28 de mar. de 2007

Os 300 picaretas da Abril


Ao Editor de "Grandes Guerras" (Edição 16 - março 2007)

Na onda do filme 300, que no Brasil recebeu o título de "Os 300 de Esparta", algumas revistas de história, com minúscula mesmo (ou deveriam ser chamadas de Estória), exploraram o assunto nas edições de março. O filme deve estrear ainda este mês.

O assunto é interessante, tanto os aspectos históricos como seu reflexo na atualidade, como por exemplo o heroísmo épico, mas também para quem tem no período clássico grego um interesse maior e constante. Estive na Grécia mais de uma vez, leio e releio obras que sobreviveram ao tempo, como os estudiosos atuais, principalmente franceses (Jean-Pierre Vernant, Pierre Vidal-Naquet, Claude Mossé, Jacqueline de Romilly). Há, especificamente sobre a batalha das Termópilas, um bom romance, "Portões de Fogo", de Steven Pressfield, que bebe até se afogar na fonte original, Heródoto, pai da "História".

Mas, se "a guerra é a continuação da política por outros meios", como disse Carl von Clausewitz (Da Guerra), então a revista Grandes Guerras, da famiglia Civita, é busca da perfeita empulhação pelas palavras. Até o americanos sabem, que ‘quando há guerra a maior vítima é a verdade’ (senador americano Hiram Johnson, em 1917). Como se trata de uma "guerra civilizatória" comandada pelo serial killer americano, Bush Jr, a verdade é sim a principal, para ele e para seus comparsas espalhados pelo mundo, a começar pela imprensa tupiniquim. E, tal qual fizeram com a guerra do Vietnã, os americanos tratam de ganhar no imaginário a guerra perdida no campo de batalha. Como nos anos 40, quando Hollywoood se perfila ao lado do atual governo na contra-propaganda, difundindo idéias para ganhar corações e mentes contra aqueles que não se ajoelham ao império. Digamos que Hitler merecia, mas para isso nem havia necessidade de mentir. Saddam Hussein provavelmente foi quase tudo o que diz, mas e daí. E Pinochet? Deste ainda não se disse tudo mas o que se sabe é suficiente, senão para enforcá-lo pelo menos para castrá-lo como se fosse um porco. No entanto, sempre gozou da cumplicidade americana.

Segundo o escritor australiano, Tony Perrottet (Férias Pagãs), a origem da palavra editor tem a ver com os "esportes" praticados no Coliseu. Assim era chamado o diretor das escolas de gladiadores. Mais precisamente, era quem decidia se um lutador ferido seria mais benéfico vivo ou morto. Em lugar privilegiado da arena, fazia o sinal fatídico com o polegar: para cima significa que poderia ainda render algum dinheiro, portanto, valeria a pena gastar na cura dos ferimentos. Polegar para baixo indicava o fim dos rendimentos, mas também o fim dos gastos com aquela "mercadoria", era bananeira que já havia dado cacho. O poder de vida e morte era demasiado popular para ficar nas mãos de subalterno, então os imperadores avocaram o direito de usar o próprio polegar em seu benefício político.

É dentro deste contexto que deve ser lido o "Manual do Soldado; sobrevivendo no Iraque". Pelo título parece aqueles guias de turismo para mochileiros, que, numa livre adaptação, poderia ser traduzido por "como sobreviver no Iraque matando quem aparecer pela frente". Não fosse instrução para um campo de batalha, a orientação para "estar sempre alerta sobre o que se passa nas imediações" não passaria desses livros de auto-ajuda de aeroporto.

Em território alheio, ambos, editor da revista e o comandante dos gladiadores, comungam da idéia de que pode haver não só prazer, desde os tempos do Coliseu, em eliminar, mas também lucro com a eliminação do "suspeito". Gostaria de ler um manual escrito por algum iraquiano: Manual do invadido: como se defender de um ataque covarde. Aliás, a revista Época também entrou no ramo, copydeskando os americanos, ao querer dar sentido a uma expressão fascista: islamo-nazismo. Convenhamos, quem usa uma expressão destas não merece o mínimo respeito e deveria responder judicialmente, até para aprender o real significado das palavras, por tamanha imbecilidade.

Ainda dentro do assunto bélico, lembro de uma passagem de Sun Tzu, o filósofo chinês da guerra. Para demonstrar ao chefe como se deve portar um verdadeiro comandante, reuniu as concubinas do rei e mandou-as perfilar e, em seguida, marchar. As que levaram na brincadeira foram decapitadas, na frente do Imperador, com o argumento de que insubordinação é uma das piores infrações num exército. Quando vejo tantos jornalistas perfilados, cantando o mesmo canto gregoriano dos coronéis eletrônicos, cresce minha convicção na belicosidade dos chefes. Entendo também que, como as concubinas, quem não marchar pela linha do patrão terá a cabeça cortada. Mas, assim como havia os "carrascos voluntários de Hitler, também há os carrascos voluntários do patrão. Querem ver como funciona uma mente macabra: "A lista de supostos leitores célebres é extensa(de Sun Tzu). Vai de Napoleão Bonaparte a Luís Felipe Scolari. Dizem que Hitler o leu. Lula e Mao Tse-Tung, também." Lula entrou nessa como Pilatos no Credo. Quem dera Lula tivesse lido, teria sido mais incisivo na democratização dos meios de comunicação, tratando como algo estratégico para o exercício da liberdade. Também saberia lidar melhor com editores boçais. Como não é assinada, a matéria é um tributo aos "editores" do Coliseu. De onde vem este ódio à verdade na casa dos Civitas?

Na seqüência, o articulista Reinaldo José Lopes, ao tratar das conquistas de Ciro no lado grego, doura a pílula: "Seu domínio trouxe estabilidade, lei e ordem, assim como a possibilidade de tranquilamente fazer comércio, com as vastas regiões do império a leste." Afinal, que importâncias tinham as liberdades da democracia diante da lei e da ordem que propicia o comércio? Alguma diferença com a atual prepotência americana no Iraque? O resenhador provavelmente não leu "Os Persas", do teatrólogo grego Ésquilo, em que a rainha Atossa, incrédula, quer saber de onde vinha o poder que derrotava o poderoso exército persa:

"Atossa - E que rei e senhor lhes serve de cabeça

e comandante de toso os combatentes?

Corifeu - Eles não são escravos de ninguém, nem súditos."

Como não traçar um paralelo entre o poderoso Império Persa sendo derrotado, primeiro nas Termópilas e depois em Salamina, com as derrotas americana primeiro no Vietnã e agora no Iraque. As simetrias quanto às superioridades numéricas dos exércitos não entra em pauta. Os deuses não perdoam a arrogância, a desmedida, dos que pensam e agem como se deuses fossem. Os trezentos de Esparta e seu rei Leônidas ainda podem ser vistos por aí, no Vietnã, em Cuba, no Iraque, na Venezuela... aprontando das suas sobre os prepotentes de todos os tempos. Até no jornalismo, afinal os Blogs desmentiram a maquinação macabra do Globo, Folha & Estadão no episódio da manipulação eleitoral. Como entre os gregos, também por aqui se encontram traidores sequiosos de seus trinta dinheiros. Pois é, então cabe a pergunta: de onde é mesmo que vem o dinheiro que alimenta o ódio dos CIVITAS aos movimentos sociais?

Quando estas revistas se esmeram em taxar o oriente próximo de terrorista e/ou fundamentalista, esquecem do período Inquisitorial da Igreja Católica. E isto foi no Ocidente. O mesmo ocidente que pariu Hitler, Mussolini, Bush. Então, que civilização é esta que, uma vez tendo acabado a Segunda Guerra, lança bombas atômicas sobre cidades para matar exclusivamente milhões de civis? O tráfico negreiro foi oriental? O apartheid que financia a Abril foi no oriente? Quando mesmo foi que os negros americanos se livraram da Ku Klux Kan? A civilização Ocidental produziu, neste hemisfério, ditaduras sangrentas no Chile, na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. E Guantánamo fica onde mesmo? Portanto, comportamento animalesco não é privilégio de nenhuma "civilização". Quando se fala em terrorismo alguém consegue lembrar que Bin Laden é cria dos EUA na luta contra a antiga URSS? Que o ditador Saddam Hussein foi aliado dos EUA contra o Irã? Alguém saberia explicar que "civilização" preservou a cultura greco-latina durante o longo período Medieval ocidental? Aristóteles, Platão ou Luciano teriam sobrevivido se não fossem os árabes?

Para quem gosta do assunto, aí vão algumas obras fundamentais:

Alcibíades ou Os Perigos da Ambição, de Jacqueline de Romilly

Os Pérsas, de Ésquilo

Anabase, de Xenofonte

Da Guerra, de Carl von Clausewitz

História, do Heródoto

Os Portões de Fogo, Steven Pressfield

A Batalha de Salamina, de Barry Strauss

6 comentários:

Anônimo disse...

Bom, uma aula de história fabulosa.
Sobre a filme 'Trezentos' com o ator brasileiro Rodrigo Santoro no papel de Xerxes, rei da Pérsia, é mais um golpe americano para envergonhar o país que um dia foi super-potência. Sobre o ator brasileiro, quem me garante que é ele? O cara passa o filme todo fantasiado, inclusive com a voz, o que poderia nos certificar, modificada eletrônicamente.

Claudinha disse...

A dor maior é ver as famílias Civita e Sirotsky encheram as burras com o dinheiro do governo que tanto desprezam: Banco do Brasil e CEF são grandes anunciantes. E nós sabemos onde dói o calo desta gente: grana. Parassem de anunciar, o que poderia acontecer, hein???
Abraço, companheiro de luta!

Anônimo disse...

Caro Gilmar,

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Abraço do Igor

Anônimo disse...

Como diz aquele ditado: nada se cria, tudo se copia. Nosso presente sendo copiado do passado. Repetem-se erros. Culpa de se adotar paradigmas do tempo das cavernas, que dá o limite do pensar humano. Exemplo? Que maior tradição do que a crença em Deus? Deus do tempo das cavernas, é claro, aquele que tem seus preferidos, tem INIMIGOS (imaginem), que não sabe de nada (dizem que sabem passado presente e futuro, mas não sabe que a sua cria vai tropeçar aí adiante e que está, portanto, condenado eternamente ao inferno. Os defensores dizem que temos liberdade de escolher. Mas esse "Deus" não sabia disso? Convenhamos, o Deus convencional, é um Deus criado pelos humanos com todos os defeitos humanos. Mais originais foram os gregos, onde seus deuses eram super-humanos, com todos os defeitos e qualidades do humanos. Tinham apenas uma diferença, eram [ou são?] eternos).

Anônimo disse...

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