9 de dez. de 2010

Llosa, um liberal no soco

Este ano o Prêmio Nobel de política para escritores foi dado ao mais completo imbecil sul-americano, o peruano Mario Vargas Llosa. Para contrabalançar o sucesso dos vários governos de esquerda. Estocolmo adoram ventríloquo sul-americano que se sujeita, em prece maometana. Defensor do mercado e crítico da presença do Estado na economia, teve sua chance no momento em que o conservadorismo nórdico de “olhos azuis” precisa de âncoras, ou capitães de mato, para explorar cucarachas. As constantes críticas a Lula, Chávez e Fidel, pari passo com a defesa dos interesses dos EUA, fizeram dele uma matrioshka ideal para o Nobel. Bonitinho por fora, repetitivo por dentro, à imagem e semelhança dos outorgantes.

 

Bom escritor, péssimo caráter

A globalização não é, por definição, nem boa nem rui: trata-se de uma realidade do nosso tempo, resultante de uma soma de fatores, do desenvolvimento tecnológico e científico, do crescimento das empresas, capitais e mercados e da interdependência que isso foi gerando entre as diversas nações do mundo. Grandes prejuízos e grandes benefícios podem advir dessa progressiva dissolução das barreiras que, antes, mantinham os países confinados em seus próprios territórios e, muitas vezes, em luta aberta com os demais.”

Notem como a globalização é tratada como se fosse um fato da natureza, inexorável. Na globalização de Llosa, não aparece o ser humano. Llosa é tão bom ficcionista que esta, a ficção, entra por suas veias abertas e o domina.

Desde quando os países viviam confinados? Claro, há barreiras geográficas, como os Andes. Mas estes não impediram que Espanha saqueasse Potosi… Para a época, os descobrimentos também foram uma globalização. Assim como foi o domínio do Império Romano. Aliás, o Império Romano criou a Muralha de Adriano, para evitar o saque pelas tribos nórdicas. Os EUA construíram um muro  para impedir a entrada de mexicanos. O que mudou mesmo?

Llosa também quis ser presidente. Felizmente, para os peruanos, perdeu para Fugimori, em 1990. Ruim com Fugimori, pior com Llosa. Então era lá isso opção eleitoral, pensavam os peruanos? Eram farinha do mesmo saco.

Como sabemos, os ano 90 foram pródigos em latino-americanos dispostos a se agachar para Washington por meia dúzia de rapapés. Nunca foram tão fácil governar. O Consenso de Washington era isso, aceitar o destino. E os EUA tinham o mapa.  Era só deixar o governo nas mãos (nem tanto invisíveis) do mercado, abrir as fronteiras que o grande irmão conduziria. A tal ponto que, por sentir-se um devoto, teria direito divino sobre modelo norte-americana, como logo mais se verá.

 

O fauno em seu labirinto

faunoLlosa conquistou o prêmio Nobel com o artigo “Asoma en la región un nuevo racismo: indios contra blancos”, que escreveu a respeito das eleições de Evo Morales, Hugo Chávez  e Ollanta Humala. Llosa quis mostrar que índio não sabe seu lugar. Afinal, como se Llosa tivesse escrito algo sobre o “velho racismo”! Os brancos defenderem os interesses em prejuízo aos índios, tudo muito bem, tudo natural. Racismo é índio querer ser presidente de uma nação majoritariamente indígena, e lutar pela dignidade de sua gente. Não passa pela cachola de Llosa que 80% da população boliviana é indígena? Com uma raciocinadas destas parece mais uma daquelas múmias  peruanas que depois de milênios levanta da cova e saí por aí deitando conversa fora.

A visão de Llosa sobre o mundo parece brotar escapar de um labirinto, por onde andou em círculo, perdida, sem eco.

Llosa, liberal candidato a maior conservador, deve ter pensado que se Menem, Fugimori e FHC podiam, porque não ele então também envergar uma faixa presidencial. E tinha tudo para dar certo. O apoio irrestrito dos Ianques, boa pinta, lábia idem. E querido pelos homens de bem, aqueles que fazem boa figura na frente de uma estante de livros, posam para revistas, leem Veja e professam fé no Instituto Millenium. E assim temos a explicação de porque Llosa ganha Nobel, mas Eduardo Galeano, não!!!!

Sobre o caráter liberal do conservador peruano, que diz preferir as leis do livre mercado (para os outros), basta citar a anedota que abre o livro de Luis Hernández Zaurín, “De cuando Vargas Llosa noqueó a Gabo”.

Em 1976, os dois escritores mais famosos do boom da literatura latino-americana, assistiam à projeção no México do filme La Odisea de los Andes. Ao final da sessão, García Márquez se aproximou de seu colega peruano para cumprimentá-lo e o que recebeu foi um soco na testa que o deixou estirado sem sentido no carpete do teatro.

Esta estupenda pancada que deixou roxo o olho de Gabo, criou, desde então, dezenas de acirrados debates sobre a origem do nocaute.

O escritor Francisco Higartua, que assistiu o evento, explica na suas memórias, Huellas de un desierto, ter trazido um bife para baixar o inchaço do colombiano: ‘Eu estava presente. Foi terrível. Quando nos demos conta, Gabriel estava sentado e Mário se fora. Fui eu quem trouxe o bife para baixar o inchaço do olho de Gabo’.

Antes de nocautear Gabo, Vargas Llosa parece ter dito que: ‘Como te atreves a querer abraçar-me depois do que fizestes a Patrícia em Barcelona?’ Patrícia era, está claro, a esposa de Vargas Llosa.

Alguns cronistas explicam que Vargas Llosa teria abandonado sua família para assediar uma modelo norte-americana lá pelos anos setenta. E Garcia Márquez, tratando de consolar Patrícia, aconselhou-a pedir o divórcio e tomar medidas legais por ‘abandono do lar’.

Sobre o assunto, quando da apresentação de sua novela La Fiesta del Chivo, perguntado sobre o fato, o peruano declarou que era melhor deixar o tema para os historiadores.”

Tradução livre deste ignorante por conta própria.

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