24 de dez. de 2010

Tropa da Elite

 

Que são apoiados pela mídia!Fui assistir o filme Tropa de Elite 2. Muito bem concebido, com ação e história se desenvolvendo com fluência e verossimilhança. E tudo soa muito familiar. Aí é que mora o perigo. Em casa, lendo matéria da BBC Brasil, fiz as conexões da ficção com a realidade e tudo pareceu ainda mais real. Contudo, o filtro para estabelecer o que há de real no filme e suas conexões políticas continua sendo ditado pela mídia. Quem seleciona o que considerado correto e o incorreto, o que é legal ou ilegal, quem presta e quem não presta continua sendo a mídia. E quem silencia sobre determinados aspectos da realidade, de modo que seleciona também o silêncio, continua sendo a mídia. A mídia, como não poderia deixar de ser, continua sendo a mediadora. É um muro que a internet está ajudando a derrubar. O Muro de Berlim da mídia está sendo derrubado pela popularização da internet e a disseminação de vozes independentes. E isso passou a incomodar. A velha mídia apelidou, através de seu representante na política,  os blogs independentes de “blogs sujos”. São os blogs sujos que estão ajudando a limpar a sociedade. E é por isso que o quatrocentão Estadão faz campanha contra blogs.

NET Cabo

Coincidentemente, tanto no filme quanto na BBC, a primeira evidência de uma simbiose entre a ficção e a realidade está na conexão nem sempre explícita entre os problemas da violência e os interesses comerciais envolvidos. Se uma das questões que sobressaem da ocupação da favelas pelo Estado está o fim do “gatonet”, então fica patente que o Estado está agindo em prol de um interesse privado. Não é admissível que num lugar onde a violência decorra da ausência do Estado, o primeiro “serviço” a ser estabelecido seja o incremento da venda de assinatura da NETCABO. E que a mídia que explora este serviço dê-se por satisfeita ao ver seu produto ganhando primazia na comunidade carente.

Guardada as devidas proporções, a incursão do exército americano no Iraque visava localizar armas de destruição em massa. Mas o que se viu a partir do momento que o exército americano conseguiu o controle, foi a incursão dos negócios petrolíferos. O petróleo está para a guerra do Iraque assim como a venda de assinaturas de tv a cabo está para a incursão da polícia nas favelas. No filme isso fica bem claro. Na realidade, pelo que a própria mídia interessa divulga, também.

A Droga da Globo

A Globo, como coprodutora do filme faz questão de deixar seus interesses bem claros. No filme, os programas policialescos das emissoras concorrentes da Globo são detonados. O logotipo da empresa de comunicação apresentado no filme guarda uma semelhança muito grande com o da Record. O governador do Estado do Rio seria o grande responsável pela corrupção. Pode até ser, mas todos sabemos que a Globo conviveu muito bem com governos notoriamente corruptos, mas com Sérgio Cabral as coisas não têm sido nada boas. E Sérgio Cabral não é nenhum petista. Pelo contrário. Não estou dizendo que Cabral não dialoga com a corrupção. Só estou falando das coincidências em que se apoia o jornalismo da Globo.

A criminalização do outro é a tônica. As Organizações Globo estiveram ao lado da ocupação das favelas. Apoiam a matança de “traficantes” mas, que sintomático, aquela que se identifica com Cap. Nascimento não dialoga com Protógenes Queiroz… Será que a Globo apoiaria uma operação para prender consumidores de droga que trafegam pelos corredores da empresa? Afinal, são estes que financiam as armas que os traficantes usam para manter o comércio em paz…

A proibição dos bailes Funk estão dentro do esperado. Diz-se que são eventos de consumo de drogas. Certo. Agora, se fôssemos acabar com eventos onde o consumo de drogas é enorme, porque não acabar com Planeta Atlântida?! Ou Rock In Rio?!

Uma pessoa minimamente informada sabe que muitas festas da chamada Zona Sul não passa de evento de consumo de drogas. Vez que outra vaza que um artista, jogador, cantor ou outro popstar qualquer consumia drogas nos eventos mais refinados. Com quem? E quem levava a droga?

Ah, dizem os entendidos, o problema das drogas é questão de saúde. São pessoas que precisam ser tratadas. Ora, então quando veem alguém com estes “problemas de saúde” por que não levam para clínicas. Não. Levam para suas casas! Trazem para animar festas, dar palestras ou apresentar encontros disso e daquilo. São os mesmos que ocupam espaços generosos nas capas das revistas semanais e nos cadernos ditos culturais.

O Crime é organizado. E os capos também: Instituto Millenium.

Um comentário:

Jean Scharlau disse...

Bravo, Gilmar! E preciso. Essa pussuca das drogas é problemas de todos, mas a maioria faz de conta que não tem nada com isso. E que os seus favoritos, preferidos e escolhidos também não têm. Hipocrisia podre.

Feliz Natal.