De repente as leis do mercado foram abolidas. Todo mundo tem algo a dizer a respeito da violência no Rio de Janeiro, desde Bolsonaro e seu discurso pré-Idade Média, Marcelo Itajiba e suas milícias, os “chapas-branca” do Lula e os chapados da Globo. E ninguém usa um termo caro ao capitalismo, a lei mais importante depois da Lei da Gravidade, a tal Lei do Mercado. Se o mercado vai, revogam-se as disposições em contrário.
Para começar, sempre que decidi viajar, comprei passagem. Das drogas, só uso as lícitas. Careta? Cada um com seus problemas. Mas acho hipocrisia dantesca culpar apenas os traficantes pela violência que toma conta das cidades, grande e pequenas. Rio de Janeiro, Porto Alegre ou Progresso há violência por que há consumo de drogas. Sim, há violência por outros motivos. Mas a decorrente do tráfico, está nos derrotando.
Dez anos atrás conheci um casal que se encontrou na Pinel, por força de um mesmo fato. OVERDOSE! Classe média alta, com inserção no topo da pirâmide política. Já tivemos governador que gostava de uma farinhada. E nunca mereceu uma matéria especial explicando quem eram seus fornecedores. Se recebia por tele entrega, SEDEX, ou ele mesmo buscava em alguma boca, ou só consumia o que sua polícia apreendia. E no entanto, a imprensa toda sabia. E ninguém nunca publicou nada, nem quando, com síndrome de abstinência, quebrou todo o comitê de campanha.
Quantas festinhas de gente bem nascida é regada com um cardápio de drogas. Nacionais e importadas, perigosas ou quase inocentes, mas todas ilícitas. Uma droga como a maconha, que está mais para remédio que para tóxico, é ilícita. E só chega clandestinamente, junto com armas e todo tipo de violência. Ao consumi-la estás financiando o posto e o entreposto. O plantador, o transportador, o “avião” e aquele que movimenta conta bancária com o pagamento ao “dono” do ponto. Quem distribui vem de locais pobres, miseráveis, mas quem detém o comando mora muito bem, tem conta bancária e tem horror a CPMF. Às vezes, nem toxicômano é.
Quando era bancário, da agência central de Porto Alegre, tinham uma movimentação, em volume de recursos, inferior à agência de Corumbá. Foi aí que vi a importância do sigilo bancário… O tráfico, o traficante, adora sigilo bancário, e detesta CPMF.
“É a economia, idiota!”*
Quem fuma baseado, crack, cheira coca ou injeta outra droga qualquer está financiando a violência. Portanto, é responsável pela violência. As causas da violência não estão no Complexo do Alemão, estão na Zona Sul. Em apartamentos bem mobiliados, com vista panorâmica. O papelote com algumas gramas de coca financiou a compra aquela bala perdida que matou um inocente.
O que já se disse a respeito da “guerra às drogas”, desencadeada pelos EUA, serve para nós, na questão da violência urbana. Afinal, fariam melhor os EUA se fechassem seus portos às drogas, evitasse o consumo interno, do que ocupar com seus exércitos a Colômbia. De nada adianta um base militar na Colômbia se os próprios exército entram no mercado da droga. Está se vendo exatamente isso no Afeganistão. Não adianta querer impedir um miserável de ganhar mais facilmente um bom trocado entregando papelote do que um emprego miserável que mal dá para sobreviver. Tem gente querendo receber, e paga, bem. Então, o negócio é encontrar a mercadoria. Depois de consegui-la, protegê-la, com as armas que a venda das drogas possibilitou que se comprasse. A guerra, a violência, decorre das leis de mercado, da oferta e da procura. Se você procura, acha! Se achar, tem de pagar! Pagando, financia. Simples assim.
É o mercado, idiota!
* "É a economia, idiota!"- frase do assessor de Bill Clinton, o marqueteiro James Carville, usada para explicar que na campanha a economia é que seria relevante.
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