1 de dez. de 2010

Meu Presídio, Minha Vida

policia_picapauQue a governadora que iria implantar um novo jeito de governar era louca, estava na cara (dela). Além disso, o simples fato de vir chancelada pelo Grupo RBS, que partira a placenta, já era indício suficiente para negar-lhe abrigo no Piratini. Mas os gaúchos somos um povo que comemoramos até derrota em guerra, então, talvez por expiação, escolhemos o que havia de pior para aquele momento. A eleição da ex-funcionária da RBS foi aquilo que Barbara Tuchman chama de Marcha da Insensatez, quando povos e governantes, tendo melhores alternativas, optam pelo pior. Se temos este pendor, pelos menos não somos os únicos.

O diário de bordo da navegante desvairada começa com a queda da escada que levaria da terra firme ao tombadilho. A nova governadora, ao propor um pacote de aumento de impostos, se revelava decrépita por inteiro já antes da posse. Depois vieram as manifestações culturais, com aquela cavalgadura na cultura, e o prêmio pantalha do ano, concedido pelo energúmeno do início das madrugadas.

Todo santo dia havia um(uns) tropeço, nos próprios destroços. O co-piloto escolhido, ao invés de contracenar, gravava as cenas do bas-fonds. Trouxe ao mundo as misérias que de um governo miserável. Para cúmulo de uma cena bem shakesperiana, há cadáveres insepultos, maridos traídos e polícia na encalço. Em ritmo lento, que ainda está tudo meio escuro e a justiça é cega…

São tantas e variadas as barbaridades perpetradas pela ex-governadora há mais tempo em exercício que a Barsa teria de acrescentar novo volume em sua coleção, por isso vou me restringir ao mais recente, mas não menos significativo.

Faltando menos de um mês para ser enxotada, La Loca resolve construir onze novas casas prisionais. Sem orçamento, sem planejamento, sem licitação, sem caráter. Talvez pensando no que a justiça ainda possa decidir, queira ficar um mês por ano em cada casa, e o natal no Central da Vila Maria.  Nenhum outro governador antes talvez tenha planejado, nos estertores da passagem pelo executivo, um futuro tão confortável. Presídio novo!

A prova de que estava construindo em benefício próprio está no fato de que, mesmo que terminasse a construção a tempo, não haveria servidores aptos para fazer funcionar as casas. A menos que ela levasse com ela o entulho que ela foi jogando de seu barco à deriva nesses quatro anos de périplo desgovernado.

As exéquias

Ao dobrar o Cabo da Boa esperança, registra o livro de cabotagem que o Ministério Público abalroou o caíque desgovernado, propondo a suspensão da viagem imobiliária da trânsfuga.

No Réveillon, enquanto os náufragos estiverem recolhendo os destroços, vamos rezar as exéquias pela mais longeva defunta que esteve na proa do RS.

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