7 de dez. de 2010

La “cultura del pelotazo”

Eu nunca havia entendido direito de onde vinha a presença tão grande da Espanha na América Latina. Claro, havia uma identidade cultural. Mas o dinheiro não tem língua, nem cultura. Nem sequer preconceito. Então, cadê uma boa razão para que empresas espanholas estivessem tão presentes  e tão distintos ramos como Energia, Comunicações, Bancária?

Perguntas, nada mais que perguntas

Puxando os fios pode-se chegar, se não a uma resposta definitiva, pelo menos a algumas boas perguntas. Por exemplo, por que Antônio Britto, ex-governador do RS, ao sair do Piratini, pela porta dos fundos, foi internar-se em clínica na Espanha? Claro, depois achou  uma adequada em Campos do Jordão. Mas antes hibernou na Espanha. O que o levou a escolher a Espanha? Quem financiou a estadia dele pelas terras de Franco e Josemaria Escrivá?

Quando aquela jornalista da Rede Globo descobriu-se grávida do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, foi exilada na Espanha. Por que logo Espanha? Quem financiou a estadia dela lá, já que não produziu matéria que justificasse a permanência da jornalista por lá? Mesmo que fosse apenas para homiziar o filho extra-conjugal do mandalete de plantão, porque logo na Espanha? Miami não seria o destino preferido dos brasileiros da plutocracia? Paris continua uma festa. E Londres?

Isso explica?

Marinho KaneConvém lembrar que a entronização do ex-funcionário da RBS no Palácio Piratini, o vivíssimo agente funerário e dublê de  porta-voz que à noite abria o Jornal Nacional dizendo: “Senhores, trago-vos boas notícias”. E Tancredo já estava morto… Um teatro para garantir a posse de Sarney! Alguém ainda lembra disso?

Pois esse porta-voz implantado no Planalto pela RBS e Rede Globo, no mesmo pacote que incrustou Antônio Carlos Magalhães no Ministério das Comunicações (vide Muito Além do Cidadão Kane…), virou celebridade fúnebre virou o “cavalo do comissário” da RBS. Não podemos esquecer que a primeira grande privatização da era neoliberal iniciada com Collor mas afundada com o prof. Cardoso, foi a CRT – Companhia Rio-grandense de Telecomunicações. Agora adivinhem quem estava por trás, e saiu-se sócio? A RBS, claro. Afinal, quem financia tem preferência na compra, não é mesmo? Nem adiantou o Correio do Povo gritar em primeira página. Eram favas contadas… O braço logístico foi da RBS, mas as burras carregadas de dinheiro, clandestino ou não, eram da estatal espanhola Telefônica! Aqui, com a ajuda dos Gerdau da vida, diziam menos estado, mais privada. A TELEFÔNICA É ESTATAL, da Espanha! Assim como a Telecom Itália, é do Estado Italiano. E por aí segue…

Depois da Telefônica, vieram Santander, BBV e outros bancos espanhóis (que acabaram por assassinar Banespa e Santander por trinta dinheiros…). A proximidade com o “Reino das duas Sicílias” (Palermo é logo ali, ao sul da Espanha) não teria facilitado a entrada dessas empresas? (Um outro parêntesis. No filme Mediterrâneo, o aviador italiano que ao fim da Segunda Guerra encontra numa ilha grega italianos que ainda não sabiam do fim, convida-os a retornar com um argumento infalível: “há uma grande confusão por lá, e muitas oportunidades também”…).

A abertura, e porque não uma suruba financeira, sem regras onde ninguém era de ninguém, facilitou a entrada de empresas como a Parmalat… Tomô!

Na Argentina agora explode mais um escândalo de corrupção estrelado por autoridades da Espanha. Em todos os países da América Latina há algum contencioso contra práticas espanholas de exploração. Só por aí se entende a má-educação do reinol: “¿Por qué no te callas? Calados, somos espoliados. Nossa voz não lhes interessa!

A corrupção é uma via de mão dupla: Corrupto é também quem corrompe, apesar de a imprensa se deter apenas nos corrompidos. Fiquemos de olho nos espanhóis. Nos descendentes de Franco, discípulos de Josemaria Escrivá e na “cultura del pelotazo”.

Leia mais aqui:

El País: - Un gran escándalo de corrupción en Argentina afecta a firmas españolas

La “cultura del pelotazo” - Los mismos personajes (y negocios) que en los 90

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