25 de out. de 2005

Corruptos e Chantagistas


Qual a diferença? Nenhuma. Salafrário é salafrário, o resto é política. PSDB/PFL tem corruptos? Tem! O PT copiou tudo, e bem. Pegos pela simploriedade das malhas estendidas, o PT desmanchou-se como lesma no sal. E o PSDB/PFL, "no limite da irresponsabilidade", usando "a minha, a tua, a nossa paciência", cantou de galo acocorados no galinheiro. Acordaram com titica na cabeça. Juntos Arthur Virgílio e Jorge Bornhausen dizem mais infantilidades que todos as crianças dos Jardins de Infância de Porto Alegre antes de chegarem à vida adulta.
A política dá nojo porque os políticos são nojentos. Dizem as maiores imbelicidades, como se fôssemos todos boçais como eles para acreditarmos nos seus discursos vazios de sentido e sentimento. O diz o senhor Jorge Borhausen agora? Caso seja apontado algum corrupto do PFL, vai retaliar. Isto é, "se" denunciares o meu corrupto, então, e só então, denunciarei o teu. Estes são os senhores que fazem as leis que devemos cumprir.
Seriam mais engraçados se cada um dissesse: "Nossos corruptos são mais lindos que os deles."

21 de out. de 2005

Ad referendum



A campanha da turma da bala não tem limites. Agora conseguiram mais um voto. Um, não. Dois. Cuidado, dois malufs soltos. Taí, pelo sim pelo não, o Supremo, instituição que doravante deixa de ser citado na presença de crianças, definiu o que é um "homem de bem". É aquele que tendo roubado a vida toda vira jurisprudência de si mesmo. A decisão foi uma malufada (ou uma baforada na nuca): roube mas não divulgue, em Brasília é uma Variant de "estupre mas não mate".
Como a Emília, se tiver que roubar, só no milhão. Não levarei uma vida Severina desses tantos que enchem as prisões. Se deixam levar por migalhas. Espelhar-me-ei em Maluf. E agora com jurisprudência do pretório excelso. Não por acaso, pretório rima com mictório. E a cacofônica malufada, comcagada.
E para não dizer que não falei de flores, se ter arma é um direito, quero granada. Granada é arma. E também sou um cidadão de bem. Pelo menos de bem com a vida, e para isso não preciso de arma.
Depois que o STF soltou os representantes do "NÃO" deixei de ter medo de armas e passei a ter medo dos "cidadãos de bem".

14 de out. de 2005

VEJA só!

Veja como se faz!
Deu a louca na revista "Veja"?
Pode ser implicância minha, mas estou com a "Veja" entalada na garganta. Com farta lista de serviços prestados ao país, parece que a revista resolveu jogar sua sobriedade pela janela se convertendo em uma louca de Chaillot indócil, que atira para todo o lado e reage com histeria aos fatos que deveria relatar com imparcialidade.
Assino "Veja" há 20 anos, leio a revista de cabo a rabo assim que a recebo e faço parte do grupo que acredita que o governo do PT é um embuste digno da queixa coletiva de 121 milhões de eleitores ao Procon. Mesmo assim, não consigo entender a fúria atual de "Veja". Tome, por exemplo, a capa da semana passada, em que a revista apresentava sete motivos para votar "não" no referendo sobre as armas. Estranha conta, sete. Não existiriam motivos suficientes para arredondar o número para dez? E estranha escolha de motivos. O primeiro deles, de que "os países que proibiram a venda de armas tiveram aumento da criminalidade e da crueldade dos bandidos" não encontra respaldo nos dados fornecidos por países que adotaram políticas de desarmamento, como Japão, Austrália, Holanda e Reino Unido.
Outro motivo apresentado, o de que o desarmamento é "historicamente um dos pilares do totalitarismo", não só tenta vincular de forma sub-reptícia a campanha pelo desarmamento à agenda do PT (sendo que o movimento nasceu na sociedade civil e tomou vulto no governo FHC), como ecoa a ladainha alarmista da direita truculenta.
Um dos argumentos usados por Eurípedes Alcântara, diretor de Redação de "Veja", para explicar a opção da revista pelo "não" foi o de que "um referendo que pergunte ao cidadão se ele quer ter direitos básicos suprimidos não deveria ser proposto jamais. Em sendo, merece apenas uma resposta: não". Ora, se esse é o posicionamento da revista, em vez de oferecer sete motivos para votar "não", não teria sido mais coerente fazer uma capa apontando a inconstitucionalidade do referendo?

"Veja", que se ufana em apontar o dedo para repórteres que recebem iPods de gravadoras, poderia ter sido mais generosa com o leitor ao explicar sua opção pelo "não". Para não deixar dúvidas no ar, por que a revista não nos contou que a empresa à qual pertence paga aluguel de cerca R$ 1 milhão à família Birmann, da construtora homônima, que vem a ser proprietária do prédio que serve de sede da Editora Abril e também, veja só, da CBC, a Companhia Brasileira de Cartuchos?
Folha de São Paulo - 14/10/2005

5 de out. de 2005

Saídas e Bandeiras ou Xixi neles


Por que o ideólogos petistas tem perdido tanto tempo discutindo os "erros" de quem saíram do PT ao invés de se concentraram nos motivos pelos quais houve a debandada. Tanto Flávio Aguiar como Emir Sader, em suas análises no site www.cartamaior.com.br, se enveredaram por uma espécie de perseguição aos que saíram sem uma palavra sequer contra os delúbios e dirceus. O PT já tinha errado nas análises a respeito da derrota eleitoral das prefeituras petistas gaúchas. Erra agora em se preocuparem com quem está saindo ao invés de se concentrarem em sinalizar um norte para os que ficam ou para os que, como eu, mesmo não sendo petistas, sempre estiveram com o PT. Com tudo o que apareceu na gestão do Partido dos Trabalhadores, e considerando que 42% dos petistas que participaram do PED deram aval à prática do Campo Majoritário, como se pode ter esperança dentro do PT? Ao não repudiarem a "filosofia" do Campo Majoritário, a quase metade dos petistas que compareceram nas eleições internas sinalizam que não estão preocupados em corrigir rumos.

Instrumentalizados
Esses colunistas que vêm atacando o PSOL e os ex-petistas por estarem votando com a Direita, esquecem que a Direita está agora empunhando uma bandeira que era do PT. Então, quem mudou? Mudou o PT, que renegou as bandeiras, e mudou a Direita, ao tomar para si as ex-bandeiras petistas. Ou queriam que Heloísa Helena votassem com o PT a Reforma da Previdência?! As esquerdas radicais estariam sendo instrumentalizadas pela Direita. OK. E o governo Lula está sendo instrumentalizado por quem? A política econômica que vem sendo praticada é a mesma da Direita! O superávit primário, é instrumento da Direita!

Servidores Públicos
Cavalgando 52 milhões de votos, o PT tomou uma bandeira histórica da direita, e, para cúmulo, comprou deputados dessa mesma direita (ou o PL e PTB de Roberto Jefferson são de esquerda?!), para desfraldarem o que sempre conduziam, como a Reforma da Previdência e a aprovação dos transgênicos. Além disso, o serviço público assistiu ao assalto das hostes petistas aos cargos em comissão. Não bastasse os cargos que já existiam, criaram mais 2.700 cargos de livre nomeação. O PT tem idéia do que os servidores públicos, que julgavam no PT um partido que vinha para mudar a prática clientelista da máquina pública, pensa a respeito deste aparelhamento?
No campo, a Reforma Agrária não deslanchou. Não se pode dizer o mesmo a respeito do agronegócio e dos transgênicos. A ênfase nas exportações dos produtos agrícolas desmente o Fome Zero: afinal, com tanta gente passando fome aqui faz sentido apoiar uma política de exportação de alimentos?
Com a preocupação exacerbada no superávit fiscal, o governo Lula esqueceu da educação, saúde, moradia e estradas. Para constatar, basta utilizar qualquer um destes serviços.
A única área que o Brasil de fato mudou de inclinação foi a área externa, e acertadamente. Mas aí é fácil, não precisa de dinheiro, basta saliva, o que só prova a ênfase fiscalista do lulismo.

Acerto de Contas
Se tudo isso não é suficiente para abandonar o PT, como perdoar o fato de que o PT deu discurso da moralidade à gangue de pefelistas & de peessedebistas. Como posso perdoar o PT por ser obrigado a agüentar Jorge Bornhausen falando no valérioduto?
Não basta ser PT, tem de ter bandeiras, e as defenderem, à esquerda. Um PT que empunhe bandeiras da Direita, é porque foi cooptado, e, portanto, presta um desserviço à esquerda.

Este texto é uma resposta ao texto do Emir Sader, Entradas, saídas e bandeiras publicado na Agência Carta Maior em 03/10/2005