
Aqui no RS, a única estatística que favorece a nova "política de segurança pública" é a da diminuição dos assaltos a bancos. Aumenta a violência de um modo geral mas diminuem os assaltos a bancos. É aí que reside a força política de segurança do "novo".
- Haja botox!
No resto, pior que antes no quartel de Abrantes.
A conjunção, não digo carnal, mas monetária, dos governos federal e estadual, deriva da verba de segurança destinada apenas à proteção patrimonial. E nada melhor que um banco para simbolizar patrimônio.
Vejo pela janela um menino sentado no banco da praça e, diante da opção preferencial pelos bancos, me pergunto:
- Quem tem mais futuro, o banco o menino?

12 de jul. de 2004

3 x 4

Enquanto a inflação aumenta na mesma proporção do arrocho salarial, pari passu com o desemprego, os bancos se beneficiam pagando 54% menos impostos em 2004. A matéria da Folha de São Paulo encontra justificativas, mas até aí também Maluf sempre foi convincente nas suas perorações. Tanto é que está solto, fazendo o que faz de melhor: concorrendo!
E para coroar a cafagestice, Lula reclama de quem faz empréstimo no cartão, pois acha que os juros são escorchantes.
Bla-blá-blá, como diria o velho Lobão de guerra!

9 de jul. de 2004

As moscas





Para governos perdidos, reduzir a informalidade é olhar para o próprio umbigo.
Na foto, sentindo o cheiro característico da política brasileira que o cheiro não passa, Lula e Kirchner se perguntam:
- Onde foi que eu pisei!?

7 de jul. de 2004

Des Crédito



Lula, profeta do passado, consciente que os servidores públicos estão com os salários defasados, havia mandado contraírem empréstimos junto aos bancos oficiais, para serem consignados em folha de pagamento. A proposta ganhou capa da Zero Hora, em abril passado. Como se quem contraísse dívidas não precisasse pagar, dando a impressão que empréstimo substitui renda. Aí vem o STJ e decide que o desconto em folha salarial de empréstimo bancário é abusivo, pois atende interesse de natureza distinta. Entende aquela corte que o servidor tem poder de cancelar o desconto em folha.
No mês seguinte, maio de 2004, seguindo a mesma trilha, na mesma linguagem mercantilista, veio com aquela história de "shopping de oportunidades" comerciais com a China.
Agora, julho, quando a campanha está nas ruas, lá vem Lula de novo, dizendo que o "sistema financeiro pratica juros escorchantes". Quer boicote aos cartões de crédito. Bingo. Se fosse assim tão fácil, Lula determinaria juros zero nos bancos oficiais, afinal Banco do Brasil e Caixa continuam sendo federais.
O "cheque azul" da Caixa e o "cheque ouro" do Banco do Brasil continuam cobrando "juros escorchantes". E mesmo os empréstimos consignados em folha, que baixaram para 1,8%, continuam altos, se considerarmos a inflação.

5 de jul. de 2004

Lula Buendía




Deu no New York Times. Lula é filho de Macondo, aquele mundo mágico e ao mesmo tempo sufocante de Gabriel Garcia Márquez. Em Macondo, até as moscas sabem, mudam as bananeiras mas os bananas continuam sendo Buendía. Tal e qual. No Brasil, mudam as moscas e os bananas, e o cheiro continua insuportável.
Será que ainda vamos rir de tudo isso?!